Redução da pobreza pode melhorar capacidade cognitiva de crianças

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A distribuição de renda para famílias pobres é uma estratégia que pode beneficiar o desenvolvimento cognitivo de bebês e recém-nascidos. Isso foi demonstrado em um estudo americano publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

O trabalho é o primeiro resultado do projeto Primeiros Anos do Bebê, um estudo em larga escala sobre o efeito da pobreza na cognição infantil. O programa foi criado para avaliar se a melhoria de renda tem realmente impactos diretos na formação das pessoas.

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Ajuda de custo mensal levou à melhoria cognitiva de bebês em famílias de baixa renda (Fonte: Pexels/Dazzle Jam)Ajuda de custo mensal levou à melhoria cognitiva de bebês em famílias de baixa renda (Fonte: Pexels/Dazzle Jam)Fonte:  Pexels 

Os pesquisadores já sabiam da correlação entre pobreza e baixo desempenho escolar. Mas uma relação como essa não implica obrigatoriamente na causalidade dos eventos, ou seja, que um seja a causa do outro.

Distribuição de renda é geralmente feita por governos e voltada para famílias e pessoas carentes. O Brasil é um país que tem tradição nesses programas, com grande destaque para o extinto Bolsa Família, substituído recentemente pelo Auxílio Brasil.

Projeto Primeiros Anos do Bebê

A pesquisa partiu da suposição de que rendas mais baixas levam a níveis mais altos de estresse familiar, e isso prejudica o desenvolvimento do cérebro de uma criança. Para verificar essa hipótese, os responsáveis pelo estudo recrutaram cem grávidas voluntárias.

Residentes de regiões metropolitanas dos Estados Unidos (Nova York, Nova Orleans, Minneapolis-Saint Paul e Omaha) e com ganhos anuais de até 20 mil dólares por ano (pouco mais de 1,6 mil por mês), todas as famílias foram acompanhadas durante um ano inteiro.

As mulheres passaram a receber um pagamento para complementar a renda familiar logo após o nascimento do filho. Os gastos não foram fiscalizados, e poderiam ser feitos da maneira que que elas determinassem.

Metade das voluntárias receberam uma ajuda de custo de 333 dólares por mês (cerca de R$ 1.800), totalizando 4 mil dólares anuais. As demais receberam apenas 20 dólares mensais (quase R$ 108), somando 240 por ano.

Por volta do aniversário de primeiro ano, 435 crianças realizaram um primeiro exame de eletroencefalograma para medir a atividade neural. O número reduzido de exames se deu por conta da pandemia de covid-19, já que foram feitos em julho de 2020.

Consequências da distribuição de renda

Analisando os dados obtidos, os pesquisadores descobriram que crianças de famílias que receberam mais dinheiro tinham mais atividade cerebral em frequências mais altas do que as outras.

Eles especulam que o extra mensal mudou o ambiente doméstico das famílias. A renda previsível e incondicional mostrou ser fundamental para isso. Entretanto, os responsáveis pelo estudo ainda não foram capazes de apontar objetivamente quais mudanças ocorreram.

A extensão da diferença da atividade cerebral entre os dois grupos diferentes impressionou os pesquisadores.

“O fato de termos visto efeitos após apenas um ano realmente fala sobre a notável plasticidade do cérebro em desenvolvimento e sua sensibilidade aos recursos econômicos”, diz a responsável pelo estudo Kimberly Noble à revista News Scientist.

Os pesquisadores pretendem acompanhar o desenvolvimento dessas crianças até os quatro anos de idade. Eles querem ainda entender melhor os fatores biológicos, psicológicos e sociais que influenciam o desenvolvimento do cérebro na primeira infância.

ARTIGO Proceedings of the National Academy of Sciences: doi.org/10.1073/pnas.2115649119

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