'Super bactérias' matam 1,2 milhão de pessoas por ano, mostra estudo

2 min de leitura
Imagem de: 'Super bactérias' matam 1,2 milhão de pessoas por ano, mostra estudo
Imagem: Pexels

Ao menos 1,2 milhão de pessoas morreram em 2019 pela ação direta de bactérias super-resistentes a medicamentos como a penicilina e outros antibióticos. É o que revela um novo estudo publicado na revista científica The Lancet em 19 de janeiro.

O estudo analisou o registro médico de 471 milhões de pessoas. Esse é o primeiro levantamento realizado nessa escala que busca compreender o impacto efetivo que a resistência bacteriana tem no planeta.

Em 2019, bactérias superresistentes foram responsáveis por mais de 1 milhão de mortes no mundo todo (Fonte: Pixabay/qimono)Em 2019, bactérias superresistentes foram responsáveis por mais de 1 milhão de mortes no mundo todo (Fonte: Pixabay/qimono)Fonte:  Pixabay 

O que é resistência bacteriana?

Os resultados reforçam a necessidade de busca por novos antibióticos em todo o planeta. Hoje as fluoroquinolonas e antibióticos ß-lactâmicos (ou seja, carbapenêmicos, cefalosporinas e penicilinas) são os mais usados na primeira linha para terapia empírica de infecções graves.

Entretanto o uso em larga escala e, muitas vezes, descontrolado e irresponsável permite que as bactérias desenvolvam resistência aos tratamentos. Isso acontece porque nenhum antibiótico é 100% eficiente.

As bactérias são seres que se reproduzem de maneira rápida e que estão sempre em mutação. Eventualmente algumas conseguem sobreviver melhor à ação do antibiótico, e passam o seu gene mutante para as futuras gerações. Quando isso é repetido por indefinidas vezes, o medicamento perde efeito.

Análises estatísticas

Dados de mais de 204 países e territórios foram consultados pelos pesquisadores. Para reunir essa quantidade de informação, os cientistas coletaram revisões de literatura, de sistemas hospitalares, de sistemas de vigilância, entre outras fontes.

O próximo desafio foi analisar tudo isso. Um método de modelagem estatística preditiva foi empregado para produzir estimativas em todos os locais estudados — inclusive aquelas com pouca ou nenhuma informação.

Na abordagem adotada, cinco componentes amplos foram levados em consideração, como, por exemplo, o número de mortes envolvidas com a infecção ou proporção de mortes atribuíveis a um único patógeno.

Resultados preocupantes

Com esses componentes os pesquisadores puderam determinar o número total de mortes atribuídas e associadas à infecções resistentes à medicamentos.

No total, quase 5 milhões de mortes estavam associadas aos patógenos super-resistentes. Nesses casos as bactérias não foram o principal motivo do óbito, mas tiveram influência no agravamento do quadro clínico.

O problema foi ainda pior em regiões pobres, como na África Subsaariana e no sudeste asiático, que apresentaram índices de 27,3 e 6,5 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente.

O uso desenfreado de antibióticos é responsável pelo surgimento das superbactérias (Fonte: Pixabay/geralt)O uso desenfreado de antibióticos é responsável pelo surgimento das superbactérias (Fonte: Pixabay/geralt)Fonte:  Pixabay 

Os seis principais microrganismos causadores de doenças foram bactérias das espécies Escherichia coli, seguido por Staphylococcus aureus, Klebsiella pneumoniae, Streptococcus pneumoniae, Acinetobacter baumannii e Pseudomonas aeruginosa, responsáveis por 929 mil óbitos e associadas a outros 3,6 milhões de casos.

Entender as consequências da resistência antimicrobiana e as principais combinações patógeno-medicamento que contribuem para isso é crucial. Essa informação permite uma melhor tomada de decisões nas políticas em saúde pública.

Segundo os autores, existem lacunas de dados em muito lugares, principalmente naqueles onde há grande concentração de renda e pobreza. O estudo contou com colaboração de médicos brasileiros atuantes no hospital da Universidade de São Paulo (USP).

Por isso eles enfatizam a necessidade de expandir a capacidade dos laboratórios de microbiologia e os sistemas de coleta de dados que permitam uma melhora na compreensão dessa importante ameaça à saúde humana.

ARTIGO The Lancet: doi.org/10.1016/S0140-6736(21)02724-0

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.