Um estudo da Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos, concluiu que dormir pouco impacta negativamente a alimentação dos adolescentes.
Nos dias em que dormiram por seis horas e meia, os indivíduos consumiram mais alimentos ricos em carboidratos e adição de açúcar, menos frutas e legumes e mais bebidas açucaradas do que ao manter um padrão de sono saudável.
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As mudanças na alimentação ocorreram principalmente no final da noite, após às 21h. Cientistas veem a alteração como resultado da busca por alimentos que forneçam rápidas explosões de energia, mantendo o indivíduo em atividade até a hora de dormir.
“O que é interessante é que dormir menos não fez com que os adolescentes comessem mais do que seus pares que dormiram saudavelmente, mas dormir menos fez com que os adolescentes comessem mais porcarias”, afirma a autora principal do estudo, Kara Duraccio.
Os pesquisadores estimam que, em um ano letivo, adolescentes que dormem pouco consomem 2kg a mais de açúcar do que se dormissem o recomendado de 8 a 10 horas. São 12 gramas extras por dia, considerando um ano letivo de 180 dias.
Piores hábitos alimentares aumentam o risco de doenças como hipertensão e diabetes; investir em intervenções que aumentem a quantidade e qualidade do sono dos jovens pode auxiliar em sua prevenção.
Pesquisadores estimam que, em um ano letivo de 180 dias, adolescentes que dormem pouco consomem 2 kg a mais de açúcar
Realização do estudo
O estudo analisou os padrões de sono e alimentação de 93 adolescentes saudáveis, com idades entre 14 e 17 anos. Os participantes foram acompanhados por três semanas, durante as quais usaram dispositivos para medir sono e atividade física, preencheram diários de sono e responderam entrevistas relativas à sua alimentação.
Após uma semana de adaptação, os indivíduos iniciaram rotinas de sono restritas, similares às mantidas no período escolar. Durante cinco dias, passaram seis horas e meia por noite na cama, quantidade de sono considerada insuficiente.
Em outro período de cinco dias, passaram nove horas e meia por noite na cama, quantidade considerada saudável. Os participantes foram instruídos a evitar sonecas e a restringir o consumo de energéticos e cafeína durante o estudo.
A quantidade de sono foi analisada em relação aos padrões alimentares dos adolescentes, incluindo sua ingestão calórica, os tipos de alimento consumidos e a carga glicêmica, que indica o impacto do alimento nos níveis de glicose do sangue.
A pesquisa foi realizada em um hospital pediátrico de Cincinnati e apoiada pelos Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos.
Maioria dos adolescentes não dorme o suficiente
Apesar de o sono ser essencial ao desenvolvimento, a maioria dos adolescentes não dorme o suficiente. Segundo a American Academy of Pediatrics, 73% dos estudantes do ensino médio descansam menos do que o recomendado de 8 a 10 horas por noite.
Com a adolescência, há mudanças no ritmo biológico: adolescentes sentem sono mais tarde, o que leva especialistas a defender que as aulas também comecem mais tarde, adaptando seus horários ao ritmo biológico de cada faixa etária.
Esta discussão foi reacendida durante a pandemia. Enquanto algumas pesquisas indicaram aumento nos sintomas de insônia associados à ansiedade, outras mostraram que as aulas remotas possibilitaram que os adolescentes dormissem até mais tarde, se sentindo mais alertas e descansados durante o dia.
Além de aumentar o risco de doenças associadas à má alimentação e maior consumo de açúcar, dormir pouco aumenta o risco de doenças mentais, de baixo desempenho acadêmico e de problemas comportamentais, e é um hábito que deve ser reavaliado.
“É da natureza humana pensar que quando temos uma longa lista de coisas a fazer, o sono deve ser a primeira coisa a ir ou a coisa mais fácil de cortar. Não reconhecemos que dormir o suficiente ajuda a realizar melhor sua lista de afazeres", alerta Duraccio.
ARTIGO Sleep: doi.org/10.1093/sleep/zsab269
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