Peste suína africana: uma outra pandemia que se espalha entre os animais

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Imagem: Kansas State University/Flickr

Imaginem o seguinte cenário: uma doença para a qual não existe vacina mata indivíduos em várias regiões da China. Sem que os cientistas locais consigam controlá-la, a enfermidade se espalha, chegando a outros lugares do planeta. Em um mundo globalizado, não há como parar a disseminação do vírus, e ele chega aos EUA. Embora real, essa não é a história da covid-19, mas da nova pandemia global: a peste suína africana (PSA).

A chegada da doença animal devastadora em solo norte-americano ocorreu no dia 24 de setembro passado. Depois que autoridades costeiras de Porto Rico detiveram seis imigrantes dominicanos ilegais, foram detectados restos de mortadela embrulhada em um plástico e latas de salsicha. A República Dominicana registrou a ocorrência da PSA em seus rebanhos no dia 29 de julho, através de uma notificação à Organização Mundial da Saúde Animal (OIE).

No dia 14 de outubro, foi a vez do Brasil comunicar à OIE o primeiro caso de PSA clássica no país desde o final de 2019. O caso foi registrado em um animal de produção "caseira" no Ceará pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Minas Gerais. Segundo o Ministério da Agricultura, a doença ocorreu em uma região que não faz parte da zona livre da peste suína no Brasil, onde há restrições para circulação de animais e produtos para as demais áreas.

Peste suína africana

A PSA não gera nenhum tipo de risco para seres humanos, mas é considerada "a doença suína mais temida que existe", segundo a veterinária-chefe do National Pork Producers Council dos EUA, Liz Wagstrom. Responsável pela saúde dos rebanhos de um grupo da indústria que representa 60 mil criadores, a profissional explica à Bloomberg que, tão logo atinge o rebanho, a doença faz os porcos sangrarem e morrerem em no máximo 10 dias.

Embora tenha se disseminado na China, em 2018, a PSA teve sua origem na África Oriental onde um veterinário escocês chamado Robert Eustace Montgomery, a serviço do governo colonial britânico, publicou a primeira descrição da enfermidade, em setembro de 1921. O que torna a PSA uma doença tão avassaladora é o fato de ser tão difícil de erradicar, pois não há remédio nem vacina, e, por outro lado, ~e transmitida com muita facilidade.

Fonte: Navetco/ReproduçãoFonte: Navetco/ReproduçãoFonte:  Navetco 

Soluções para a PSA

Por enquanto, uma das poucas maneiras de controlar a PSA é trágica: o abate em massa dos rebanhos de suíno afetados. Nesse sentido, a República Dominicana já descartou mais de 65,7 mil porcos neste ano, para não ter que repetir o ano de 1970, quando eliminou todo o seu estoque de suínos: 1,4 milhão de animais. A China tem tentado controlar vários surtos da doença, mas teve que extinguir quase metade do seu numeroso rebanho.

Pegando uma "carona" nos avanços da indústria de vacinas ocorridos durante a pandemia de covid-19, uma equipe multinacional liderada por cientistas do Serviço de Pesquisa Agrícola do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) anunciou, há duas semanas, uma candidata à vacina. Fabricada com uma versão atenuada do Asfivírus (com um gene chave excluído), o imunizante está sendo desenvolvido por uma empresa vietnamita chamada Navetco.

Os testes iniciais da vacina se mostraram "promissores", segundo o USDA.

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