Casos de depressão e ansiedade cresceram mais de 25% com pandemia de covid

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Não é uma novidade que a pandemia de covid-19 trouxe alterações que vão além de mudanças em nossa rotina. Os impactos diretos da doença na saúde emocional das pessoas é o destaque de um estudo publicado no The Lancet, periódico científico de grande relevância, e que destaca o aumento de casos de depressão e ansiedade.

De acordo com a pesquisa, publicada na última sexta-feira (8), foram registrados números expressivos dessas duas doenças em 2020. Foram cerca de 76 milhões de novos casos de ansiedade e 53 milhões de registros de depressão em todo o mundo. Esses números representam uma alta de 26% e 28% respectivamente para o período analisado.

O estudo também destacou a correlação entre a covid-19 e o aumento da ocorrência dessas doenças. Os países que mais sofreram coma a pandemia foram também os que apresentaram maior participação nos índices. A pesquisa revelou que jovens e mulheres foram os mais afetados.

Como foi realizado o estudo

Depressão e ansiedade afetam mais mulheres e jovens. (Fonte: Pexels)Depressão e ansiedade afetam mais mulheres e jovens. (Fonte: Pexels)Fonte:  Pexels 

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores fizeram uma revisão sistemática de toda a literatura para encontrar dados de pesquisa populacional que foram publicados entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021. O objetivo era exatamente avaliar os impactos globais da pandemia no aumento de transtornos de ansiedade e depressão, separando a carga por sexo, idade e localização. Cerca de 204 países foram identificados nesse estudo.

A pesquisa utilizou ferramentas de meta-análise para criar uma estimativa de como as mudanças na rotina tivera um impacto em cada população. O estudo levou em conta diversos indicadores específicos para compreender a prevalência desses distúrbios em cada grupo e os resultados, embora chocantes, não são tão surpreendentes.

Se o mundo não tivesse enfrentado a pandemia em 2020, estima-se que cerca de 193 milhões de diagnósticos de depressão teriam sido registrados (2.471 por 100 mil habitantes) nesse ano. Contudo, a análise revelou que esse índice subiu 28% acima do esperado, afetando aproximadamente 246 milhões de pessoas em todo o globo (aumento de 53 milhões de novos casos).

Um quadro semelhante pode ser desenhado para os distúrbios de ansiedade. As estimativas indicavam 298 milhões de casos, mas a pandemia elevou esses índices em 26%, afetando 374 milhões de pessoas. Dos 76 milhões de casos a mais, cerca de 52 milhões aconteceram em mulheres.

Maior impacto sobre mulheres e jovens

Ao perceber que você está lutando com algum desses distúrbios, procure ajuda especializada o quanto antes. (Fonte: Pexels)Ao perceber que você está lutando com algum desses distúrbios, procure ajuda especializada o quanto antes. (Fonte: Pexels)Fonte:  Pexels 

De acordo com psicóloga Karen Scavacini, da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS), em entrevista para a CNN Brasil, existe uma série de fatores que favorecem a ocorrência desses distúrbios em mulheres. A necessidade de mediar os conflitos na família, o aumento nos casos de violência doméstica e a sobrecarga no trabalho são apenas alguns deles.

O abuso de bebidas alcoólicas também é indicado pela psicóloga como um dos fatores que levou ao aumento desses distúrbios entre mulheres e jovens. A consequência disso foi a elevação na ocorrência de agressões domésticas durante a pandemia, que cresceu significativamente em 2020.

No caso dos jovens, o isolamento social e o uso exacerbado das redes sociais foram as principais causas do aumento de depressão e ansiedade. De acordo com um estudo realizado pelo Conjuve, o Conselho Nacional da Juventude, seis em cada dez jovens alegaram estar sentindo algum tipo de ansiedade, exaustão, cansaço, insônia ou distúrbio de peso.

Para todos os casos, o recomendado é procurar ajuda especializada para diminuir os efeitos que essas doenças podem trazer para o organismo. Para colaborar na busca, Scavacini criou um portal batizado de Mapa da Saúde Mental. O objetivo é listar os locais que disponibilizam esse tipo de tratamento, incluindo lugares que oferecem serviços gratuitos ou de preço mais acessível.

ARTIGO The Lancet: doi.org/10.1016/S0140-6736(21)02143-7

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