Via Láctea tem um 'braço quebrado' que pode revelar sua história

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Imagem: Fonte: jcomp/Freepik.

Cientistas descobriram uma estranha quebra nos braços espirais da nossa galáxia, a Via Láctea, que pode ser capaz de nos revelar mais sobre sua história. Um estudo da estranha quebra, localizada no Braço de Sagitário, tem como base a pesquisa feita pela equipe do Jet Propulsion Laboratory (JPL), da NASA, e foi publicado na edição de julho de 2021 da revista científica Astronomy and Astrophysics.

O artigo descreve o agrupamento de estrelas jovens e regiões gasosas como "uma lasca saindo de uma prancha de madeira" — um braço que teria se desprendido das espirais da Via Láctea.

Via lácteaIlustração mostra os braços da Via Láctea (créditos: NASA/JPL-Caltech/R. Hurt - SSC/Caltech)

Para os pesquisadores, encontrar essa característica foi uma façanha, já que Terra está dentro da galáxia estudada. Eles rastrearam a região usando as câmeras infravermelhas do Telescópio Espacial Spitzer da NASA (antes de o observatório encerrar as atividades, em janeiro de 2020) e dados da missão Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), que mede distâncias e movimentos estelares.

O novo estudo se concentrou em uma região próxima a um dos braços da Via Láctea, chamada de Braço de Sagitário – o lar dos famosos "Pilares da Criação", aglomerados de gases e poeira a quase 7.000 anos-luz da Terra, que fazem parte da Nebulosa da Águia.

Os "Pilares da Criação", em imagem do telescópio HubbleOs "Pilares da Criação", em imagem do telescópio HubbleFonte:  NASA/Reprodução 

Com os dados do telescópio e da missão Gaia combinados, foi possível perceber que Sagitário está cheio de estrelas jovens que se movem no espaço, quase com a mesma velocidade e direção.

“Uma propriedade-chave dos braços espirais é a força com que eles enrolam em torno de uma galáxia”, explicou Michael Kuhn, astrofísico do Instituto de Tecnologia da Califórnia e principal autor do novo artigo, no comunicado do JPL sobre o estudo.

Kuhn acrescentou que os modelos anteriores da Via Láctea sugeriam que o enrolamento – medido pelo "ângulo de inclinação" em comparação com um círculo perfeito a 0 graus – de Sagitário era de aproximadamente 12 graus. As novas observações, no entanto, mostram que o ângulo de inclinação do braço é de quase 60 graus. Mas o porquê dessa inclinação existir segue um mistério.

Descobrindo a história da Via Láctea

Um detalhe do grupo de estrelas jovens e nuvens de gás na Via Láctea, se projetando como um braço quebrado de 3.000 anos-luz de comprimento, segundo o novo estudo. A região abriga as nebulosas Águia, Ômega, Trífida e LagoaUm detalhe do grupo de estrelas jovens e nuvens de gás na Via Láctea, se projetando como um braço quebrado de 3.000 anos-luz de comprimento, segundo o novo estudo. A região abriga as nebulosas Águia, Ômega, Trífida e LagoaFonte:  NASA/JPL-Caltech/Reprodução. 

Astrônomos ainda estão tentando descobrir como e porque os braços das galáxias se formam, e, segundo o JPL, o novo estudo pode fornecer algumas pistas: como as estrelas da característica recém-descoberta foram formadas na mesma hora e zona, elas provavelmente foram influenciadas por mudanças maiores que aconteciam na Via Láctea. Essas mudanças incluem a gravidade e o cisalhamento associados à rotação da galáxia.

"Esta estrutura é um pequeno pedaço da Via Láctea, mas pode nos dizer algo significativo sobre a galáxia como um todo", explicou o coautor Robert Benjamin, astrofísico da Universidade de Wisconsin-Whitewater (nos Estados Unidos), no mesmo comunicado. Precisaremos aguardar que novos estudos do braço sejam feitos para descobrir mais sobre nossa galáxia e, possivelmente, sobre nós.

ARTIGO Astronomy and Astrophysics: doi.org/10.1051/0004-6361/202141198

Fontes

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