Impulsionada pela pandemia, pesquisa científica médica cresce no Brasil

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Durante a pandemia do coronavírus SARS-CoV-2, a produção científica médica experimentou um crescimento sem precedentes em 2020. A chegada da doença impulsionou o aumento na pesquisa, que no Brasil superou até mesmo a média mundial.

Esse pode ser considerado um impacto positivo – se é que podemos dizer isso – da covid-19 no meio científico.

O levantamento foi realizado pelo Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa, ligado ao hospital paulista de mesmo nome, que utilizou como fonte a plataforma Scopus da Elsevier, gigante das publicações científicas.

Foi constatado que houve um crescimento mundial de 12,2% em publicações de artigos em revistas indexadas no ano passado. No Brasil, esse aumento foi de 24,6%.

A produção científica médica no Brasil cresceu 24,6% em 2020 (Fonte: Pexels)A produção científica médica no Brasil cresceu 24,6% em 2020 (Fonte: Pexels)Fonte:  Pexels 

Em números absolutos, o Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa revelou que foram publicados mais de 2.762.308 artigos científicos em 2020 – considerando todas as áreas.

Os artigos relacionados somente ao campo da medicina (não necessariamente sobre a covid-19) tiveram um aumento de 19,4%. Isso representa um total de 764.408 a mais publicados entre os anos de 2019 e 2020.

O Brasil teve uma grande participação nesse crescimento. O país experimentou um aumento de 24,6% nas publicações de 2020 quando comparado ao ano anterior, totalizando 21.480 artigos.

Para efeito de comparação, nesse mesmo período os Estados Unidos cresceram 14,8% na quantidade de artigos publicados.

Momento único da ciência nacional

Comentando os bons resultados, Luiz Fernando Lima Reis, diretor do Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa, comemora o bom momento da ciência no país: “Tivemos no Brasil um momento único na história da ciência nacional”.

O diretor também deixa claro a correlação entre esse crescimento e a chegada da doença: “As pesquisas clínicas que atestaram a eficácia e segurança das vacinas contra covid-19 foram uma importante alavanca, assim como a demanda urgente por conhecimento que pudesse ser transformado em cuidado.”

Motivos que incentivaram o crescimento

Além da pandemia, outros fatores podem ser considerados importantes para explicar esse crescimento na pesquisa científica no Brasil. De acordo com a gerente de pesquisa do Hospital Sírio-Libanês e coordenadora do laboratório de Oncologia Molecular, Anamaria Aranha Camargo, podemos destacar:

  • A mobilização de recursos públicos e privados
  • E a agilidade regulatória (que acelerou a aprovação das pesquisas nacionais)

Camargo comenta que a iniciativa privada compreendeu a gravidade sem precedentes da situação e tratou de deixar nas mãos dos cientistas os insumos necessários para contribuir com opções de tratamentos para preservação da vida.

O Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa também experimentou um crescimento em sua produção científica na área médica. Entre os anos de 2019 e 2020, houve um aumento de 57,6% na publicação de artigos, com um total de 271 registros da instituição.

Se levarmos em conta todas as áreas do conhecimento, foram publicados 369 artigos – crescimento de 62% no comparativo ano a ano.

Trabalho colaborativo é o destaque

A colaboração entre diversas instituições e cientistas ajudou na conquista dos resultados. (Fonte: Pexels)A colaboração entre diversas instituições e cientistas ajudou na conquista dos resultados. (Fonte: Pexels)Fonte:  Pexels 

Além dos fatores mencionados por Camargo, o trabalho colaborativo poderia ser citado como outro aspecto importante para esse crescimento. “O sentido claro de urgência para se obter o mais rápido possível conhecimento científico que ajudasse a controlar a pandemia e a tratar os pacientes foi o que motivou vários projetos colaborativos”, diz Luiz Fernando Lima Reis.

Um dos exemplos mais marcantes foi a Coalizão Covid-19 Brasil, uma iniciativa que conduziu análises com diferentes populações de pacientes que foram infectados pelo coronavírus.

Nessa aliança, instituições como Hospital Sírio-Libanês, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, HCor, Hospital Israelita Albert Einstein, Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet) e a Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) tiveram participação.

“O avanço da ciência no Brasil em 2020 foi um marco que poderá mudar o cenário dessa área no país, uma vez que o mundo pode testemunhar a nossa excelência”, finaliza Luiz Fernando Lima Reis.

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