Civilização tipo 1: por que temos pouco tempo para nos tornar uma?

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Imagem: Fonte: Pixabay.

O astrônomo soviético Nikolai Kardashev criou, em 1964, a Escala de Kardashev. Ela mede o quão avançada é uma civilização de acordo com quanta energia ela é capaz de aproveitar. Para Alex Beyman, autor especializado em Ciência, não há muito tempo para nos tornarmos uma civilização do tipo 1 da escala – que aproveita 100% da energia acessível de seu próprio planeta. Caso contrário, as previsões não são nada animadoras. As declarações foram feitas no site Medium Predict.

Precisamos trabalhar como civilização pela eficiência energética global.Precisamos trabalhar como civilização pela eficiência energética global.Fonte:  Pixabay 

Segundo a escala Kardashev, o tipo 2 de civilização aproveitou 100% da energia acessível em seu sistema solar e o tipo 3 aproveitou 100% da energia acessível em sua galáxia. Não existe um tipo 4 oficial, mas Beyman acredita que uma civilização possa aproveitar 100% da energia acessível no universo; no tipo 5, seria aproveitada toda a energia acessível no multiverso.

Para o escritor, estamos nos preocupando com projetos grandiosos e ambiciosos como colonizar a Lua e Marte, enquanto ainda há muito a ser feito na Terra. "A obtenção do K1 (nível 1 na Escala Kardashev) aqui na Terra otimizaria os recursos do planeta a um grau que nos tornaria mais saudáveis, mais ricos e mais capazes de pagar por projetos espaciais ambiciosos", afirmou Beyman.

O que falta para nos tornarmos uma civilização tipo 1

1. Desenrolar a energia nuclear

Ilustração de um átomo.  Pixabay 

Para Beyman, a energia nuclear é criminalmente subutilizada atualmente. Ele cita a França, que utiliza a energia com segurança em grande escala e a Finlândia, que resolveu os problemas de armazenamento de resíduos. O autor lembra que enfrentar as mudanças climáticas exige um aumento rápido e maciço da capacidade de geração de energia sem carbono ou com carbono neutro – para ele, só podemos conseguir isso com energia nuclear.

2. Domínio da fusão

f  PxHere 

O autor cita a alternativa da fusão como superior à fissão, se formos rápidos. Para ele, assim que a energia de fusão for uma realidade, podemos começar a obter Hélio-3 da superfície lunar.

3. Renováveis quando apropriado

a  Pixabay 

Embora seja verdade, segundo Beyman, que poderíamos fazer tudo com a energia nuclear, se precisássemos, também há boas razões para não fazê-lo – e algumas formas de energia renovável, como hidrelétrica e geotérmica também são ininterruptas, sem necessidade de armazenamento ou desvantagens. Para ele, é interessante o uso de painéis solares de maneira individual, assim, menos reatores precisariam ser construídos, mantidos e, eventualmente, comissionados.

O autor lembra que existem regiões sismicamente instáveis onde a energia nuclear não pode ser usada com segurança e que transmitir eletricidade por longas distâncias torna-se um desperdício rapidamente – o que torna o uso das energias renováveis uma boa opção.

4. Recuperação do deserto

a  Pixabay 

Mudanças climáticas, desmatamento industrial pela indústria madeireira e outros fatores resultaram na desertificação acelerada de regiões que antes eram florestadas. A China restaurou o deserto de Kubuqi, interrompendo o avanço da desertificação e a África fez algo parecido, que pode ser visto no documentário "O Homem que Parou o Deserto".

Entretanto, "a desertificação é uma guerra que está sendo travada em uma escala tão grande que vencer algumas batalhas aqui e ali não vai mudar a maré", disse Beyman.

5. Agricultura oceânica

s  Rob Smith/PxHere 

Para Beyman, usamos o oceano como um grande banheiro para despejar o lixo, e, paradoxalmente, retiramos comida dele com redes de arrasto ecologicamente devastadoras. "Literalmente cagando onde comemos", disse. A perfuração do leito do mar em busca de petróleo, na década de 70, também não ajuda: "acelera as mudanças climáticas e a acidificação oceânica que, junto com o escoamento agrícola, é um dos principais responsáveis pelo branqueamento dos corais", disse.

Beyman acredita que a saída seria a agricultura responsável também nos oceanos, que não são uma superfície agrícola plana como a terra, mas tridimensional. "Se nunca tivéssemos feito essa transição na terra, nossa população hoje não poderia ser um décimo do que é. Quando fizermos a transição no mar, ela irá desbloquear tal abundância de alimentos, que eles serão mais acessíveis do que nunca, antes desse desenvolvimento", afirmou o autor.

6. Mineração oceânica

a  Divemag 

Outro componente dos recursos oceânicos seria a mineração. O Japão começou a explorar o fundo do mar ao redor de sua nação insular ao descobrir que ela era tão rica em minerais de terras raras que poderia suprir o nível atual de demanda mundial por 800 anos. "Claro que essa não é a demanda projetada, que certamente aumentará vertiginosamente, mas ainda assim é uma abundância incrível", disse Beyman.

7. Energia Oceânica

a  Pixabay 

Embora se enquadre nas energias renováveis, ela representa "uma fatia tão desproporcionalmente grande da capacidade de geração ainda não realizada que eu senti pertencer aos outros projetos de desenvolvimento de recursos oceânicos", explicou o escritor. Segundo ele, o aproveitamento do potencial de energia da Corrente do Golfo sozinha forneceria energia a todo o planeta. Energia limpa e ininterrupta também, sem necessidade de armazenamento.

8. Desenvolvimento de recursos antárticos

a  Pixabay 

Segundo Beyman, tudo o que precisamos fazer no mar se aplica igualmente ao último continente intocado: "Isso pode ser ainda mais controverso, devido a um tratado em vigor desde 1959 que proíbe o desenvolvimento comercial de recursos da Antártica, mas esse tratado deve expirar em menos de trinta anos", disse. A Antártica é um alvo valioso, porque há terras sob esse gelo, com densidades pré-industriais de metais preciosos e terras raras, para não falar de carvão ou petróleo.

Por que a urgência?

"A sociedade moderna de alta tecnologia é um castelo construído sobre uma nuvem. Ele fica no topo de uma escada que só conseguimos subir destruindo os degraus abaixo de nós, um por um, durante a subida. Esses degraus eram todas as fontes de energia possíveis de acessar em níveis mais baixos de tecnologia do que os que possuímos agora", explicou Beyman. À medida que subimos de um para o outro, o degrau abaixo de nós se quebra. Por isso quase não há mais carvão de fácil acesso.

Beyman encerra afirmando que o perigo é perder o padrão de vida que temos hoje – mais elevado do que qualquer pessoa antes de nós. "Estamos navegando ao longo de uma bolha, feita de óleo, que está prestes a estourar", alertou o autor. Para ele, se a sociedade desmoronar, nunca seremos capazes de reconstruí-la como ela é hoje – já que esgotamos os níveis mais baixos de combustível. "Resta saber por quanto tempo mais poderemos jogar este jogo perigoso", encerrou.

Fontes

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