Resultados de testes de Covid-19 após vacinas confundem pacientes

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Imagem: Vecteezy/ratridesigns/Reprodução

Na ânsia de levar a vida com antes da pandemia de Covid-19, muita gente tem feito testes para detectar anticorpos contra o novo coronavírus logo depois de ser vacinada. Alerta de spoiler: não adianta nada.

"Eles não vão esclarecer o paciente e podem causar confusão. Quando o resultado dá negativo, a pessoa pode acreditar que a vacina não funcionou nela. Se der positivo, há o risco de abandono das medidas de proteção. Na realidade, nenhuma dessas interpretações está correta", explicou a diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a pediatra Flávia Bravo, à BBC Brasil.

.  Secom Salvador/Igor Santos/Divulgação 

Grosso modo, a vacina é uma maneira de “enganar o sistema imunológico”: ela finge que é a doença para preparar o corpo para quando o vírus verdadeiro chegar. No caso da Covid-19, as vacinas alertam o sistema imunológico contra a proteína S (presente nas espículas do SARS-CoV-2), responsável por ligar o vírus às células humanas e permitir que elas sejam infectadas.

Segundo a SBIm, “mesmo com um resultado positivo para anticorpos contra a proteína S pode não ser possível avaliar se essa resposta do sistema imunológico foi induzida pela vacina ou proveniente de uma infecção prévia pelo vírus”.

Tipos de testes de Covid-19

Assim como a doença, os testes que a detectam são relativamente recentes. Estes são os mais acessíveis:

RT-PCR

Do inglês Reverse-transcriptase Polymerase Chain Reaction, ou Reação em Cadeia da Polimerase com Transcriptase Reversa, ele é o padrão-ouro para o diagnóstico da doença; detecta a presença do RNA do SARS-CoV-2 na amostra analisada.

Testes rápidos

Podem detectar tanto a proteína S como os anticorpos. Como o nome diz, são rápidos e, consequentemente, altamente imprecisos: o Ministério da Saúde determinou que sua taxa de erro chega a 75% para resultados negativos.

Sorologia (Anticorpos neutralizantes)

Em vez do próprio vírus, verifica a resposta imunológica do corpo em relação a ele, detectando os anticorpos IgA, IgM e IgG presentes no sangue.

.  Vecteezy/ratridesigns/Reprodução 

"Esses testes são muito novos e não temos ainda informação suficiente sobre qual é a real aplicabilidade deles", disse à BBC o patologista clínico Carlos Eduardo dos Santos Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial.

O consenso médico é que, mesmo depois da imunização, é preciso ainda usar máscaras, manter o isolamento social e a higienização das mãos. Isso porque a vacina, além de não proteger 100% (nenhuma protege), também precisa de tempo para “acordar” o sistema imunológico – e este leva quase um mês para se preparar.

Defesa inata

Salvo exceções, o ser humano chega ao mundo com a chamada imunidade inata, ou seja, a capacidade de identificar e combater, em questão de minutos, qualquer coisa fora do comum que invada o organismo. Além dessas, o corpo ainda têm duas frentes de batalha: as respostas humoral e celular, ambas levadas a cabo pelos linfócitos.

"A resposta humoral é feita pelos linfócitos B, que entram em contato com partes do agente patogênico e desenvolvem anticorpos conhecidos como IgA, IgG e IgM. A resposta celular, por sua vez, fica a cargo dos linfócitos T", explica o presidente do Comitê Científico da Sociedade Brasileira de Imunologia e pesquisador do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o médico e biofísico João Viola.

Esses dois exércitos de células imunológicas demoram cerca de 20 dias para estar completamente em campo, acionando todas as defesas contra o invasor e comandando dezenas de outras células envolvidas no processo.

.  NIAID/Divulgação 

Os exames citados acima só detectam uma pequena parte do enorme arsenal de defesa do corpo humano. "Por isso, eles não são recomendados nesse contexto pela SBIm e por outras entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA ", diz Flávia Bravo.

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