'Elo perdido' na história do alfabeto é descoberto em Israel

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Imagem: J. Dye/Academia Austríaca de Ciências/Antiquity Publications Ltd.

Arqueólogos trabalhando em uma antiga cidade bíblica em Israel fizeram importante achado em um fragmento de argila, que pode ser o “elo perdido” na história do alfabeto: uma inscrição, que aparenta ser o nome de uma pessoa, foi datada em torno de 1450 a.C., estabelecendo uma nova origem da escrita alfabética nas sociedades levantinas da Idade do Bronze.

Descrita em um estudo publicado na quinta-feira (15) na revista científica Antiquity, a descoberta ocorreu em uma antiga fortificação na região de Tel Lachish, em Israel, onde ficava a cidade de Laquis, que, conforme a Bíblia, foi destruída pelos hebreus quando eles chegaram a Canaã, depois de passar 40 anos no deserto fugindo do Egito.

Segundo o principal autor da pesquisa, o arqueólogo do Instituto Arqueológico Austríaco Felix Höflmayer, essa inscrição datada do século XV a.C. é não apenas “a inscrição alfabética com data segura mais antiga do sul do Levante”, região do Oriente Médio, como também indica um momento na evolução do alfabeto que não era explicado até então.

Locais de surgimento dos alfabetos, o do Egito e o do Levante (Fonte: Antiquity/Reprodução)Locais de surgimento dos alfabetos, o do Egito e o do Levante (Fonte: Antiquity/Reprodução)Fonte:  Antiquity 

Como é o "elo perdido" dos alfabetos?

Por si só, o pequeno objeto não passa de um caco de quatro centímetros de comprimento que deve ter sido parte da borda de uma tigela cipriota importada. Várias letras aparecem escritas em tinta escura na diagonal, do lado interno do fragmento enquanto a parte de fora mostra um padrão angular escuro.

Para os pesquisadores, a maioria das letras inseridas na cerâmica são parecidas com os hieróglifos egípcios, que já existiam há centenas de anos. Essa semelhança permitiu identificar parcialmente a inscrição, que pode significar “escravo”, seguido de parte do nome, que pode ser “néctar” ou “mel”.

De acordo com a pesquisa, a evidência mais antiga de uma escrita alfabética inicial foi encontrada entre os cananeus, uma população de fala semítica que trabalhava em minerações na Península do Sinai, no Egito, por volta de 1982 a.C. a 1802 a.C. A partir daí, essa escrita se espalhou para o Levante, na região mediterrânea oriental da Ásia Ocidental, de onde evoluiu para os alfabetos grego e latino.

Áreas de escavação P e S que continuam sob investigação em Tel Lachish (Fonte: Antiquity/Reprodução) Áreas de escavação P e S que continuam sob investigação em Tel Lachish (Fonte: Antiquity/Reprodução) Fonte:  Antiquity 

A utilização do alfabeto por outras culturas

Höflmayer explicou ao site Live Science que essa proliferação do alfabeto primitivo para o sul do Levante, ocorrida no século XIV ou XIII era considerada uma consequência da dominação egípcia na região naquela época. Mas a análise do fragmento, feita com técnicas de datação por radiocarbono, mostrou que o alfabeto primitivo foi introduzido antes da chegada dos egípcios.

Posteriormente, os gregos também iniciaram o uso de um sistema de alfabeto, seguidos pelos romanos, que criaram o latim. Aos poucos, a utilização de um alfabeto passou a ser comum em várias culturas. No entanto, faltavam evidências entre a introdução do alfabeto na península do Sinai e sua chegada ao Levante, e essa lacuna foi preenchida com essa inscrição descoberta recentemente.

Embora as escavações iniciais no sítio de Tel Lachish tenham se realizado nas décadas de 1970 e 1980, elas foram retomadas em 2017, segundo a pesquisa para “aprofundar a compreensão dos estratos da Idade do Bronze Médio e Final” com uso do radiocarbono. O “elo perdido” foi encontrado em 2018, em um locus anteriormente escavado na região de Sefelá, no centro-sul de Israel.

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