Astrônomos criam projeto para um novo radiotelescópio de Arecibo

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Imagem: University of Central Florida/Divulgação

O colapso do prato do Observatório de Arecibo, em Porto Rico, deixou não apenas a comunidade científica inconsolável como preocupada pela súbita vulnerabilidade do planeta ao choque de asteroides. Por isso, já existe um projeto para a versão 2.0 do mais icônico e importante radiotelescópio empregado na defesa planetária contra ameaças vindas do espaço.

Os destroços do prato do radiotelescópio William E. Gordon não haviam sido recolhidos quando não apenas a equipe científica do observatório como a comunidade astronômica de Arecibo começaram a discutir, no mundo inteiro, sobre o futuro daquele que que, até agora, não tem substituto.

"Quando o radiotelescópio ruiu, houve declarações na mídia como 'Oh, temos outros sistemas que podem substituir o que Arecibo está fazendo', mas não creio que isso seja verdade. Ele não era obsoleto e não será facilmente substituível por outras instalações e instrumentos existentes", disse ao site Space.com astrofísica Anne Virkki, que lidera a equipe de radar planetário do Observatório de Arecibo.

Ocupado

Nos meses seguintes, isso se mostrou verdadeiro: a defesa planetária mudou-se para o Goldstone Deep Space Communications Center, da NASA; porém, enquanto Arecibo era uma instalação voltada para a vigilância e rastreio de asteroides, o observatório da Califórnia faz parte da chamada Deep Space Network, que gerencia os dados enviados pelas espaçonaves espalhadas pelo sistema solar (além de ser usado para fins militares).

Uma das antenas do Observatório Goldstone, que substituiu Arecibo no rastreio de asteroides.Uma das antenas do Observatório Goldstone, que substituiu Arecibo no rastreio de asteroides.Fonte:  Wikimedia Commons/Reprodução 

“A administração do Goldstone não será tão flexível com o agendamento de observações de alvos recentemente descobertos como Arecibo sempre foi. Se você não conseguir captar esses objetos quando eles estiverem na janela de observação, perderá a oportunidade muito rapidamente, o que significa trabalhar com uma incerteza maior sobre as órbitas de asteroides. Isso pode ser a diferença entre uma rocha espacial atingir a Terra e saber que isso não vai acontecer”, disse Vikki.

Há anos Arecibo recebia cada vez menos verbas para reparos e melhorias. Mesmo assim, permanecia como o único capaz de manter a vigilância planetária atualizada e de rastrear, da Terra. a aproximação ameaçadora de asteroides, principalmente os massivos e mais danosos ao planeta.

Antena móvel

Um trabalho assinado por mais de 70 astrônomos e astrofísicos, com especificações sobre como deveria ser o novo radiotelescópio, mostra o chamado Next Generation Arecibo Telescope (NGAT), que sanaria um dos (poucos) defeitos do finado observatório: ter um prato fixo.

O novo prato do radiotelescópio teria dezenas de miniantenas, agrupadas em conjuntos que poderiam ser movidos, ampliando a capacidade de captação de sinais de radar do espaço;O novo prato do radiotelescópio teria dezenas de miniantenas, agrupadas em conjuntos que poderiam ser movidos, ampliando a capacidade de captação de sinais de radar do espaço;Fonte:  arXiv.org/D. Anish Roshi et all 

“O conceito de design do telescópio que sugerimos consiste em um conjunto compacto de antenas fixas em uma estrutura inclinável, com uma área conjunta equivalente a um prato de 300 metros. Ele atende às especificações desejadas e fornece novos recursos científicos significativos para os três grupos de pesquisa [ciências planetárias, ciências espaciais e atmosféricas e astronomia].”

Sistema sem redundância

Mesmo que o governo de Porto Rico tenha liberado US$ 8 milhões para a limpeza do local e a elaboração do projeto de reconstrução, o orçamento estimado para tal ultrapassa os US$ 450 milhões.

Em uma entrevista ao Space.com, o astrônomo Lindley Johnson, que hoje coordena o programa de Defesa Planetária da NASA, disse que a comunidade científica precisa se reunir, “em um esforço concertado por parte das agências espaciais de todo o mundo”.

“Com Arecibo, tínhamos sobreposição e redundância na vigilância planetária, mas perdemos isso; temos apenas Goldstone, e isso gerou uma perda crítica na capacidade de rastreamento. Acho que não apenas a NASA, mas outras agências em breve se envolverão em um estudo de qual seria o futuro de nossa capacidade de radar planetário”, disse ele.

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