Nova cepa do coronavírus da Califórnia pode ser mais infecciosa e letal
Estudo inicial diz que a cepa está associada a doenças graves que são resistentes a anticorpos neutralizantes

Por Carlos Palmeira
23/02/2021, às 15:33

Imagem de Nova cepa do coronavírus da Califórnia pode ser mais infecciosa e letal no tecmundo
Uma nova cepa do coronavírus, que foi identificada pela primeira na Califórnia, Estados Unidos, tem chamado a atenção da comunidade científica. Um preprint (estudo acadêmico que ainda não submetido a um periódico) com estudos laboratoriais e dados epidemiológicos aponta que essa versão pode ser ainda mais infecciosa e letal.
A variante já se espalhou por vários estados norte-americanos e até outros países. Charles Chiu, autor principal do trabalho científico e médico especialista em doenças infecciosas da Universidade da Califórnia, explicou que a cepa está associada a doenças graves que são resistentes a anticorpos neutralizantes.
No preprint de Chiu e sua equipe, foram sequenciados 2172 genomas de amostras do vírus que foram coletadas entre setembro e janeiro em pacientes de 44 condados da Califórnia. A cepa, que está sendo identificada pelos registros “B.1.427” e “B.1.429”, foi comparada com as outras variantes do coronavírus e a conclusão do estudo inicial é que: a chance de o paciente ir para a UTI é 4,8 vezes maior e a chance de morte é 11 vezes maior.
Sites que acompanham a pandemia já possuem registros da prevalência da nova cepa no mundo
Os pesquisadores descobriram também que as pessoas infectadas tinham duas vezes mais vírus em seus narizes, na comparação com as variantes mais disseminadas. Este fato, combinado a experimentos de laboratório de espalhamento do microrganismo, mostra que a versão pode efetivamente infectar mais.
Cautela nas análises
Apesar de especialistas alertarem que a situação precisa ser acompanhada, outros acadêmicos lembram que mais esclarecimentos precisam ser feitos sobre a nova cepa. O preprint liderado por Charles Chiu analisa poucos casos absolutos, por exemplo.
“Se eu fosse revisor, gostaria de ver dados de mais pessoas infectadas para substanciar essa afirmação muito provocativa (de que a variante é mais letal e infecciosa)”, alertou David O’Connor, especialista em sequenciamento viral da Universidade de Wisconsin, em entrevista à revista Science.
O estudo inicial deverá ser publicado em uma revista científica e analisado por pares em breve.

Por Carlos Palmeira
Especialista em Redator
Paulistano, corintiano e pedestre desde 1993. Jornalista formado pela Universidade Federal de Mato Grosso, escrevo sobre games, tecnologia, ciência e cultura pop. Fã de Red Hot Chili Peppers e apaixonado por maracujá, pão de queijo e rap.