O que a ciência quer de Joe Biden

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Imagem: CQ Roll Call/Bill Clark/Reprodução

Em dezembro de 2016, cientistas do mundo todo ajudaram seus colegas americanos a copiar, em servidores independentes, décadas de medições climáticas e dados públicos insubstituíveis para protegê-los do então futuro presidente e negacionista da crise do clima Donald Trump. Agora, com sua derrota, a comunidade científica espera que o presidente eleito Joe Biden torne passado todo o estrago que Trump causou à ciência do país – e, por tabela, do mundo.

Trump exibe o mapa (emendado) da trajetória prevista do furacão Dorian, contrariando os informes do Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA.Trump exibe o mapa (emendado) da trajetória prevista do furacão Dorian, contrariando os informes do Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA.Fonte:  The Washington Post/Bill O'Leary 

Se algumas questões são internas (como a perfuração de petróleo em regiões de preservação ambiental), outras preocupam o planeta, como a saída definitiva dos EUA da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Acordo Climático de Paris.

A tundra do Lago Teshekpuk, no Alasca, ficou a salvo da exploração por décadas até 2019, quando a União leiloou a área para petroleiras.A tundra do Lago Teshekpuk, no Alasca, ficou a salvo da exploração por décadas até 2019, quando a União leiloou a área para petroleiras.Fonte:  The Washington Post/por Bonnie Jo Mount/Reprodução 

Trump incentivou o descrédito pela ciência, minimizou os efeitos das mudanças climáticas e desprezou o poder do SARS-CoV-2. Depois de quatro anos de desinformação, o trabalho do presidente eleito Joe Biden será imenso – nas questões globais, é isso o que o mundo espera:

Ação contra a covid-19

A pandemia avança nos EUA sem dar sinais de esmorecer: o país conta hoje com 9,8 milhões de infectados e 236,5 mil mortos – 133 mil casos a mais todos os dias.

Médicos do Wyckoff Heights Medical Center, em Nova York, levam corpos de vítimas da covid-19 para um caminhão refrigerado, em abril deste ano.Médicos do Wyckoff Heights Medical Center, em Nova York, levam corpos de vítimas da covid-19 para um caminhão refrigerado, em abril deste ano.Fonte:  Getty Images/Angela Weiss/Reprodução 

Os planos do novo governo preveem aumentar a testagem e o rastreamento de infectados no país e reestabelecer programas de prontidão para pandemias, cortados pela atual presidência.

Orçamentos para a ciência propostos por Trump (com cortes) e os aprovados pelo Congresso.Orçamentos para a ciência propostos por Trump (com cortes) e os aprovados pelo Congresso.Fonte:  Science Magazine/Reprodução 

Alterações Climáticas

Além de retirar os EUA do Acordo Climático de Paris, Trump revogou um conjunto de regulamentações destinadas a reduzir a emissão de gases de efeito estufa, além de, repetidamente, dizer que o aquecimento global é “uma farsa”.

Segundo assessores de Joe Biden, a crise do clima é uma das “quatro crises” que ele vai priorizar (as outras são pandemia, economia e injustiça racial). Ele deve implementar um plano de investimentos de US$ 2 trilhões em pesquisa e desenvolvimento de energia limpa e infraestrutura de baixa emissão de carbono, como transporte público e edifícios com eficiência energética.

Paredão para impedir o avanço do mar sobre a aldeia de Shishmaref, no Alasca; meses depois de assumir, Trump revogou a ordem executiva de Obama protegendo os recursos marinhos no Mar de Bering.Paredão para impedir o avanço do mar sobre a aldeia de Shishmaref, no Alasca; meses depois de assumir, Trump revogou a ordem executiva de Obama protegendo os recursos marinhos no Mar de Bering.Fonte:  The World/Nick Matt/Reprodução 

Outros marcos também serão contemplados, como geração de energia 100% limpa até 2035; “emissões zero” até 2050; e, principalmente, resgatar e reforçar as regulamentações climáticas e ambientais revertidas por Trump.

Contribuição científica

Espera-se que Biden sepulte a postura isolacionista de Trump, que corroeu a posição dos EUA como líder global em grandes colaborações científicas.

Janeiro de 2017: advogados voluntários redigem, no chão do Aeroporto de Los Angeles, habeas corpus para estrangeiros (inclusive estudantes e cientistas voltando de férias) impedidos de entrar nos EUA por conta de um decreto de Trump.
Janeiro de 2017: advogados redigem, no chão do Aeroporto de Los Angeles, habeas corpus para estrangeiros (incluindo estudantes e cientistas voltando de férias) impedidos de entrar nos EUA por conta de um decreto de Trump.

O presidente eleito prometeu ainda reverter as proibições de viagens e tornar mais fácil para cientistas e engenheiros permanecerem nos EUA. Também propôs aumentar o número de vistos disponíveis para trabalhadores altamente qualificados – principalmente cientistas.

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