Médicos dizem que ficar no celular pode não ser tão prejudicial às crianças
Associação de pediatras britânicos garante que não há evidências fortes associando muito tempo de olho na tela com prejuízos à saúde
Por Douglas Ciriaco
04/01/2019, às 14:34
)
Imagem de Ficar no celular pode não ser tão prejudicial às crianças, diz novo guia no tecmundo
Polêmica à vista: um guia desenvolvido por uma associação de pediatras britânicos afirma que ficar muito tempo no celular pode não ser tão prejudicial para as crianças. O argumento usado pelos especialistas é simples e direto: não há provas fortes de que usar os portáteis com frequência causem algum dano à saúde dos pequenos.
Não é de hoje que esse tema divide opiniões entre especialistas e, por exemplo, a Sociedade Canadense de Pedriatria e a Academia Americana de Pediatria já levantaram diversos problemas relacionados ao uso de tablets e smartphones por menores de 12 anos. Entre eles estão questões como desenvolvimento cerebral, obesidade e problemas emocionais.
Entretanto, a avaliação do Royal College of Paediatrics and Child Health (RCPCH), a associação britânica de pediatras, vai na direção contrária. Na apresentação do guia elaborado para ajudar os pais a gerenciarem melhor o tempo de uso de portáteis por seus filhos, ela afirma que as evidências negativas são “frequentemente superestimadas” e na maioria das vezes “avaliam somente o tempo em frente a uma TV.”
“A evidência é fraca para definir a orientação de crianças e pais sobre o nível apropriado de tempo diante da tela e nós não estamos aptos a recomendar uma redução no tempo médio de uso por uma criança”, complementam os especialistas britânicos.
In a UK first, we are launching guidance to help parents manage children’s #screentime. We believe that we need to “let parents be parents”, so our guidance supports parents in adjusting screen use based on what is important to them and their child: https://t.co/3q4ZC5Gpkq pic.twitter.com/302fMLoBya
— RCPCH (@RCPCHtweets) 4 de janeiro de 2019
Segundo o RCPCH, os problemas frequentemente relacionados a muito tempo no celular têm mais a ver com a “perda de oportunidades de atividades positivas (socialização, prática de exercícios e sono) do que com o tempo passado diante da tela". A dica, então, é que os limites de tempo de uso devem ser definidos pelos pais levando-se em conta sempre as características individuais de cada criança.
Além disso, o grupo afirma ter entrevistado 109 crianças em todo o Reino Unido e ouvido de 88% delas que ficar no celular não teve qualquer impacto negativo em seu sono — vale destacar, porém, que o público ouvido na pesquisa é bem limitado.