Vício em videogames é realmente uma doença? Especialistas questionam

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Imagem: wccftech

A Organização Mundial da Saúde, a OMS, classificou oficialmente em 2018 o “vício em videogames” com uma doença. A discussão sobre esse tópico em específico, contudo, ainda acontece entre especialistas e pesquisadores da área médica. A argumentação é de que não há um consenso entre os profissionais da área sobre os pontos chaves para identificar e diagnosticar a doença, uma vez que ela também pode ser definida como depressão, ansiedade, entre outras aflições reconhecidas.

A OMS, por sua vez, define as seguintes características para a doença, que já se tornou oficialmente reconhecida: 1) paciente dá prioridade aos videogames ao ponto em que jogar se torna mais importante do que outros interesses da vida; 2) inabilidade do paciente de controlar quantas horas ou com que frequência joga; 3) ignorar os aspectos negativos crescentes decorrentes do vício em videogames.

Você poderia facilmente tirar a palavra ‘videogames’ e substituir por ‘sexo’, ‘comida’ ou ‘assistir à Copa do Mundo’

Andrew Przybylski, psicólogo na Universidade de Oxford, que vem extensivamente estudando os efeitos dos videogames na mente e saúde humana, explicou ao The Verge que não concorda com a classificação da OMS. “Você poderia facilmente tirar a palavra ‘videogames’ e substituir por ‘sexo’, ‘comida’ ou ‘assistir à Copa do Mundo’”, comentou.

Przybylski argumenta que a ciência conhece exatamente os efeitos da nicotina, dos opioides e de outras drogas viciantes no nosso cérebro, mas ainda não foram encontrados efeitos específicos como esses que poderiam ser causados ou desencadeados por “vício em videogames”. Para ele, permitir que algo tão genérico como isso seja classificado com uma doença específica é um erro e poderia “levar para um tipo de patologização de todo tipo de aspecto da vida”, explicou.

Poderia levar para um tipo de patologização de todo tipo de aspecto da vida

Outros especialistas da área, como Michelle Colder Carras, pesquisadora de saúde pública na Johns Hopkins University, concordam com esse questionamento e, em 2016, escreveram uma carta recomendando contra a inclusão do “vício em videogames” na lista de doenças oficialmente catalogadas. Eles ainda afirmam que as pesquisas e artigos publicados sobre o assunto até agora são de baixa qualidade. Não há, contudo, qualquer indicação de que a OMS possa voltar atrás quanto à classificação oficial da doença.

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