CSI Brasil? Conheça mais sobre o trabalho da Polícia Científica de SP

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O TecMundo visitou a Superintendência da Polícia Técnico-Científica de São Paulo. Quando falamos em ciência e tecnologia, talvez essa força policial seja a que mais carrega essas bandeiras. Por isso, vamos apresentar uma série de reportagens que mostram um pouco mais da rotina dos policiais civis que trabalham por lá. Você vai aprender como fazer parte desse órgão, saber mais sobre as ferramentas e tecnologias presentes na rotina e, em breve, como acontece o trabalho em campo da Polícia Científica.

"Mocozada" na Zona Norte da cidade, está a base do Instituto de Criminalística, que é chefiada pelo Perito Criminal Luis Guilherme Mello de Moraes — e foi com ele que batemos um papo no dia 26. A base é responsável por atender 12 Distritos Policiais, além do Centro de Policiamento Metropolitano e cinco batalhões da Polícia Militar de São Paulo.

Agora, você vai conhecer as ferramentas de trabalho mais comuns da Polícia Científica

Por lá, encontramos peritos, desenhistas, papiloscopistas, fotógrafos e funcionários administrativos. O que muita gente não sabe é que esses profissionais não trabalham "na rua" e também não são ostensivos. Veja bem: a atuação é voltada para a produção de provas técnicas. No caso dessa Superintendência, o foco principal está nos crimes contra o patrimônio, furtos, roubos e acidentes de trânsito que acontecem na Zona Norte da cidade.

Um dos recentes trabalhos que apareceu na mídia e mostra um viés da potência dessa polícia é o caso que envolve os suspeitos de ataques com agulha no metrô de São Paulo. Dias antes da prisão de dois homens, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) divulgou dois retratos falados. Como você pode checar aqui, a semelhança com os suspeitos é imensa.

Quer saber mais sobre o trabalho e conhecer algumas das ferramentas utilizadas? Acompanhe a entrevista aqui embaixo.

Instituto de Criminalística

Como ingressar

Todo caminho tem um início e aqui não é diferente. Para ingressar na Polícia Científica, dependendo da função, é necessário um curso superior. Entre os cargos existentes, é possível atuar como médico legista, perito criminal, fotógrafo técnico pericial, desenhista técnico pericial, atendente de necrotério policial, auxiliar de necrópsica, oficial administrativo e técnico de laboratório.

Luis Guilherme, que chefia a base da Zona Norte, por exemplo, é formado em Química. Após essa formação, é preciso participar de um processo por meio de concurso público.

TecMundo: Então, o que acontece quando o candidato é aprovado?

Luis Guilherme: "Após a aprovação, a pessoa passa um tempo na Academia de Polícia. Por lá, ele vai ter todas as disciplinas que são condizentes. Ou seja, desde disciplinas mais técnicas, como um local de crime e apreensão, até outras, como o manuseio de arma de fogo, defesa pessoal etc. É preciso entender que não há o cargo de "policial científico", o que há é o policial civil trabalhando na Polícia Técnico-Científica"

Física, química e biologia são conhecimentos obrigatórios

TecMundo: Mas sobre o concurso público, ele é específico para cargos?

Guilherme: "Ele é distinto. Para cada carreira você tem um concurso diferente. Aqui dentro do Instituto de Criminalística nós temos várias carreiras, por exemplo, temos o perito, o desenhista, fotógrafo etc."

TecMundo: O que você diria para alguém que busca ingressar na SPTC?

Guilherme: "A pessoa precisa ter uma habilidade um pouco maior com as ciências biológicas e as ciências exatas. Aqui nós usamos, direta ou indiretamente, muitos pontos da física, química e biologia. Obviamente, português e matemática são requisitos, mas a pessoa mais próxima de áreas como a história e a geografia tem um perfil um pouco diferente do nosso"

Trabalho em laboratório também faz parte das funções

A rotina do IC

TecMundo: Como seria a rotina padrão aqui no Instituto de Criminalística?

Guilherme: "Aqui, na Polícia Técnico-Científica, nós temos especialidades. Usando como exemplo a equipe norte, aqui atendemos alguns tipos de crime, como casos de furto e roubo (que são crimes contra o patrimônio), acidentes de trânsito e alguns outros exames um pouco mais específicos.

A Polícia Científica não corre atrás de bandido

Vamos supor que entraram na casa de um indivíduo. O processo vai seguir da seguinte maneira: o indivíduo vai chamar a Polícia Militar, que toma ciência desse fato e encaminha a vítima para uma delegacia (da Polícia Civil). Por lá, será feito um boletim de ocorrência e, então, mediante a necessidade desse boletim, o delegado aciona o IC e é nesse momento que nós entramos"

TecMundo: Então, a Científica é acionada apenas pela Polícia Civil?

Guilherme: "A Polícia Científica é requisitada apenas, normalmente, pelo delegado de polícia. Assim, nós vamos para a cena de crime para tentar descobrir a autoria daquele fato. Por exemplo, vamos colher impressões digitais, observar por onde o criminoso entrou e saiu — se ele escalou algum muro e qual a altura — etc. O juiz sentencia com o laudo do perito como apoio e as provas testemunhais. A gente até brinca com isso: nós não 'corremos' atrás de bandido — quando vamos para a rua, a coisa já aconteceu e vamos mediante uma solicitação, normalmente, do delegado de polícia"

"Kit perito", segundo Guilherme

Instrumentos de trabalho

Durante a visita, além da conversa que tivemos com Luis Guilherme, pudemos fotografar algumas ferramentas que essa Superintendência utiliza durante a rotina de trabalho. Acompanhe as fotos aqui embaixo:

A maleta contém dezenas de ferramentas que são essenciais para o trabalho da Polícia Técnico-Científica. Aqui, por exemplo, você vê pinças, uma máscara e outros materiais...

Parte superior da maleta

Estes pequenos potes possuem pós que servem para deixar marcas visíveis. Por exemplo, impressões digitais

Pós

Ainda na maleta, é possível encontrar um notebook com softwares de comparação de impressão digital e lanternas com diferentes tipos de luzes

A equipe leva um netbook para saídas

As luzes são específicas: servem para deixar vestígios mais evidentes, como sangue, material seminal ou saliva

Luz roxa

Elas também servem para identificar uma nota de dinheiro falsa

Nota de R$ 50

Como um "adesivo", o perito cola esse material que você vê abaixo sobre uma marca de impressão digital para gravá-la

Digital

Química pura: esse é o luminol, um composto reagente que "brilha" quando entra em contato com sangue, por exemplo

Luminol

O FECA-CULT permite que a polícia encontre sangue humano — muitos criminosos tentam maquiar cenas com sangue de animais

Feca cult

Esse material permite que a polícia faça moldes de pegadas de criminosos

Pegadas

O notebook que a perícia leva para a cena também pode comparar impressões digitais de suspeitos com criminosos

Software

Sob tutela do Estado

Desde 1998, a Polícia Técnico-Científica não faz mais parte da Polícia Civil. Agora, ela é um órgão da administração pública que responde apenas à Secretaria de Segurança de São Paulo e coordena o Instituto de Criminalística, o Instituto Médico-Legal e o Instituto de Identificação.

TecMundo: Então, a Polícia Técnico-Científica é gerida pelo Governo. Será que ela recebe os subsídios suficientes para realizar o próprio trabalho?

Luis Guilherme: "Em época de crise econômica, é difícil perguntar isso (risos). Aqui na Polícia Científica, nós temos uma defasagem bem considerável. Alguns estudos dizem que, para termos um trabalho mais robusto, precisaríamos dobrar o nosso quadro de 'funcionários'. Atualmente, tem mais gente que sai do que gente que entra. Tem um concurso público parado desde 2013, com cerca de 400 peritos aprovados que o governador não chama — por causa da lei de responsabilidade fiscal.

Se continuar dessa maneira, o Instituto de Criminalística vai fechar

Até entendemos que tem essa crise orçamentária, mas se continuar dessa maneira o Instituto de Criminalística vai fechar. Tem algumas equipes do interior que já fecharam, enfim... A questão do pessoal é algo marcante.

Na questão de investimento, tivemos alguns importantes. Temos equipamento de ponta na sede do IC, o salário também não é ruim. Tem os prós e contras, como qualquer lugar"

TecMundo: Então o mais grave é o pessoal?

Guilherme: "Sim, e isso influencia na própria rotina de trabalho. A polícia está envelhecendo no mesmo compasso em que novas pessoas não entram"

TecMundo: Nesse tempo em você está na polícia, você tem sentido um aumento, uma diminuição ou os números de crimes são os mesmos na cidade?

Guilherme: "Na verdade, isso depende muito da época e região da cidade. Um crime contra a vida tem que ter um enfoque maior, então o número de furtos e roubos é proporcional ao aumento da população"

TecMundo: A mesma história de que, em todo "feriadão", quanto mais carros descem para a praia, temos mais acidentes, certo?

Guilherme: "Isso. Você vê, por exemplo, aqui na Zona Norte temos muitos pancadões. Os caras saem de moto para dar uma volta, deixam em algum canto, e ela acaba sendo roubada — um exemplo de caso frequente"

Em breve, você vai poder acompanhar como é a rotina de trabalho da Polícia Técnico-Científica. Para ficar ligado e não perder, siga este canal.

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