Por que os testes de resistência de eletrônicos no YouTube não provam nada?

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É fato que os aparelhos eletrônicos têm se tornado mais resistentes, mas também é fato que eles não são indestrutíveis — nós explicamos alguns dos principais motivos para isso neste artigo. E você já deve ter percebido que a cada novo top de linha que surge no mercado, aparecem também uma grande quantidade de vídeos no YouTube com diversos testes de resistência para ele.

Testes de quedas em diferentes tipos de solo, impactos e resistência a riscos... Esses são apenas alguns dos diversos exemplos que poderíamos citar para ilustrar a situação. A resistência à água também pode ser verificada em alguns desses vídeos, mas será que dá para confiar plenamente em todos eles? A verdade é que não! Os motivos nós vamos contar agora mesmo.

Além de os testes não simularem situações tão reais quanto pensamos, também existe o fator de que eles raramente estressam os eletrônicos ao máximo — o que só seria possível em laboratórios especialmente preparados para esse tipo de situação. Quer conhecer os detalhes disso?

Testes não tão realistas

Você já derrubou o seu celular no chão — se ainda não fez, isso ainda vai acontecer, infelizmente. Com sorte, ele pode ter despencado de cima do seu armário e saído dessa situação sem nenhum arranhão. Mas há também casos em que a queda pode ser mínima e ainda assim ocorre a destruição total da tela, por exemplo. O motivo para isso é bem mais cruel do que pensamos: é questão de sorte.

Pois é! Dizemos isso porque os principais fatores que podem determinar se o aparelho vai quebrar ou sobreviver ileso são a rigidez da superfície em que ele está caindo e a angulação com que ele bate pela primeira vez. O primeiro caso é bem simples: o impacto sobre um tapete acolchoado ou sobre a grama gera bem menos problemas do que uma colisão com o concreto.

Já sobre a angulação: como estudamos nas aulas de Física, a pressão do impacto é maior à medida que a área dele é diminuída. Ou seja: “cair de chapa” gera menos pressão do que “cair de quina”. E os testes filmados por canais de YouTube mostram situações reais, mas sem resultados reais. Apesar de eles exibirem smartphones caindo de diferentes alturas e em várias superfícies, raramente são simuladas as angulações.

Em resumo: os testes que vemos no YouTube realmente conseguem nos mostrar algumas das situações em que os aparelhos poderiam sair intactos, mas as possibilidades do “mundo real” são muito maiores do que as exibidas em duas ou três simulações. É por isso que outros tipos de testes conduzidos por profissionais precisam ser levados em consideração.

Estressando os equipamentos

Para saber se um material é realmente resistente, é preciso estressá-lo ao máximo. Isso significa que os testes devem envolver materiais especiais e aplicações totalmente voltadas à situação que será simulada. Um ótimo exemplo disso pode ser visto no vídeo abaixo, que mostra a verificação de resistência das telas Sapphire dos próximos modelos da Apple — os iPhones 6.

Nele, Marques Brownlee mostra como descobrir se os aparelhos possuem tela antirrisco como é esperado pelos consumidores. Utilizando conceitos da Escala de Mohs — que quantifica a rigidez e a resistência ao risco de diversos minerais —, ele mostra que a tela dos iPhones 5S é realmente menos resistente do que a do iPhone 6, mas deixa claro que esta última não é indestrutível.

Para mostrar a resistência das telas Gorilla Glass e Sapphire, Brownlee utiliza lixas de diferentes níveis de aspereza. Após diversas aplicações, é possível chegarmos à conclusão de que ambas sofrem riscos em diferentes momentos, sendo que apenas o Pure Sapphire do Touch ID (iPhone 5S) permanece intacto após todos os testes.

Quando falamos sobre pressão, testes de laboratório são bem mais confiáveis do que os de quedas naturais. Você pode ver um vídeo mostrando isso com mais detalhes logo abaixo deste parágrafo. Nele, são apresentadas as diversas capacidades do Gorilla Glass 2, incluindo as de resistência a impactos.

Qual a importância destes testes?

Nós já falamos que os testes do YouTube não provam nada, mas não é possível dizer que eles não possuem nenhuma importância no mundo da tecnologia. Apesar de não serem responsáveis diretos pelo aumento ou pela diminuição de vendas de um aparelho, eles podem sim ter influência sobre a decisão de um consumidor que está avaliando prós e contras de diferentes smartphones.

Afinal de contas, ninguém quer comprar um aparelho que seja considerado frágil e que certamente iria quebrar em qualquer descuido. Também é preciso dizer que testes profissionais e completos são feitos por todas as fabricantes antes de um novo lançamento top de linha, mas a verdade é que nós dificilmente veremos os resultados deles sendo publicados tão cedo.

Tanto fabricantes quanto operadoras de telefonia móvel possuem catálogos completos de resistência e durabilidade dos produtos, mas é fato que essas informações são sigilosas e correm como “informações competitivas” que não devem ser compartilhadas — a própria operadora norte-americana AT&T revelou isso para o TechRadar. Ou seja, aos nossos olhos, só chegam mesmo os testes do YouTube.

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Como você viu, os testes que assistimos no YouTube não devem ser utilizados como única fonte para que saibamos se um aparelho é mesmo resistente. É claro que eles são uma forma de referência válida, mas precisamos ficar atentos às diversas variantes não apresentadas neles. O que você pensa sobre esses vídeos? Eles já influenciaram sua compra em algum momento?

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