Faz o urro! Ninguém aguenta o excesso de adaptadores nos produtos da Apple

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Embora os rendimentos da empresa se mantenham consideravelmente estáveis e coloquem a companhia no topo da pirâmide das mais rentáveis do mundo – dentro e fora do setor de tecnologia –, a “Era Tim Cook” da Apple pode estar começando a apresentar as suas primeiras rachaduras. O problema? Aparentemente, as pessoas estão furiosas com o fato de os recentes produtos da marca exigirem uma infinidade de adaptadores para funcionarem adequadamente ou conversarem entre si.

Desde que Cook assumiu a liderança da Empresa da Maçã, muita gente duvidava que ele pudesse fazer frente à ousadia e aos lampejos criativos de Steve Jobs. Por um bom tempo, no entanto, o executivo parece ter revertido esse cenário ao anunciar produtos bastante robustos, interessantes e acompanhados de uma dupla bastante interessante de hardware e software. Infelizmente, esse quadro não se estabilizou e agora, em 2016, a história do novo CEO pode estar alcançando um ponto crítico.

Aquele momento em que você tem uma ótima ideia para fazer dinheiro

Cabos que dão um nó na sua cabeça (e no seu bolso)

Isso anda acontecendo porque, em pelo menos dois lançamentos de peso da companhia neste ano, a Apple fez até mesmo os fãs mais fervorosos torcerem o nariz para decisões polêmicas de compatibilidade. Primeiramente, os consumidores tiveram que lidar com a “coragem” da marca em remover a entrada padrão de fones de ouvido do iPhone 7 e 7 Plus, obrigando o usuário a recorrer a um adaptador para conectar seus antigos acessórios ou comprar adereços de terceiros para conseguir ouvir música enquanto carrega o celular. Chato? Sim, muito.

Adaptador, adaptador, adaptador

Mais recentemente, no segundo evento Apple do ano, a empresa decidiu que os futuros donos do seu novo MacBook Pro não precisavam de muitas conexões no equipamento, mantendo basicamente uma única porta USB Tipo-C como coringa para entradas e saídas de dados. Precisa conectar um mouse ao conjunto, anexar um HD externo para conferir alguns arquivos ou gostaria de passar a imagem do notebook para a TV? Sem problemas: adaptador, adaptador, adaptador. E uma coisa de cada vez, claro.

Será que esse dia ainda vai chegar?

Ah, eles também resolveram que os leitores integrados de cartões SD eram coisa do passado e também limaram de vez o coitado – gerando uma onda de protestos de designers, fotógrafos ou qualquer cliente mais antenado com tecnologia. Consegue adivinhar qual é a saída para quem ainda precisa interagir diariamente com essas unidades móveis de armazenamento? Você acertou na mosca se a sua resposta foi algo como: um belo, caro e obrigatório adaptador para a entrada USB Tipo-C. “Coincidentemente”, a Apple vende esse brinquedinho.

No final, nem mesmo os produtos mais recentes da empresa – que, teoricamente, pertencem à mesma geração – podem conversar entre si. Isso mesmo, tanto ligar o iPhone 7 no novo MacBook Pro quanto passar o sinal do notebook para o HDMI da sua Apple TV são tarefas impossíveis de serem feitas sem o uso de cabos extras, conectores extras e – por que não? – uma dose de paciência extra. Tudo isso anda fazendo com que muita gente se pergunte se a Apple não está mudando seus negócios de vendas de eletrônicos para adaptadores. Será?

"A categoria de produto que mais cresce na Apple"

Uma mensagem do passado

Elogiado pela maneira como conduzia a Apple por todo o globo e em como conseguia melhorar processos e cortar custos quando ainda estava no cargo de vice-presidente sênior de operações, Tim Cook pode ter se tornado agressivo demais ao ser pressionado a gerar ainda mais receita desde que assumiu a presidência da companhia. A impressão que fica é que o executivo percebeu que adaptadores e cabos extras para os produtos da casa rendiam números de respeito e resolveu se aproveitar da situação.

Aparentemente, criar uma linha extra de entrada de dinheiro para o caixa da companhia pode valer a pena mesmo se isso sacrificar o design dos dispositivos, criar incompatibilidades em um ecossistema que, anteriormente, funcionava de forma fluida e fizer com que os usuários se vejam afogados em cabos e conexões externas. O mais engraçado de tudo isso é que esse tipo de decisão vai exatamente contra o que a Apple pregava nos anos 1990, quando a empresa se apresentava como uma solução simples e unificada frente aos PCs tradicionais.

Anúncio feito pela Apple na década de 1990.

Como é possível conferir na imagem acima, a história era bastante diferente há algum tempo. “Ao custo de US$ 149,95 por PC, o Windows me pareceu um bom negócio. Então eu comprei novos programas por US$ 500 cada. Também gastei mais um bocado em memória extra para as máquinas. Mais US$ 300 por placa de rede. O mouse não sai por menos de US$ e um HD maior por US$ 275. Enquanto olho o quanto custa conectar todo esse equipamento, penso comigo mesmo: ‘Isso deixa as coisas mais fáceis?’”, diz o anúncio.

Quem optasse pelo Mac, não encontraria nenhum tipo de custo escondido ou teria gastos extras. O tempo passa, hein?

“E então há o Macintosh”, afirmava a peça publicitária, explicando que, quem optasse pelo Mac, não encontraria nenhum tipo de custo escondido ou teria gastos extras. O tempo passa, hein? Seja como for, a Apple pode ter concorrentes à altura em mercados que, até agora liderava ou tinha boa participação até agora. O badalado Google Pixel, por exemplo, pode começar a conquistar os aficionados pelo iPhone, enquanto a Microsoft e seu novo Surface Studio pode trazer uma nova máquina dos sonhos para os profissionais criativos.

Google Pixel: estilo, potência e amplo suporte a conexões populares

Sentindo o chacoalhão

Tudo indica que Tim Cook e seus comandados entenderam o recado e a insatisfação de seus clientes – bem, pelo menos em parte. Na última sexta-feira (4), a companhia liberou um comunicado no qual explica que eles reconheceram que muitos usuários – especialmente no segmento corporativo – trabalham com sistema e periféricos “legados” e podem enfrentar problemas nesse período de transição da tecnologia. Por conta disso, eles resolveram reduzir o preço de diversos de seus adaptadores até o final deste ano.

O tom da mensagem, infelizmente, foi menos de “peço perdão pelo vacilo, mas só podemos dar esse desconto no momento” e mais de “estamos tentando acelerar a adoção dos novos padrões, mas vocês não ajudam”. Os cortes nos valores desses itens foram até que bem razoáveis, mas, obviamente, não resolvem o problema de consumidores acostumados à um ecossistema que se consagrou por ser amigável e desburocratizado.

Os preços no e-commerce nacional da Apple não são nada convidativos

E aí, ainda vale a pena pagar mais caro por tudo isso ou a história começa a ficar insustentável?

Vale também que, apesar de a loja nacional da Apple aparentemente estar com descontos temporários em toda a linha de acessórios USB Tipo-C e Thunderbolt 3, o custo desses cabos e adaptadores é absurdamente maior por aqui. Desse modo, o brasileiro que resolver gastar as economias para ter os modelos mais recentes de iPhone, MacBook e Apple TV, por exemplo, vai ter que investir uma pequena fortuna para conectar tudo isso. E aí, ainda vale a pena pagar mais caro por tudo isso ou a história começa a ficar insustentável?

Deixe a sua opinião sobre o tema mais abaixo, na seção de comentários, e não esqueça de dizer como esse tipo de mudanças afetam o seu dia a dia em casa e no trabalho.

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