Versão impressa da Wikipédia tem mais de 7 mil volumes e custa US$ 500 mil

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Imagem: Denny Gallery

Salvação de alunos por todo o globo, terror de professores que precisam lidar com trabalhos feitos na base do Copiar/Colar e ponto de conversão de conhecimentos diversos, a Wikipédia já deixou sua marca no mundo. Um dos principais feitos concretizados pelo serviço foi o de jogar a última pá de terra no túmulo das tradicionais enciclopédias. Porém, para a felicidade de quem se deliciou com leituras da Barsa ou Conhecer, a plataforma colaborativa online vai ter seus verbetes integralmente publicados na forma de uma extensa coleção de livros.

Pode ficar tranquilo, não vai aparecer ninguém na sua escola – ou na dos seus filhos – para oferecer uma “promoção imperdível” com todo o conteúdo da Wikipédia parcelado em 12x sem juros. O projeto de trazer ao mundo físico a biblioteca virtual é, na verdade, uma exposição do artista e programador Michael Mandiberg chamada “From Aaaaa! to ZZZap!” – algo como “De Aaaaa! a ZZZap!”, fazendo referência ao primeiro e último verbetes do site. O material começa a ser exposto hoje (18) na Denny Gallery, em Nova York, e fica por lá até o dia 2 de julho.

O idealizador da exposição, Michael Mandiberg.

Para fazer a brincadeira acontecer, Mandiberg colocou a mão na massa e desenvolveu um software feito sob medida para destrinchar completamente os dados publicados na Wikipédia em inglês, organizando tudo em ordem alfabética e separando tudo, de forma automática, em diversos volumes. Para dar continuidade ao processo, o programa cria capas com informações da edição – indicando quais os termos abordados nela –, salva um arquivo separado para cada livro e faz o upload para os servidores do Lulu, um serviço de impressão sob demanda.

Isso significa que quem estiver dando um passeio pela metrópole norte-americana vai poder conferir, de uma forma palpável, todo o fruto do esforço milhões de internautas e colaboradores da enciclopédia online mais popular de todos os tempos? Não exatamente. Apesar de alguns dos livros ficarem à disposição do público, a ideia do artista é que os visitantes possam acompanhar em tempo real a transmissão dos arquivos, com a operação sendo exibida por um projetor no local. As transferências vão precisar de duas semanas para serem completadas.

Melhor arranjar uma estante maior

Ok, nessa hora, algumas pessoas podem estar se perguntando por que é preciso de um tempo tão longo para que o material seja compilado e enviado para a empresa responsável por imprimir o material. A resposta é incrivelmente simples: uma versão física da enciclopédia colaborativa se traduz em nada menos do que 7.471 volumes de pura informação. Cada um dos tomos apresenta uma média de 700 páginas – totalizando 5.244.111 delas –, com o espaço sendo ocupado inteiramente por artigos do site.

Tem espaço sobrando em casa e quer realmente ter tudo isso para consultas quando a internet estiver fora do ar? Sem problemas, basta desembolsar a quantia modesta de US$ 500 mil – ou cerca de R$ 1,5 milhões mais frete – para receber a coleção completa ou escolher edições específicas por US$ 80 (R$ 243). Ainda que algum ricaço excêntrico possa querer levar a compra adiante, o próprio Mandiberg não espera vender muitas cópias, admitindo que os livros se tornam obsoletos assim que o material é colocado no papel.

Hora de colocar a leitura em dia, hein?

“É um trabalho poético que chama atenção para o tamanho absurdo do conteúdo da Wikipédia e a impossibilidade de reproduzir a enciclopédia como um objeto material e imutável: assim que um volume é impresso, já está desatualizado”, explica. A ideia não é exatamente nova e já foi pauta até para a própria Wikimedia Foundation – a organização sem fins lucrativos por trás da biblioteca virtual –, que fez parceria com a PediaPress a fim de disponibilizar seu conteúdo para impressão sob demanda. Infelizmente, o projeto não deu certo e rendeu poucos pedidos.

No caso da exposição de Mandiberg, o assunto está sendo levado tão a sério que o moço vai oferecer até 36 volumes adicionais apenas para comportar o nome dos 7,5 milhões de colaboradores registrados no sistema da Wikipédia. Embora seja ainda mais difícil que algum desses livros usados para creditar os usuários da plataforma sejam efetivamente vendidos, é um belo meio de homenageá-los, não é?

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