Mega Man 11 é uma carta de amor, mas poderia oferecer um pouco mais

O ano de 2018 marca o aniversário de 30 anos da franquia Mega Man. Uma data redonda como essa clamava uma novidade e a Capcom atendeu aos pedidos dos fãs. E é por isso que como parte da celebração de aniversário a empresa anunciou e lançou Mega Man 11, a primeira continuação da série clássica e com salto de geração depois de muitos anos, assim como Mega Man 8 celebrou os 10 anos da franquia.

Mega Man 11 é uma ode à série clássica da Capcom. Mais do que uma evolução, o game é uma celebração do legado que o robô azul teve ao longo desses 30 anos. E, como você pode imaginar, isso tem seus pontos positivos e negativos. Então vem com a gente conferir a nossa análise completa!

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Clima e ambientação clássicos

A trama e o clima de Mega Man 11 são verdadeiros elementos nostálgicos para os fãs da série. Para novatos, as coisas podem parecer simples demais, mas é a reprodução dos clássicos em sua íntegra. Isso não é de forma alguma um demérito do game, até porque estamos falando de uma celebração de 30 anos.

Mas vale lembrar que não é o tipo de jogo em que você pode esperar uma grande trama ou uma excelente apresentação. Mega Man 11 não é um salto de geração do robô azul, e sim uma relembrança da série.

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Na trama, o clássico vilão Dr. Willy mais uma vez trama em dominar o mundo, roubando oito Robot Masters usados para o bem e os corrompendo para o mal. Dr. Light, criador do Mega Man, percebe que o antagonista utilizou o antigo sistema Double Gears para realizar as vilanias e, para deixar a "competição" no zero a zero, equipa o protagonista com a mesma tecnologia.

Double Gears: uma adição espetacular

Esse é um grande destaque de Mega Man 11: o sistema das Double Gears. Na história, ele é simples, mas mecanicamente ele é espetacular. Com o toque de um botão, você pode desacelerar o tempo com a Speed Gear ou ficar mais forte com a Power Gear, ideal para passar alguns obstáculos.

Mas, ao fazer isso, você sobrecarrega o sistema e precisa ficar atento à temperatura do equipamento. Diferentemente das armas e outros dispositivos de Mega Man, as Double Gears resfriam e podem ser utilizadas de novo em pouco tempo. Caso elas esquentem, será necessário esperar mais para voltar a usar o recurso. O gerenciamento é em curto prazo e garante o uso constante.

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Em condições especiais, o protagonista pode acionar as duas ao mesmo tempo, utilizando os dois benefícios: a câmera lenta e a força bruta. E há uma mecânica de risco e recompensa bem interessante aqui, pois é impossível desligar este modo e ele vai sobrecarregar Mega Man no fim, deixando o personagem vulnerável.

No fim das contas, é um elemento de jogabilidade muito interessante e é realmente um dos pontos altos do game. O conceito é simples, mas traz uma boa dose de novidades em Mega Man 11 e um frescor para a franquia clássica.

Mega Man 11 brilha em level design

É inevitável: sim, a mecânica da Double Gears facilita um pouco as coisas, mas a dificuldade é balanceada já com isso em mente. A Capcom garante que é possível terminar o game inteiro sem utilizar nenhuma das duas engrenagens, então caso prefira, a experiência clássica ainda é viável e sempre há uma jogatina fluida.

Toda essa fluidez do game ocorre principalmente pelo level design bem-feito. Como Mega Man é um game principalmente de plataforma, é nessas horas que a expertise da Capcom se torna evidente. Além da fortaleza final, há oito níveis que podem ser jogados em qualquer ordem, cada um com suas particularidades.

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É bem legal ver algumas práticas bem cotadas da indústria em ação, como os tutoriais invisíveis. No nível de Blast Man, por exemplo, aprendemos sem tutorial como se faz para explodir as caixas. Em outros momentos, Mega Man 11 nos ensina de forma bem intuitiva como objetos que explodem podem nos lançar no ar – e depois nos enganar com armadilhas.

A Capcom utiliza diversos conceitos bem cotados da indústria e faz bonito

Há muitas telas criativas que trazem trechos bem marcantes. Em algumas, matar o inimigo que gera a luz no cenário o deixará no escuro; em outra, você deve usar elásticos e bolas para se locomover. É o clássico de Mega Man em ação.

Uma experiência cadenciada, mas com um deslize aqui e acolá

Conforme dito, a experiência replica o modelo clássico em todos os sentidos (até para ruim), o que inclui o esquema original com os oito chefões – que são bem legais e únicos para a série, apesar de serem poucos. Infelizmente, há alguns que são mais fáceis que outros, talvez fáceis demais. E é nessas horas que vemos como a Double Gears podem facilitar a experiência. Os níveis são bem difíceis e frequentemente terá que repetir tudo depois de um game over, mas os vilões principais não estão na mesma medida.

Podemos falar a mesma coisa sobre as armas de cada um deles. A grande maioria é bem interessante, principalmente quando combinadas com a Power Gear, deixando o efeito ainda mais poderoso. Já outras, como a de Bounce Man ou Acid Man, têm pouco uso prático durante a campanha.

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Na realidade, esse é um dos pontos que Mega Man 11 peca um pouco. Diferentemente de Mega Man 7 ou 8, as armas têm pouco uso durante as fases. Esqueça aquela plataforma que deve ser congelada para acessar uma área secreta ou algum poder que muda a dinâmica do nível, como o de Cloud Man em Mega Man 7.

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Há alguns elementos clássicos faltando por aqui, desde Rush como jetpack até alguns chefões das antigas dando as caras em certos pontos da história, oferecendo desafio extra aos jogadores. Há pouquíssimos extras para se achar durante as fases. Apesar de essa exploração não ser uma marca registrada de Mega Man, e sim de Mega Man X, isso diminui significativamente o fator replay.

Dificuldades variáveis (com ressalvas)

A dificuldade é algo bem interessante em Mega Man 11. Segundo a Capcom, o Normal é o equivalente a dificuldade clássica, que era imutável antigamente. E, de fato, o Normal que joguei era bem desafiador, mesmo com as exceções que citamos. Contudo, a lojinha do game oferecem diversos power ups e itens comuns, como vida extra ou energy tanks, que acabam deixando alguns trechos bem mamão com açúcar

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Para os novatos ou enferrujados, há um modo Easy, que facilita as coisas, e até mesmo um Newcomer, especialmente interessante para crianças ou pessoas com poucas habilidades em games. Para os loucos por desafio, há o modo Heroe, que apimenta bastante a experiência.

Nostalgia visual e acústica em seu auge

Os gráficos de Mega Man são encantadores e vemos que há um grande capricho do time da Capcom. Essa realmente é uma celebração de 30 anos e o personagem ficou perfeito na estética 2.5D, com animações impecáveis recheadas de caras e bocas dos personagens. Os gráficos redondinhos em 3D realmente suprem a pixel art 2D.

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As cutscenes são bem-feitas (apesar de que as animações em desenho poderiam ser mais articuladas), a dublagem é boa e todo o clima visual de Mega Man é mantido em sua nova abordagem. Diferentemente de outros momentos da série em que o 3D não foi bem-sucedido, aqui os visuais são puro amor.

Tudo isso, claro, tem a cobertura do bolo com uma trilha sonora marcante pela qual a franquia é famosa. As trilhas de cada cenário são bem legais de ouvir. Apesar de poucas terem me marcado com uma melodia realmente de primeira, a composição da obra é muito boa.

Game espetacular, mas curto e com probleminhas

Um dos pontos negativos que incomodou é o sistema horrível de save, que não salva automaticamente nem indica isso ao jogador em momento algum, diferentemente das Legacy Collection, que traz a opção a cada fim de fase. E, além de tudo isso, a interface é bem confusa, de difícil acesso, e é fácil confundir o save com o load (o que me fez perder o progresso por uma segunda vez).

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Apesar disso, Mega Man 11 é um jogo incrível e me entreteu bastante durante as sete horas de campanha (meu tempo exato foi de 7h17m). Mas fiquei com gostinho de quero mais no fim. Porque foi bom, foi gostoso e foi nostálgico. Mas foi curto. Ao refazer alguns níveis, vi que demorei cerca de 10 minutos para ir do começo ao fim e matar o chefe. Sem dúvidas, após o fator novidade desaparecer, as coisas ficam ainda mais rápidas. Dependendo do ritmo de alguns, o game pode durar até 5 horas ou menos em uma primeira jogatina.

Considerando o preço Brasil, que o vende a R$ 150, as coisas ficam meio complicadas. Por se tratar de um jogo na atual geração, não seria nada ruim que existissem mais níveis (quebrando o ciclo de apenas oito Robot Masters) ou novidades entre eles, como a aparição de Proto Man ou algum chefe clássico para diversificar as coisas.

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Mesmo demorando, saboreando com calma e morrendo bastante, minha campanha durou apenas 7h17m

Há um Challenge Mode que tenta prolongar a experiência, mas ele consiste em corridas contra o tempo e coisas do tipo, nada realmente novo. Não entenda mal, os desafios são legais, mas não são inéditos: concluir as mesmas fases com desafios de tempos ou com objetivos extras diversificam a experiência, mas não a reinventa e muito menos estende a campanha.

Vale a pena?

Mega Man 11 é uma verdadeira homenagem à franquia Mega Man e honra bastante o peso da comemoração de 30 anos. Ele poderia ser melhor e ter pego mais elementos clássicos? Sim. Poderia ser maior e ter mais níveis? Sim. Mas isso não tira o brilho da experiência, que é bem boa e traz desafios de plataforma muito bons. Mega Man 11 foi uma grande alegria e vale para qualquer fã.

Mega Man 11 é, sem dúvida, o retorno da série que os fãs tanto clamavam – e mereciam. Ele é mecanicamente incrível e visualmente impecável, unindo o melhor do que já existe com o mais sensacional das ideias frescas. Mas, se você não é um fã fervoroso, não fará mal esperar uma promoção.

*Mega Man 11 foi gentilmente cedido pela Capcom para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • Mega Man clássico em seu auge: muita diversão para os fãs da franquia e do gênero
  • A mecânica das Double Gears é espetacular e traz uma nova camada ao game
  • Level design de primeira e com muitos desafios bem-feitos
  • Temáticas bem criativas na maioria das fases
  • Armas especiais, chefões e sub-chefes com mesmo nível de qualidade dos melhores games da série
  • Gráficos 2.5D estonteantes que respeitam o legado visual da franquia
  • Trilha sonora muito agradável
  • Acessível para novatos
Pontos Negativos
  • Jogo tão curto quanto os anteriores e com pouco fator replay
  • Sistema de save é mal apresentado e pode atrapalhar
  • Alguns elementos clássicos estão de fora, como áreas secretas e níveis mais interativos
  • Dificuldade pode ser fácil demais em alguns momentos, principalmente com itens da loja e certos usos das Double Gears