Imagem de LawBreakers
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LawBreakers

Nota do Voxel
79

LawBreakers não é inovador e carece de conteúdo, mas é rápido e divertido

Gears of War não é qualquer franquia: é a série que popularizou novamente shooters em terceira pessoa, trouxe novas formas de transmitir emoções em um jogo puramente de ação e criou novos paradigmas para o gênero. Não é para qualquer um, certamente. Por conta disso, LawBreakers, desenvolvido por Cliff Bleszinski, criador e game designer da série Gears, chamou a atenção de muita gente.

Com o histórico de Bleszinsk, o novo jogo de tiro parecia promissor. E ele entrega a dose de inovação que muita gente estava esperando? Não. Mas isso não quer dizer que se trata de um título ruim ou com problemas. LawBreakers é extremamente rápido, frenético e com a sua pitada de novidades, mas passa longe de ser revolucionário. Confira nossa análise.

Outro multiplayer de arena?

LawBreakers não tem nada revolucionário. Ele é, basicamente, um multiplayer de arena com sistemas que já vimos outras vezes, como em Team Fortress 2, Overwatch e qualquer outro game do gênero que siga esse modelo. Você participa de partidas online, passa de nível, ganha dinheiro do jogo e caixas com itens cosméticos para os personagens. O fluxo da jogatina é, basicamente, esse. Não há campanha, história de fundo ou explicação do universo do game: é entrar na partida e sair matando.

Isso é ruim? Se fosse mal executado, seria, mas não é o caso aqui. É simplesmente uma fórmula que funciona bem, pois não demanda muito tempo do jogador nem de especialização para partidas rápidas. Porém, diferente dos principais nomes do mercado na atualidade, LawBreakers não investe tanto em objetivos em comum para o time.

Basicamente, duas equipes se enfrentam, os Law e os Breakers, e há apenas quatro modos de jogo: Uplink, no qual você deve roubar um item e levá-lo até a sua base para despejar dados na rede; Blitzball, que é praticamente um futebol em que você deve roubar a bola e pontuar na base inimiga; Turf War, espécie de modo conquista em que você briga por pontos que surgem no mapa; e, por último, Overcharge, no qual você dever roubar uma bateria e carregá-la até 100% na sua base, mas com um porém: a carga é retida, e se o inimigo roubá-la, poderá usar o seu esforço como vantagem.

Em suma, temos um mini game, dois modos de capture a bandeira com pequenas variações e um modo conquista simplificado. É aqui que começa o primeiro problema de LawBreakers: falta identidade. Ao mesmo tempo que ele não se posiciona como um mata-mata comum, também passa longe de ser um MOBA ou ter partidas mais focadas no trabalho em equipe. Fica em um meio termo que acaba não agradando a gregos nem troianos.

Jogue partidas, ganhe XP, dinheiro e abra caixas com itens cosméticos: um modelo saturado, mas bom

O título tem seu próprio brilho e você desfrutará de partidas divertidas, mas elas poderiam ser ainda melhores se a equipe tivesse oferecido mais opções de jogo e, principalmente, oferecesse modos mais específicos para cada um dos estilos de jogabilidade, seja ela mata-mata ou focada em objetivos de equipe.

Um shooter rápido, desafiador e para poucos

O maior destaque no fator “inovação” de LawBreakers é a sua velocidade de jogo. Se você acha que Call of Duty e Titanfall são rápidos, provavelmente vai mudar de ideia depois de ver um vídeo do novo jogo de Cliff Bleszinski. O game utiliza a combinação de jetpacks, dashes, elementos do cenário que aumentam a velocidade do jogador e até mesmo de pontos do mapa com gravidade zero.

É muito fácil correr para matar um inimigo e tanto ele quanto você ficarem perdidos para saber onde atirar. Diferentemente de um Call of Duty, os personagens têm uma quantia de vida relativamente grande e demoram mais para morrer. Seguir no encalço de um jogador na gravidade zero ou partir para o objetivo da equipe é sempre uma decisão difícil, pois matar o inimigo não é tão fácil quanto parece.

Nas primeiras horas, pode ser um pouco frustrante se acostumar com as mecânicas e o ritmo das partidas, mas com dedicação e paciência, LawBreakers mostra que tem brilho próprio e pode proporcionar uma experiência diferente dos jogos do mesmo gênero.

Apesar de ser muito divertido, você vai ter que se esforçar um pouco para entender e apreciar LawBreakers: não é um jogo para todos

Apesar de ser divertido, LawBreakers requer certo esforço para chegar nesse ponto e se dar bem. Em um mapa de coordenadas, o game compartilha a linha de desafio de Rainbow Six: Siege, mas estaria do lado oposto em velocidade de jogo. Isso não é um ponto negativo, mas é bom ressaltar: ele não é um game para todos os públicos.

Um jogo bem polido e sem problemas técnicos notórios

Na experiência toda há apenas nove classes (com personagens distintos para cada facção, mas as habilidades não mudam), porém elas são muito distintas entre si e funcionam de maneira bem diferente, exigindo que o jogador as utilize bastante para entender a maneira ideal de usufruí-las. Vale ressaltar que elas mudam mais o estilo de gameplay individual do que coletivo. Não há papéis essenciais para ganhar a partida. Não escolher a única classe médica ou de suporte não vai fazer com que o seu time perca, diferente de títulos como Overwatch.

No geral, LawBreakers é um jogo bem balanceado. Não há classes que quebram as partidas ou trazem desvantagens para o outro time. Durante os confrontos, é notável ver que algumas delas aparecem com mais frequência, mas isso está muito mais atrelado a facilidade de utilização delas do que com poder de sobra. Cada personagem tem dois tipos de ataque (botão direito e esquerdo do mouse ou gatilhos do PS4), duas habilidades especiais e uma super-habilidade – todas elas recarregam

Vale ainda mencionar que as filas não são tão grandes. E poucas vezes fiquei mais de um minuto esperando a partida começar.

Durante o lançamento, a versão de PS4 estava com problemas de travamentos momentâneos que ocorriam entre intervalos de segundos, mas isso já foi corrigido. Em suma, não encontrei nenhum problema técnico grave durante as mais de dez horas de jogatina, tanto no PC quanto no PlayStation 4 Pro.

Por falar no console da Sony, é interessante ver como o game funciona por lá. A minha expectativa era de ter dificuldades nos controles, pois LawBreakers é simplesmente rápido demais para jogar nos analógicos (diferente de Titanfall e Call of Duty, há muitas acrobacias e movimentos bruscos, principalmente em gravidade zero). Porém, a versão de console conta com auxílio de mira e isso acaba tornando o jogo até mais fácil com algumas classes.

Ainda falta arroz com feijão

Apesar de ter pontos positivos interessantes, é notável o quão cru LawBreakers está. Apenas nove classes (são 18 personagens, dois para cada classe), sete mapas e quatro modos de jogo. É pouco conteúdo. Para completar, nem mesmo um modo competitivo está presente, apenas partidas casuais.

Para você ter uma noção, o jogo carece até mesmo de tutoriais bem-feitos. Há vídeos para cada classe na versão de PC, mas não há algo que exemplifique ou ensine como funciona a movimentação em gravidade zero, por exemplo. No PlayStation 4, isso é ainda pior, porque nem os tutoriais em vídeo estão disponíveis.

Não há modo competitivo, os tutoriais são fracos, os itens cosméticos são dispensáveis e há poucos mapas e modos

Não há rankings globais, recompensas de temporada nem algo do tipo. Você joga para ganhar XP, dinheiro no game e caixas com itens cosméticos que, sinceramente, não são tão variados, bonitos ou empolgantes quanto um Overwatch, por exemplo. Esses elementos são essenciais para divertir? Não. Só realçam a falta de conteúdo e variedade, algo que acaba pesando no veredito.

É possível esperar melhorias no futuro?

Esse é o grande X da questão: o que será LawBreakers daqui quatro ou cinco meses? A desenvolvedora já se pronunciou sobre essa questão, dizendo que não se trata de uma corrida, mas sim uma maratona. De acordo com Cliff Bleszinski, há um personagem novo que não vai demorar muito para chegar e dois novos mapas estão praticamente 99% prontos.

A questão é que você não deve levar LawBreakers como um jogo AAA. O estúdio é recém-formado e já está claro que o game apostará em modelo de serviço, com sistema de temporadas e conteúdo adicionado de tempos em tempos, similar ao que muitos outros jogos competitivos já fazem.

Por mais que a equipe prometa conteúdo no futuro, não há garantias. O game pode não ter uma boa performance de vendas, suporte interrompido ou sofrer com atrasos de novidades. Não há como prever e é preciso se atentar ao que existe hoje – o que não é muito.

Tecnicamente impressionante, mas decepcionante no estilo artístico

Sem sombra de dúvidas, LawBreakers é um jogo bem bonito. Tecnicamente, ele usa e abusa de tudo (ou quase tudo) que a Unreal Engine 4 tem a oferecer. Há muita coisa impressionante aqui: iluminação, sistema de partículas, profundidade de campo, oclusão de ambiente, modelos 3D de alta qualidade e muito mais.

Problemas de carregamentos são raros, mas existem

Como você deve imaginar, a performance desejável para um game rápido como esse é a de 60 fps. No PC, isso vai variar de acordo com as configurações gráficas, a resolução e o hardware do usuário, mas é possível afirmar que não se trata de um jogo mal-otimizado, mas é um pouco pesado por se tratar de uma experiência 3D na Unreal Engine. E, por falar no motor gráfico, aqueles probleminhas de sempre aparecem de vez em quando, como a demora para carregar modelos e texturas.

No PS4 é que as coisas ficam um pouco complicadas. No PlayStation 4 comum, o jogo roda com uma resolução dinâmica que tem como padrão os 900p, mas há problemas de performance, que derrubam a taxa de quadro de 60 fps para até 30 em alguns casos de estresse – como é possível ver neste vídeo:

Como não joguei no PS4 comum, isso não será levado em conta na nota final. No PlayStation 4 Pro, plataforma que testei junto com o PC, há uma resolução dinâmica que pode ir até 1440p e alcançar taxa de frames bem mais estável e quase constante em 60 fps.

Porém, o principal ponto negativo no visual do jogo é outro: o estilo artístico. O grande problema é que LawBreakers se parece muito genérico em diversos momentos. Nada contra o estilo fotorrealístico, que até prefiro. Mas o game simplesmente não tem personagens marcantes, a paleta de cores é pouco variada e, no fim, há poucos toques de personalidade nos mapas e classes.

Geralmente, estilo artístico genérico não importa no gameplay, mas aqui há um certo impacto (e isso é ruim)

Há um herói ou outro como qual você consegue se identificar mais (e reconhecer facilmente no mapa também), mas são exceções. Pegue Overwatch como exemplo: você sabe encontrar facilmente cada personagem na partida, algo que é muito importante para se defender ou atacar e bolar uma estratégia contra cada um deles. E nisso, LawBreakers fica devendo bastante.

Vale a pena?

LawBreakers não é um jogo ruim e oferece a sua dose de diversão (que pode ser potencializada depois que você se adaptar à jogabilidade) com estilo próprio. As classes são bastante distintas entre si e é bem legal experimentar e aprimorar as suas técnicas com cada uma delas.

Entretanto, falta muito arroz com feijão para LawBreakers ficar perto de outros games do mesmo estilo. Para o lançamento, não há variedade de conteúdo, como modos de jogo adicionais, mais personagens e um modo competitivo que engaje a comunidade a continuar persistindo diariamente. De certa forma, fica parecendo que ainda estamos jogando algo na fase Beta em alguns momentos.

Porém, tudo isso ainda está no campo das promessas e de conteúdo futuro. Apesar de as novidades serem gratuitas, é incerto dizer qual será a frequência de atualização e adição de conteúdo. Trata-se de um bom game, mesmo sem revolucionar ou inventar novos paradigmas, mas é impossível relevar que não é uma experiência completa.

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Pontos Positivos
  • Depois de se acostumar com o ritmo, LawBreakers é muito divertido
  • Jogabilidade extremamente rápida, responsiva e sem problemas técnicos notórios
  • Apesar de ter poucas classes, todas são bem diferentes umas das outras
  • O balanceamento do jogo é incrivelmente bem-feito
  • Tecnicamente incrível em quesitos gráficos
Pontos Negativos
  • Há pouco conteúdo para o lançamento do game, principalmente um modo competitivo
  • O PS4 comum sofre com quedas de frames constantes
  • O estilo artístico é genérico e consegue até mesmo impactar no gameplay