Imagem de Crossing Souls
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Crossing Souls

Nota do Voxel
60

Crossing Souls se perde em meio à nostalgia gratuita e falta de identidade

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Desenvolvido pela Fourattic e publicado pela Devolver Digital, Crossing Souls é um game que eu gostaria muito mais caso ele acabasse em sua metade. O que começa como uma homenagem aos filmes e desenhos dos anos 80 e 90, com um tom leve e divertido, em seus momentos finais degringola em uma aventura que tenta trazer uma temática mais pesada repleta de figuras e temas que não fazem muito sentido dentro de seu contexto inicial.

A premissa é simples e lembra muito filmes como “Conta Comigo”: no controle de um grupo de cinco amigos, você descobre uma pedra mágica conhecida como “Duat” que permite ver o mundo dos mortos. Uma força militar quer esse item para cumprir objetivos malignos, e cabe às crianças impedir que isso aconteça, o mesmo tempo em que resgata adultos que são incapazes de conter essa ameaça.

Cada membro de seu grupo possui uma característica própria, que acaba correspondendo a um clichê: há o protagonista bonitão e “pau pra toda obra”, o nerd que consegue usar o “poder da ciência”, o gordinho forte e o irmão mais novo que só está ali para ser irritante. Para completar, também há a garota (que é uma versão mais fraca do protagonista) que está ali para cumprir o papel de interesse romântico e ser usada como ferramenta pelos vilões — não considero isso um spoiler, já que fica muito claro o que vai acontecer depois de pouco tempo de jogo.

Durante sua primeira metade, Crossing Souls consegue manter bem o clima familiar a quem acompanhou os filmes e produtos que lhe serviram como inspiração, mas depois de certo ponto a aventura “perde a mão” de maneira inexplicável. Os vilões, que começam caricatos e divertidos, logo assumem ares brutais e somos brindados com cenas de uma brutalidade que não condiz com a apresentação original do game.

 Crossing Souls é um game que eu gostaria muito mais caso ele acabasse em sua metade

Além disso, em sua tentativa de fazer referências aos clássicos, o game acaba estendendo demais o potencial de sua jogabilidade e mostra a fragilidade dela. Se no início dá para perdoar o combate simplista e as sessões de plataforma pouco responsivas, nas partes mais avançadas isso se torna um problema — especialmente quando o jogo passa a exigir uma precisão que é dificultada pelos comandos que não respondem muito bem.

Crossing Souls

Meus problemas com Crossing Souls começaram no momento em que ele tenta imitar a sequência de motos do primeiro Battletoads (a parte mais irritante do game da RARE, diga-se de passagem) e aumentaram bastante na cena em que a aventura se transforma um jogo de nave no melhor estilo “bullet hell” sem nenhum motivo lógico — algo que só não foi mais irritante do que a sequência de plataforma que acontece logo depois, que me forçou a correr de uma parede em chamas e ser extremamente preciso e rápido em meus movimentos enquanto eu lutava contra controles que não respondiam muito bem.

O que torna esses momentos em que você falha (não porque não sabia o que fazer, mas porque os controles não responderam bem) é o fato de que, antes de tentar muitas desses desafios novamente, você geralmente tem que assistir novamente uma cena que não é possível pular. Isso se torna ainda mais frustrante diante do último chefe, cuja batalha só começa após você derrotar algumas ondas de inimigos.

Crossing Souls

Se pareço irritado ou demasiado crítico com Crossing Souls, é devido ao fato de que, até mais ou menos sua metade, ele estava sendo um jogo agradável. No entanto, ao tentar enfiar referências de forma gratuita tanto em sua jogabilidade quanto em sua história (diabos, até o carro de “De Volta para o Futuro” aparece) e apostar em uma história repleta de elementos que não conversam direito, o game se perdeu de maneira impressionante.

Com isso, os defeitos que seriam perdoáveis caso o final fosse satisfatório só se tornam ainda mais evidentes, resultando em uma experiência que deixa uma sensação de frustração. Há um jogo bom dentro de Crossing Souls, mas decisões equivocadas e a tentativa de apostar em uma escala grande demais para o que os sistemas do jogo conseguem oferecer fazem com que o resultado final não seja dos melhores.

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Pontos Positivos
  • Gráfixos pixelizados muito bonitos
  • Trilha sonora agradável
Pontos Negativos
  • Controles que não respondem bem
  • Sistemas de combate e plataforma medíocres
  • A história deixa de fazer sentido da metade do jogo em diante