Muito mais que os olhos puxados: as diferenças entre o Oriente e o Ocidente

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A princípio, versões de um mesmo jogo lançadas em diferentes países têm apenas o idioma apresentado como diferencial. Assim, um jogo japonês é traduzido para o inglês quando é lançado nos Estados Unidos e para línguas como o espanhol e o francês no caso das versões europeias.

No entanto, muitas vezes por questões legais, culturais  ou mercadológicas, um mesmo jogo pode ter não só o seu nome, mas muitos elementos de sua estrutura modificados completamente ao aportar em um novo país.

Neste artigo, o TecMundo Games buscou procurar alguns dos exemplos mais notáveis da história dos video games para mostrar algumas das localizações mais curiosas já realizadas; desde as pequenas que alteram uma cena ou a capa de um game, até aquelas que acabam gerando um título totalmente novo.

A agressividade da América do NorteE a tranquilidade japonesa

O jogo Nier começou a ser desenvolvido pela Cavia como um jogo exclusivo para o Japão. Quando a companhia decidiu lançar o jogo fora do país, as primeiras discussões começaram nos escritórios em Los Angeles da Square Enix, que publicaria o game nos Estados Unidos e na Europa.

Fonte da imagem: Siliconera
O protagonista inicial foi considerado muito agressivo para o mercado local, o que fez com que a desenvolvedora criasse outro personagem, mais jovem e com a metade de massa muscular, para estrelar a aventura no Japão, enquanto a ideia inicial seria aproveitada para os territórios internacionais.

Assim, os japoneses donos de um PlayStation 3 (console cuja versão do jogo foi desenvolvida posteriormente) puderam controlar um jovem rapaz em busca de sua irmã em Nier Replicant. Os nipônicos que possuem um Xbox 360 e o resto do mundo, por sua vez, ajudaram um homem envelhecido em busca de sua filha em Nier Gestalt.

Fora o nome e o personagem principal, a única diferença notável entre as versões é o fato de que, em Nier Replicant, o protagonista é mais lento. Algo que ocorre por conta de suas pernas menores.

Diferentes visuais para agradar diferentes públicos

O que aconteceu em Nier não foi nenhuma novidade. Como a série de imagens abaixo pode demonstrar, o simpático e rosado Kirby parece nunca estar de bom-humor na capa de seus jogos nos Estados Unidos. Uma escolha tomada para que os compradores norte-americanos não pensassem que os games fossem feitos apenas “para meninas”.

Fonte da imagem: Game Revolution
Outro personagem que não saiu incólume ao aportar nos Estados Unidos foi Ristar, protagonista do game de mesmo nome produzido pelo Sonic Team, da SEGA. No Japão, a estrela assumia uma feição mais austera ao enfrentar os chefes de fases. Já na terra do Tio Sam, a expressão mais agressiva foi definida como padrão.

Fonte: Ristar ClusterIsso, todavia, não é exclusividade dos games japoneses que aportam no mercado norte-americano. A capa da versão japonesa de Uncharted é totalmente diferente da original americana. Nela, Drake, Victor Sullivan e Chloe estão estampados em um cartaz estilizado feito para ser semelhante a um pôster de filme antigo.

Fonte de imagem: NeoGAF
O personagem Racthet, por sua vez, ganhou sobrancelhas negras em todos os jogos da série Ratchet & Clank no Japão. Tudo isso para que as expressões faciais ficassem mais marcadas. Para quem conhece a versão “loira” do herói, só resta olhar com estranhamento.

Fonte da Imagem: NeoGAFO arco-íris da Capcom

Uma personagem curiosa dos games é Poison, que recentemente foi confirmada como uma das lutadoras que irá representar a companhia que vende demos em Street Fighter x Tekken. Ela estreou como um inimigo em Final Fight (jogo inicialmente concebido como uma sequência ao primeiro Strret Fighter) que se apresentava vestido de mulher.

Fonte da imagem: NeoGAF
Os escritórios da Capcom nos Estados Unidos preferiram modificá-la na versão americana, mas não chegaram a uma decisão definitiva. Assim, quem jogou o game no Super Nintendo encontrou um punk chamado Billy em seu lugar, enquanto quem teve acesso a versão do Mega Drive pôde perceber que Poison manteve um visual feminino, mas com roupas não tão curtas e “mais conteúdo” em seus shorts.

Questionado a respeito da história oficial da personagem, que também fez uma aparição em Street Fighter III, o produtor da série, Yoshinori Ono, explicou que nos Estados Unidos ela é uma transexual operada. No Japão, por sua vez, o público parece não se importar com o fato de que Poison é apenas um rapaz que se veste de mulher.

Rebatizando convenientemente

Img_normalAlém disso, há outro problema de identidade relativo à famosa série de luta da Capcom. O grande vilão da série foi batizado pela companhia de Vega para homenagear a estrela do mesmo nome.

O escritório norte-americano da empresa, no entanto, achou que o nome não era suficientemente ameaçador para um vilão e o colocou no lutador espanhol chamado de Balrog no Japão.

Outro problema, contudo, encontrado pela Capcom americana foi o fato de que havia um lutador de boxe chamado M. Bison, cuja semelhança com Mike Tyson poderia gerar problemas para a companhia. Desse modo, Vega se transformou em M. Bison, M. Bison virou Balrog e Balrog virou Vega. Entendeu?

O samurai expulso da Coréia

Na versão coreana do primeiro jogo da franquia SoulCalibur, da Namco, a companhia preferiu rebatizar e modificar a aparência do espadachim Mitsurugi. Assim nasceu Arthur, um pirata europeu que aprendeu a lutar como os samurais durante as suas viagens.

Fonte da imagem: NeoGAF
A mudança foi feita por conta da invasão da Coréia pelo Japão na mesma época da trama do jogo e, devido a isso, a Namco temia que o personagem não fosse bem aceito, já que a figura do samurai foi demonizada, de certa forma, no país.

Nas suas sequências, entretanto, Mitsurugi finalmente deu as caras em território coreano. É interessante notar também que a invasão da Coreia é citada na trama da série, sendo que o samurai já chegou a trabalhar como um mercenário para o exército japonês e que o lutador coreano Yun-Seong o chama de “inimigo de sua terra natal” em um determinado momento.

Música para todos os gostos

Alguns jogos, estranhamente, possuem trilhas sonoras diferentes de acordo com o local em que foram produzidos. Sonic CD, do finado SEGA CD, é um exemplo clássico, contendo duas músicas totalmente diferentes para cada uma de suas fases (sendo uma para a versão japonesa e outra para a americana).

Mas e quando uma música soa diferente dependendo do console? No Japão, muitos cartuchos do Famicom (a versão japonesa do NES), continham um chip especial que permitia que mais de um canal de som fosse executado simultaneamente. O resultado pode ser conferido comparando as versões acima e abaixo.

E você, leitor? Lembra de mais alguma diferença? Jogou o mesmo game que o seu amigo, mas vocês possuem memórias diferentes de alguma coisa? Não deixe de compartilhar as suas lembranças nos comentários!

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