Será que o PlayStation Vita conseguirá escalar rumo ao topo? [ilustração]

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Ilustração: Aline Sentone
Esperado com grandes expectativas pelo público, o PlayStation Vita ainda não tem nem um ano de vida. Lançado no dia 22 de fevereiro desse ano no Ocidente, o portátil mal completou seu primeiro semestre disponível nas lojas.

Nesse meio tempo, contudo, a maior parte das unidades produzidas pela Sony tem permanecido dentro da caixa – seja no estoque das redes de distribuição, uma vez que suas vendas não estão indo bem, ou guardados por quem apostou cedo no console e não tem o que jogar nele.

Enquanto ainda não consegue enfrentar a concorrência do Nintendo 3DS (que também teve um começo fraco, mas foi impulsionado por um corte de preço de US$ 80), o Vita ainda não superou as vendas de seu irmão menor, o PSP – cujas vendas no último trimestre foram duas vezes maiores que a do Vita.

Mesmo com a afirmação de Kaz Hirai, CEO da Sony, de que as vendas do Vita mundialmente estão dentro das expectativas da empresa, ainda há muitos empecilhos capazes de impedir a chegada de novos consumidores e a eventual queda do Vita a um destino trágico no abismo dos games.

O que está impedindo você de comprar um Vita agora?Console caro, acessórios caros... E o salario, ó!O PlayStation Vita é, de fato, um console encantador. A sua tela de OLED é realmente superior e apresenta uma qualidade visual incrível. Ao mesmo tempo, a introdução de um segundo analógico e um touchpad traseiro oferecem controles com maior precisão do que o seu antecessor.

Apesar de ser um hardware admirável, contudo, há algumas características que, desde o seu lançamento (como o BJ já previu) desanimam o consumidor, sendo que uma das maiores é o preço. Vendido por US$ 249,99 nos Estados Unidos e por R$ 1.399 no Brasil, comprar um PlayStation Vita não parece ser um investimento interessante em nenhum lugar.

Ao mesmo tempo, o custo do console não se limita a apenas isso. Em vez de utilizar cartões padronizados como o 3DS (que utiliza cartões SD), o PlayStation Vita precisa de caríssimos cartões de memória do fabricante, sendo que o modelo mais barato, de 4GB, custa US$ 19,99 nos Estados Unidos e R$ 99,00 no Brasil (nós também não entendemos essa taxa cambial).

Dependendo dos jogos, contudo, 4GB podem esgotar-se rapidamente (a versão digital de Uncharted: Golden Abyss, por exemplo, precisa de 3,2 GB de espaço). Desse modo, a não ser que você prefira sempre as versões físicas (mais caras que as digitais) e desista de carregar músicas e vídeos em seu Vita, o preço tende a subir ainda mais.

Jogos (especialmente exclusivos) cadê?

Com cerca de 30 jogos disponíveis desde o seu lançamento, ainda faltam títulos de apelo para os donos de um Vita. Apesar de esse número parecer alto, é preciso lembrar que muitos jogos são adaptações de games presentes em outras plataformas, como Plants vs. Zombies, Rayman Origins e Ninja Gaiden Sigma Plus. Além disso, nos seis meses que se seguiram ao seu lançamento, foram poucos os jogos que chegaram ao console.

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A Sony sabe bem disso e, durante a sua apresentação na gamescom, a companhia focou bastante no portátil e em seus próximos lançamentos. Uma das atrações mais comentadas, por exemplo, foi o seu programa Cross-Buy, com o qual os donos que comprarem determinados jogos para o PlayStation 3 receberão gratuitamente um código para baixar o mesmo game no Vita.

Apesar de a proposta ser interessante (afinal, quem não gosta de jogos grátis?), a Sony ainda precisa de mais títulos como Tearaway, também anunciado durante a gamescom. De acordo com Shuhei Yoshida, presidente da Sony Worldwide Studios, o game é o primeiro a ter todos os recursos do portátil em mente desde o início de seu desenvolvimento.

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Do mesmo modo como a Nintendo foi capaz de ser criativa em títulos como WarioWare Smooth Moves para mostrar as possibilidades do Wii, é papel da Sony e de seus estúdios demonstrar que a tela de toque e o touchpad poder ser utilizados de maneira interessante. Tearaway parece ser um título que mostrará isso, mas ainda é necessário mais.

O que fazer com todos esses UMDs?

Quando um novo console chega ao mercado, a retrocompatibilidade é um ponto capaz de influenciar o público na hora da compra, especialmente se o console chega com uma biblioteca modesta. Afinal, por que investir dinheiro em um portátil se não há garantia de que ele será utilizado?

O PlayStation  Vita oferece retrocompatibilidade com jogos do PSP e do PSOne, contudo, ela foi realizada de uma maneira bastante controversa. Enquanto o Vita aboliu o uso de UMDs, o console ainda aceita as versões digitais dos games de seu antecessor (e ainda assim nem todos).

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No Japão, onde o PSP ainda hoje é extremamente popular, um programa permite que os jogadores registrem seus UMDs acessando a PlayStation Store japonesa por meio de um PSP. Uma vez que o registro é concluído, é possível transferir a versão digital do game para o Vita. O processo, contudo, não é gratuito e não foi disponibilizado em outros territórios.

Já os jogos de PSOne em formato digital vendidos pela PSN nos últimos anos puderam ser jogados no Vita apenas a partir dessa semana, graças ao lançamento da firmware 1.80 do Vita. Apesar de uma única compra garantir que o jogo possa ser baixado no PlayStation 3 ou nos portáteis da Sony, o Vita ainda não é compatível com todos os clássicos do PSOne disponíveis online.

Quatro maneiras de salvar o Vita do abismo1) Se não dá para baratear, agregue valor
Apesar de o preço parecer bastante alto, a cada PlayStation Vita vendido a Sony perde dinheiro. A situação não é nova para a Sony, que viveu algo semelhante durante os primeiros 18 meses do PlayStation 3.Por conta disso, durante a gamescom, Shuhei Yoshida comentou que um corte no preço do PlayStation Vita não deve acontecer em 2012. De acordo com o executivo, enquanto os engenheiros da Sony trabalham para reduzir os custos de produção do console, a companhia continua se esforçando para agregar valor ao console de todas as maneiras possíveis.

Como exemplo, Yoshida comentou os futuros lançamentos de pacotes especiais incluindo o console e exclusivos como LittleBigPlanet Vita, Call of Duty: Black Ops Declassifed e Assassin’s Creed: Liberation. Como são títulos de grande apelo, os pacotes irão oferecer um bom negócio a grande parte do público que ainda não se decidiu pelo console.

2) Corte no preço dos cartões de memória

Se não é possível cortar o preço do console, diminuir o preço dos cartões de memória (ou oferecer um cartão de brinde na compra de determinados games) pode ser uma grande estratégia para a Sony. Afinal, se hoje o console é taxado como caro demais, boa parte da culpa é da obrigatoriedade de adquirir um dos caros cartões de memória juntamente com o console.

3) Estendendo o Cross-Buy para outras desenvolvedoras

Inicialmente, o programa Cross-Buy (que oferece a versão do Vita de um jogo na compra do mesmo para PlayStation 3) está restrito apenas a alguns jogos da Sony, como Ratchet & Clank: Full Frontal Assault e PlayStation All-Stars Battle Royale.

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Logo após o anúncio, contudo, um representante da Electronic Arts anunciou o interesse da companhia de incluir títulos como Need for Speed: Most Wanted ao programa. Enquanto, a princípio, ports dos consoles maiores não aumentam a biblioteca de exclusivos do Vita, essa medida ajudaria a tornar o portátil em uma espécie de PlayStation 3 portátil.

Durante a análise de Metal Gear HD Collection para o Vita, por exemplo, o sistema Transfarring de integração de saves entre o Vita e o PlayStation 3 mostrou-se bastante interessante. O único ponto negativo dessa história é a necessidade de ter de comprar o mesmo jogo duas vezes para isso – custo diluído completamente com o programa Cross-Buy.

4) A tela de toque não serve apenas para pausar o jogo

Não é só porque um recurso está disponível que a sua utilização gratuita seja interessante. Uma prova disso é uma das novidades apresentadas pela firmware 1.80 do Vita. Enquanto antigamente a navegação do menu principal do console era realizada exclusivamente pela tela sensível ao toque, agora os botões e o direcional do aparelho também servem para esse fim.

Enquanto a nova firmware não obriga o jogador a utilizar os recursos extras do hardware em momentos desnecessários, ela soube incluir adições a partis das quais os mesmos recursos são utilizados de maneira criativa. Agora, por exemplo, as páginas carregadas pelo navegador do Vita podem ser roladas utilizando o touchpad traseiro – algo que permite a leitura do conteúdo na tela de maneira mais prática e dinâmica.

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Apesar de simples e fora do contexto de jogos, os exemplos citados mostram como os diferenciais do Vita podem ser bem aproveitados ou incômodos, dependendo de seu uso. Cabe à Sony investir em games que saibam manejar todos os recursos do console de maneira criativa e confortável, da mesma forma como Tearaway está fazendo.

E você? Acredita que a Sony precisa fazer mais do que isso para salvar o PlayStation Vita? Acha que a situação do console não está tão grave quanto parece? Deixe a sua opinião nos comentários e continue o debate!

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