Pontos negativos do Metacritic e outros agregadores de notas

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O mercado de video games é uma selva de lançamentos, concorrência e disputas. Em entrevistas oficiais todos os desenvolvedores podem ser amigáveis, concordarem com questões politicamente corretas, mas na hora de vender games a conversa muda de figura.

Para centralizar as opiniões da imprensa especializada e criar um canal de comunicação entre pessoas “normais” que expressam seus vereditos sobre games, há os sites agregadores de opiniões e notas. Entre os dois principais agregadores existentes estão o Metacritic eo Gamestats.

As notas atribuídas aos produtos são separadas entre as provenientes da imprensa e as que são dadas pelos usuários. No primeiro caso, as pontuações são somadas e depois divididas pelo número delas, resultando em uma avaliação justa da "qualidade" do produto. É claro que existem diferentes características nas medições de cada site e é exatamente sobre os problemas que afetam a credibilidade dessas notas que o TecMundo Games quer tratar aqui hoje.

O principal motivoPara comparar é preciso critérios iguais

  • Como comparar dois jogos que são avaliados com dois pesos e duas medidas?

O principal problema de comprar notas de games e reunir em uma média é que as notas são avaliadas por companhias diferentes. Isso quer dizer que os critérios de cada companhia são distintos. Funciona mais ou menos como se você tivesse que corrigir um trabalho escolar, seu amigo corrigir outro (de um tema diferente) e depois vocês comparariam as notas para saber quem deles conseguiu fazer com mais qualidade...

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  • A polêmica conversão de notas

Vários veículos possuem um sistema próprio de atribuição de notas para os jogos. Em determinados casos, por exemplo, há quem utilize uma pontuação baseada em letras ou em uma graduação muito menor (de 1 a 5 ou de A até E, por exemplo). Para transpor essas avaliações em números da escala de 1 a 10, o Metascore utiliza uma fórmula de regra de três simples, o que inviabiliza toda a análise criteriosa que havia sido feita. É o mesmo que dizer que “B é igual a 8,5”, sendo que não é.

  • Pesos e medidas baseados em critérios obscuros

As médias do Metacritic, por exemplo, são baseadas em médias ponderadas. Isso significa que as notas têm peso diferente, dependendo de qual veículo que a atribuiu. A diferenciação para saber qual vale mais e qual vale menos é feita através de critérios subjetivos, criados pelo próprio site e não explicados com clareza. Logo, algumas opiniões podem ser equivalentes a mais de dez outras...

  • Atribuindo valores para quem não avalia assim

Para os críticos que não fornecem um score numérico nas avaliações dos jogos, o Metacritic, por exemplo, atribui valores de acordo com o que interpretar da leitura da análise. Dá para ser mais subjetivo do que isso em uma comparação matemática de números?

Fonte: Reprodução/Famitsu

  • Outros países, outros conceitos

Uma das revistas mais respeitadas de todo o mundo dos games é a japonesa Famitsu. É no portal dela que muitas das maiores novidades dos video games aparecem por primeiro e que os depoimentos mais confiáveis são transmitidos. No entanto, alguns dos principais sites que agregam notas não aceitam revisões nipônicas.

Assim, alguns jogos um pouco mais específicos — como os JRPGs — acabam sofrendo um julgamento menos acertado e ficam com médias mais baixas. Os fãs desse tipo de jogo certamente sabem bem o que é ver seu título do coração com um “5 e pouco”...

  • Sites de uma vertente específica

Aqui chegamos a um pequeno dilema. O que dizer de um site que possui a palavra “PlayStation” no endereço da página, quando ele faz uma análise de Uncharted 2, por exemplo? Para tentar resolver isso, o sistema de pesos diferentes foi implementado, o que não resolveu muita coisa.

Fonte: Divulgação/Samsung

  • Critérios relacionados à plataforma

Esse problema foi apontado pelo leitor Caio de Moraes e é uma questão que os redatores do TecMundo Games sempre param para discutir. Como comparar gráficos de God of War 3 com os de GTA IV? Mais do que isso, quando se analisa um jogo de Wii, por exemplo, é preciso levar em conta o potencial mecânico do aparelho e o quão longe o título pode chegar neste console.

Isso implica dizer que jogos podem receber notas mais altas ou mais baixas no mesmo quesito, mesmo que um seja feito para Nintendo DS e outro para PC. Então, é muito complicado comprar títulos de plataformas diferentes.

Distorções e confusõesÉ possível manipular as notas de um game?Fonte: Reprodução/Facebook
Depois de tantos questionamentos pertinentes sobre os agregadores de notas e opiniões sobre games, será que é possível fazer com que uma determinada pontuação seja alterada, de acordo com a intenção dos leitores? Em determinados casos, manipular um resultado desses é mais fácil do que parece.

Dois dos exemplos mais famosos disso envolvem situações bastante distintas. O primeiro deles é um fato ocorrido com Diablo 3. Antes mesmo de o game ter sido lançado, a Blizzard já contabilizava milhares de unidades comercializadas em pré-venda — e nada de liberar uma versão para a imprensa testar antes.

Fonte: Reprodução/Metacritic
Por essa razão, quando o game estreou, os servidores ficaram sobrecarregados e praticamente ninguém conseguia se conectar. Não houve o que fazer sobre isso, a não ser aguardar que a desenvolvedora tomasse alguma providência...

Enquanto isso, os gamers mais raivosos resolveram se unir e formar uma comitiva votante no Metacritic, de maneira a diminuir drasticamente a nota do jogo. A adesão de jogadores emitindo análises negativas foi tão grande, que até hoje o game tem uma nota de usuários “medíocre” no site de avaliações.

Fonte: Reprodução/Metacritic
O outro exemplo é o jogo Revelations 2012, que recebeu tratamento contrário. O game é tão fraco, mas tão pobrezinho, que os usuários acharam engraçado manifestar opiniões favoráveis à compra da obra. Atualmente, a nota deste título já voltou ao patamar merecido.

Desenvolvedores pouco convencidos

Um dos depoimentos mais interessantes sobre a relação de desenvolvedores com os sites que agregam avaliações foi dado por Matthew Karch, CEO da Saber Interactive e responsável pela campanha solo do título Halo: Combat Evolved Anniversary. Falando com o site CVG especificamente sobre o Metacritic, Karch mostrou sua insatisfação com a nota média atribuída a seu game.

Para não ficar com cara de reclamação superficial ou inválida, o responsável pelo remake da primeira aventura de Master Chief justificou seu depoimento negativo com excelentes argumentos. Segundo ele, quando Timeshift foi avaliado, houve pessoas dizendo que não haviam testado o multiplayer da produção, mas que mesmo assim atribuíram uma nota ao game na íntegra.

Fonte: Reprodução/Metacritic
“O que eles estão querendo dizer é que eu passei quase três anos da minha vida e do tempo da minha equipe para produzir esta obra, e depois você dizer que não testou, mas que parece ok”, diz Karch, indignado. “Eu não gosto do Metacritic porque não há nada que possa mensurar como as pessoas se sentem em relação aos games”, conclui ele.

Desenvolvedoras convencidas

Recentemente, a Irrational Games publicou uma oferta de vaga para desenvolver um novíssimo título, que possivelmente seja do patamar AAA (blockbusters). A empresa é fortemente reconhecida e possui trabalhos incríveis como BioShock e BioShock 2. No entanto, o que chamou a atenção foram os requisitos para o preenchimento da vaga.

O requerido funcionário deveria ser um designer de games com vasta experiência na área, com mais de seis anos de atuação no mercado, trabalhos com funções diretas e que tenha feito um número mínimo de produtos. Agora vem a bomba: é necessário ter participado de pelo menos um game com média igual ou superior a 85 pontos no Metacritic.

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Seria um critério de avaliação profissional o valor numérico que o site agregador de notas atribui a um jogo? O site Gamasutra montou um artigo inteiro especificamente falando desta questão, sendo que todos os principais editores opinaram de forma pessoal. Obviamente, ninguém achou nem um pouco plausível esse conceito. Depois de ler até aqui este artigo, nem é preciso justificar mais que isso...

E você?

Agora é sua vez. O que você acha do Metacritic, Gamestats e outros agrupadores menores de notas e avaliações de games? Você confia neles? Antes de comprar um game, é lá que você vai buscar informações sobre a repercussão da obra no mercado? Seu comentário é muito importante para nós, portanto não deixe de nos contar o que você acha!

Fontes: sugestões do leitor Caio de Moraes, Metacritic, GameStats, VG24/7, ComputerAndVideogames, Gamasutra

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