Quais cuidados tomar antes e durante a jogatina?

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Lá se vão mais de 40 anos desde que o Magnavox Odyssey alucinou os primeiros jogadores com sua versão caseira de Pong. De lá pra cá, o chamado “entretenimento eletrônico” não apenas se tornou mais complexo, mas também muito mais rico e plural. Como resultado dessa expansão rápida, novas audiências foram conquistadas e os video games hoje se tornaram uma genuína diversão sem restrições de idade ou gênero.

Ocorre, entretanto, que essa tomada acelerada de territórios trouxe consigo alguns efeitos bem pouco desejáveis. Já nos idos dos anos 80, descobriu-se que a exposição constante à alternância de cores e intensidades de luz dos consoles da época poderia provocar crises epiléticas em quem tivesse pré-disposição.


Mas tudo pode ficar ainda mais funesto. De fato, não é nenhuma novidade falar hoje sobre injúrias musculares e psicológicas graves causadas pela utilização errada ou excessiva dos video games. Em casos mais extremos, não faltam relatos de pessoas que morreram por conta da jogatina desmedida — normalmente por causa da exaustão decorrente do uso prolongado em questões muito pouco saudáveis.

São casos extremos e, felizmente, relativamente raros. Entretanto, não é incomum encontrar aqui e ali histórias de jogadores que acabaram com problemas musculares, auditivos e visuais em razão da falta de cuidados ao praticar uma atividade que, de fato, tem tudo para ser bastante saudável.

Cuidados ergonômicos básicosAlguns pontos para observar antes e durante a jogatina

Fala-se de ergonomia quando o assunto é a interação entre homem e máquina, tendo em vista o privilégio do primeiro. Os mais interessados podem coletar descrições ainda mais elaboradas, como essa abaixo, de Jacques Régnier:

“A ergonomia tem como objeto as comunicações entre homens e ‘máquinas’, o homem como usuário, consumidor, operador, controlador ou trabalhador. Os ergonomistas, ao projetarem equipamentos, produtos, estações de trabalho e sistemas, objetivam maximizar o conforto, a satisfação e o bem-estar, garantir a segurança e minimizar os custos humanos do trabalho e a carga física, psíquica e cognitiva do operador. Resulta, consequentemente, um segundo objetivo, que é permitir ao homem utilizar da melhor maneira possível e pelo maior tempo possível suas experiências, habilidades e potencialidades. A Ergonomia visa adaptar o trabalho e o ambiente físico do trabalho ao homem. Seu objetivo é, portanto, sobretudo humano”.

Fonte da imagem: Reprodução/Nintendo

Mas quer saber? Você não precisa ser um expert da ergonomia para tornar o seu divertimento mais saudável — embora seja bastante recomendável consultar um profissional da área. De fato, alguns cuidados básicos já podem ajudá-lo a manter uma rotina bem menos sujeita a surpresas desagradáveis.

“Com o grande aumento na gama de habilidades físicas dos ‘gamers’, torna-se especialmente importante para esses jogadores aderirem alguns princípios básicos da ergonomia enquanto desfrutam seu tempo livre. Falhar ao cumpri-los pode resultar não apenas em perdas nos jogos como, o que é ainda pior, em desconforto físico e lesões”, lembrou Anne Kramer, em artigo para o site ErgoWorks.

Dessa forma, Kramer recomenda manter a atenção sobre os seguintes pontos — antes e durante a jogatina:

  • Treine as suas mãos

Talvez pareça redundante, mas pessoas que se sujeitam a treinamentos para dedos, punhos e mãos têm, estatisticamente, menos risco de desenvolver lesões por esforço repetitivo — tais como a síndrome do túnel carpal. Alguns exercícios ergonômicos simples para as mãos podem ajudar — digamos, algo além de pressionar botões e esfregar o polegar para disparar shoryukens.

  • Postura

Trata-se talvez de um dos pontos mais batidos pelos ergonomistas — e não é por acaso. Conforme lembra a referida publicação, é comum que alguns jogadores até busquem posturas eretas e suportes para braços e pés no início. Entretanto, conforme “entram no jogo”, mesmo esses sujeitos, a princípio cuidadosos, podem acabar se escarrapachando no sofá.

Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

O mandamento aqui é utilizar sempre cadeiras com suporte lombar e descanso para os braços, atentando ainda para a distância mínima entre os olhos e a tela. “O ideal é que a televisão ou o monitor do computador estejam a uma distância em que toda a tela esteja incluída no campo de visão”, diz a especialista à referida publicação.

  • Iluminação

Existe um mandamento “para-ergonômico” elementar quando se trata da ambientação da jogatina: quanto menos luz tiver o ambiente, “melhor”! Ok, talvez aquele monstro em particular se torne mais assustador ao emergir de uma tela de TV para o breu da sua sala de estar. Entretanto, isso tende a ser extremamente extenuante para os olhos, como explica Kramer.

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“Com todas as cores brilhantes e trocas rápidas de imagem envolvidas na maioria dos video games hoje em dia, os seus olhos são forçados a operar com grande esforço no escuro”, diz a especialista. “Faça um favor a eles e ajuste as luzes de forma a minimizar o contraste relativo entre as luzes do ambiente e a sua tela.” Em outras palavras: “Ligue as luzes!”.

  • Sons

Da mesma forma que ocorre com os seus lhos, os seus ouvidos funcionarão muito melhor caso não precisem “trabalhar” de forma extenuante. Igualmente, é preciso evitar danos irreversíveis. Dessa forma, “ajuste o seu controle de volume de forma que os ruídos importantes mais sutis possam ser ouvidos, mas não deixe tão alto que os sons mais altos se tornem desconfortáveis”.

  • Faça pausas

Eis aqui outro ponto batido e rebatido — quase um mantra de uma indústria preocupada com os efeitos indesejáveis dos seus produtos. Na verdade, o próprio Solid Snake (Metal Gear Solid IV: Guns of the Patriots) já chegou a advertir sobre a necessidade premente de dar pausas após um bom tempo de jogo.


“Talvez o que de mais importante deve ser mantido na memória enquanto você submerge no seu jogo favorito são as pausas ocasionais”, lembra Anne Kramer. “Pressionar o botão ‘pausa’ para descansar por cinco minutos a cada 30 minutos fará os seus músculos relaxarem, os seus olhos focarem em qualquer outra coisa e a sua mente poderá vaguear um pouco.”

A especialista lembra ainda: “Você perceberá que incorporar descansos periódicos à sua rotina não apenas vai reduzir o desconforto físico como ainda vai torná-lo um jogador melhor”.

“Vilões” ergonômicos em potencialÉ melhor tomar cuidado com eles

No que se refere à maioria das formas de entretenimento eletrônico, talvez o que mais valha seja aquele famoso refrão popular: “Tudo o que é demais faz mal”. Basicamente, a exposição prolongada e descuidada pode transformar uma diversão sadia em um problema de saúde.

Fonte da imagem: Divulgação/Nintendo

Mas há alguns casos particulares, é verdade. Casos em que o próprio formato concebido pelo fabricante traz problemas de ordem ergonômica que vão além do razoavelmente aceitável. Naturalmente, o bom senso ainda pode prevalecer, de maneira que, em doses homeopáticas, ainda é possível garantir a diversão sem problemas maiores. Mesmo assim, é bom tomar cuidado.

  • Virtual Boy


O velho HMD (head-mounted display) da Nintendo talvez conste atualmente até mesmo na enciclopédia, sob o verbete ergonomia — como um contraexemplo. Embora trouxesse um conceito bastante original e de vanguarda para o ano de 1995, o aparelho acabou sendo um fracasso econômico por conta do extremo desconforto que causava após pouco tempo de uso.

De fato, o manual de instruções do aparelho é lotado de avisos em vermelho, com considerações que vão de náuseas a crises epiléticas em potencial. Havia um que alertava sobre a utilização dentro de automóveis em movimento, inclusive. Entretanto, mesmo observando as recomendações, ainda era provável que você acabasse com uma bela dor de cabeça após algum tempo.

  • Efeito tridimensional do 3DS

Fonte da imagem: Reprodução/Nintendo

O pioneirismo da Nintendo é inquestionável. Entretanto, às vezes mesmo a Big N “dá com os burros n’água”. A ideia com o 3DS foi clara desde o início: assim como os controles sensíveis ao movimento foram uma revolução com o Wii, o mesmo deveria ocorrer agora com o 3D estereoscópico.

Não ocorreu bem dessa forma, de fato. Embora seja difícil falar em pesquisas conclusivas, o efeito tridimensional do portátil não agradou de forma geral. Há jogadores que reclamam de dores de cabeça e, conforme relevaram pesquisas recentes, há uma boa parcela que simplesmente prefere a experiência de jogos com a estereoscopia desligada.

  • Oculus Rift

Fonte da imagem: Reprodução/Kotaku

Eis aqui outra evolução que não tem agradado de maneira integral. Durante testes, diversos críticos mídia afora têm reclamado de “tonturas”, “enjoos” e mesmo um curioso “tipo de aflição” ao utilizar o apetrecho — assim como o Virtual Boy (acima), uma espécie de monitor acoplado à cabeça, a fim de aumentar a imersão.

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