O desenvolvimento de Call of Duty para um eSport alucinante

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Falar de eSport é, a princípio, falar sobre o cenário competitivo dos video games. Embora as discussões tentem justificar esse termo apenas para os títulos com espetáculos e grandes premiações, é inegável que qualquer jogo pode atingir um nível de profissionalização com o devido investimento. Nesse ponto podemos falar de uma série que cresceu muito nesses anos com esse interesse: Call of Duty.

Desbravando o difícil gênero de shooters para consoles, a franquia nunca teve seu “glamour” nas competições perto do sucesso de Counter-Strike. Suas desavenças e diferenças com Battlefield agarrou os fãs desde os tempos primordiais das jogatinas online, mas foi aos poucos que ele conquistou seu espaço no eSport.

Call of Duty é uma das séries que mais se renova entre os games competitivos. Mesmo que isso seja um espaço para duras críticas, foi esse fator que possibilitou que ele evoluísse conceitos de uma forma que outros títulos não conseguiam. Counter-Strike se manteve quase idêntico por décadas, enquanto aqui temos três propostas diferentes nos últimos anos — e a mais recente reforçou que é possível competir em um jogo preciso e rápido mesmo com as mãos em um controle comum de video game.

Call of Duty: Advanced Warfare impressionou por sair dos passos apertados de um soldado para os saltos velozes de um exoesqueleto. Impressionou ao tirar o fôlego de milhares de jogadores e espectadores em partidas acirradas de altíssimo nível.

Mas nem sempre Call of Duty foi assim, e reservamos um pequeno espaço aqui no BJ para mostrar o que foi preciso desenvolver na franquia para atingir os fanáticos fãs por eSport.

Desenvolvendo as competições

A franquia de tiroteios começou suas primeiras competições em 2007, com Call of Duty 4: Modern Warfare. Nesse período os campeonatos onlines já pipocavam por toda a Europa e os Estados Unidos, mas foi no ano seguinte que a Major League Gaming, a maior liga profissional de eSport da América do Norte, abraçaria a série para torná-la profissional e uma verdadeira febre no continente.

A MLG nunca mais largou o Call of Duty desde esse primeiro encontro. Mais do que isso: a organização deu mais e mais espaço para torná-la uma febre competitiva. Enquanto Modern Warfare premiou US$ 310 mil desde o seu lançamento, Call of Duty: Black Ops superaria esse valor apenas no ano de 2011.

E assim os prêmios cresceram. O primeiro torneio milionário chegaria com Call of Duty: Modern Warfare 3 e o mundial do jogo estrearia ainda em 2011. US$ 1 milhão e os melhores times do mundo se reunindo em Los Angeles, congratulando a Optic Gaming e criando uma das maiores lendas no cenário: Matthew "NaDeSHoT" Haag.

Os anos seguintes trariam premiações cada vez maiores. O título mais recente, Call of Duty: Advanced Warfare, foi lançado no final de 2014 e já ocupa o 13º lugar no ranking dos games mais premiados do eSport mundial.

Grande parte desse valor ainda está nas mãos da MLG, que realizou em março desse ano a Call of Duty Championship. 2015, em especial, mostrou o quanto o jogo atingiu um status profissional que surpreendeu o próprio estúdio responsável pelo jogo — e vamos falar mais sobre isso logo em seguida.

Desenvolvendo para as competições

Desenvolver um jogo não é nada fácil; mas desenvolver um jogo prestigiado em torneios milionários é muito mais difícil. Em pleno campeonato mundial, o produtor da Sledgehammer, Mike Mejia, viu o quão difícil é essa tarefa. “Não podemos esquecer dos espectadores. Não podemos esquecer dos competidores. Não podemos esquecer dos gamers”, revelou ele em uma entrevista recente para a VG24/7.

A evolução da franquia teve que equilibrar essa filosofia com os desejos da comunidade. “Foi intencional sair de Modern Warfare 3 porque os jogadores pediam por novas forma de jogar”, declarou o representante do estúdio.

“Mas não queríamos criar algo que era dedicado 70% para uma audiência e 30% para outra. Ele tem que ser competitivo e divertido para você prosseguir. Se a competição não estiver no coração do jogo, então você não terá uma boa experiência.”

Boa parte das mudanças em Call of Duty: Advanced Warfare foram assim. Além de uma enxurrada de novas armas, outra inovação foi o modo Uplink — uma espécie de "capture a bandeira" ao contrário, pelo qual sua equipe busca um drone no centro do mapa e precisa levar ele na base adversária.

“Projetamos cerca de 40 novos modos até chegar em Uplink”, explicou o produtor. “Mas quando tivemos o protótipo nós percebemos o quanto isso ia mudar o jogo. Nós tivemos tempo de montá-lo e sabíamos que tínhamos que engajar os jogadores. Falar com eles e fazê-los uma parte disso. E eles pareciam bem satisfeitos com isso. Eles sabiam que o jogo tinha que evoluir. E isso ajudou a desenvolver a competição e como eles jogavam o jogo.”

“É muito diferente dos campeões de Call of Duty de três anos atrás”, refletiu.

“Ver esses jogadores usando as mecânicas e como eles ‘nerdam’ os mapas — esse é o termo que nosso consultor profissional usa —, como exploram o mapa polegada por polegada. É incrível ver como eles encaixam isso com o movimento do exoesqueleto e como percebem onde os ‘respawns’ estão vindo”, revelou o líder do design multiplayer, Greg Reisdorf.

“Olhos atentos sempre dão uma perspectiva diferente de como atacar o problema. Eles irão fazer coisas interessantes e novas nos mapas que nós perdemos o foco por ver tantas vezes. Eles desconstroem o mapa muito rapidamente. Eles formam estratégias em equipe tão rápido que não esperamos por isso”, adicionou.

A agilidade dos jogadores em Call of Duty: Advanced Warfare é o que surpreendeu a plateia durante as partidas do campeonato mundial. Se você achava Quake um shooter rápido por conta de pulos e mais pulos, aqui a coisa é mais ágil ainda. Em instantes o jogador pode saltar de um lado de uma sala e pousar no outro.

“Queríamos ajeitar as coisas para que você pudesse fazer movimentos incríveis. Aqueles movimentos que você vê na NBA com uma superestrela detonando alguém. Um show no último minuto”, complementou Mejia.

“As coisas podem mudar nesse último minuto”, finalizou Reisdorf. E não é assim que acontecem as partidas mais inesquecíveis?

Desenvolvendo o futuro

O próximo grande evento de Call of Duty: Advanced Warfare acontecerá em entre os dias 16 e 18 de outubro para celebrar o centésimo evento da MLG. Ao lado de DotA 2, o jogo levará para New Orleans, nos Estados Unidos, mais um grande espetáculo com os melhores times do mundo em busca da premiação total de US$ 500 mil.

Call of Duty já invade teatros e estádios para mostrar que também consegue trazer a mesma emoção de um esporte para uma plateia faminta por um tipo diferente de competição. Você deve conhecer essa febre em League of Legends, DotA 2 ou mesmo Counter-Strike: Global Offensive. Aqui ela envolve tiroteios, explosões e reviravoltas com as mãos no controle — um futebol para a nova geração que cresceu ao lado do entretenimento eletrônico.

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