A Comissão Europeia aprovou, nesta segunda-feira (15), a compra de quase US$ 70 bilhões da Activision Blizzard pela Microsoft. De acordo com a entidade, o acordo foi aprovado porque a gigante de tecnologia está disposta a cumprir planos que viabilizam a concorrência, além de melhorar os serviços de jogos em nuvem.
“A decisão de hoje segue uma investigação aprofundada da proposta de aquisição da Activision pela Microsoft. Como sempre, a Comissão baseou sua decisão em evidências concretas e em amplas informações e feedback de concorrentes e clientes, inclusive de desenvolvedores e distribuidores de jogos, bem como plataformas de streaming de jogos em nuvem na Europa”, diz trecho do comunicado da Comissão Europeia.
A aprovação vem pouco mais de duas semanas após o órgão regulador do Reino Unido bloquear a aquisição com a justificativa de que seria perigoso para a indústria de jogos eletrônicos.
A posição da Comissão Europeia mudou um entendimento inicial, já que uma investigação preliminar havia concluído que a compra bilionária poderia prejudicar a concorrência. Depois deste entendimento, os reguladores resolveram empreender estudos mais profundos.
De acordo com a comissão, a nova investigação indicou que a Microsoft “não seria capaz de prejudicar consoles rivais e serviços de assinatura de vários jogos rivais”. Por outro lado, os novos estudos chegaram a conclusão de que a dona do Xbox pode “prejudicar a concorrência na distribuição de jogos por meio de serviços de cloud gaming”. Confira, a seguir, parte das conclusões (positivas e negativas):
- A Microsoft não teria motivos para se recusar a lançar games como Call of Duty para PlayStation, já que não faria sentido financeiro. Na Europa, há 4 consoles da Sony para cada Xbox;
- Mesmo que Call of Duty seja amplamente jogado em console, o jogo é menos popular no Espaço Econômico Europeu (EEE) do que em outras regiões do mundo e é menos popular no EEE dentro de seu gênero em comparação com outros mercados;
- Mesmo sem essa transação, a Activision não teria disponibilizado seus jogos para serviços de assinatura de vários jogos, pois isso canibalizaria as vendas de jogos individuais;
- Se a Microsoft tornar os jogos da Activision Blizzard exclusivos no Game Pass e os retiver de provedores rivais de streaming de jogos em nuvem, isso reduzirá a concorrência na distribuição de jogos por meio de streaming de jogos em nuvem.
Remédios para a aquisição
Para permitir a negociação, os órgãos reguladores aplicam os chamados “remédios”, que nada mais são do que medidas para tornar um acordo comercial menos prejudicial para a concorrência.
No caso da compra da Activision Blizzard pela Microsoft, a Comissão Europeia listou obrigações sobre licenciamento que a dona do Xbox terá que cumprir por 10 anos. A principal é que a Microsoft terá que oferecer licenças gratuitas para que consumidores no EEE possam jogar via nuvem qualquer game da Activision Blizzard – no PC ou console – em qualquer serviço de streaming.
Ou seja, com essa medida, fica garantido que pelo menos na Europa os jogadores poderão jogar via nuvem títulos de franquias como Crash, Overwatch, Diablo, Spyro e Call of Duty em plataformas como PS Plus e GeForce Now, além do xCloud, claro.
“Esses compromissos atendem plenamente às preocupações de concorrência identificadas pela Comissão e representam uma melhoria significativa para o streaming de jogos em nuvem em comparação com a situação atual. Eles capacitarão milhões de consumidores do EEE a jogar jogos da Activision usando qualquer serviço em nuvem operando no EEE, desde que sejam comprados em uma loja online ou incluídos em uma assinatura ativa de vários jogos no EEE”, pontuou a Comissão.
Por último, a entidade europeia salientou que os próprios acordos bilaterais fechados entre Microsoft e Nintendo, por exemplo, deixam claro que não há motivos para achar que a indústria será prejudicada.
Contudo, o órgão fez questão de ressaltar que o aval para a compra “está condicionado ao cumprimento integral dos compromissos” e que “sob a supervisão da Comissão, um curador indepedente será responsável por monitorar” se as obrigações estão sendo cumpridas pela Microsoft.
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