Ancient Cities é um promissor city builder dos tempos das cavernas

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Imagem: Ancient Cities

Desde que comecei minha caminhada gamer pelos computadores, tornei-me um grande entusiasta de jogos voltados à construção de cidades. Tudo começou na década de 1990, com SimCity, que trazia a possibilidade de desenvolver regiões de forma complexa e prazerosa para aquela época. Os anos foram passando, os diversos contextos ajudaram e, atualmente, temos uma enxurrada de títulos que "bebem da fonte de sucesso" compartilhada por Pharaoh, Banished e Dwarf Fortress.

Cenários futuristas, atuais ou com base no passado. Todos apresentam pontos a serem analisados, e cair na vala comum é quase que uma certeza. A diversificação entre eles é pequena, e o ostracismo pode ser fatal. Recentemente, um título me chamou a atenção: Ancient Cities (AC), da espanhola UncasualGames, conduzida pelo grupo de amigos Juan, Xavi, Luis e Eugenio. Calma, não é o novo quarteto fantástico do Barcelona ou do Real Madrid.

Além do fato de gostar de city builders, sou um apaixonado pela história do nosso mundo, principalmente pela "época dos homens das cavernas". Assim, o cenário perfeito estava montado, bastava aguardar o lançamento dessa pedra para ser lapidada.

Uma boa ideia na cabeça

O projeto começou a ser desenvolvido em junho de 2017, junto de uma campanha no Kickstarter, que arrecadou mais de 127 mil euros. A UncasualGames também criou o financiamento coletivo no site Indiejogo, onde conseguiu 93 mil euros. Depois de mais de 3 anos de desenvolvimento e uma pandemia no meio da história, Ancient Cities foi lançado em acesso antecipado na Steam, em dezembro de 2020.

Eu já tinha acesso ao modo alpha (que era bem cru para ser sincero), mas com a chegada do game na Steam, o feedback constante dos jogadores e a resposta iminente dos desenvolvedores, comecei a me dedicar mais ao jogo, principalmente para escrever este texto para vocês. E não pensem que foi fácil, pois tive que convencer os desenvolvedores de que seria apenas uma prévia do jogo. Até pelo estado atual dele, não poderia ser muito diferente.

Ancient Cities pode ser considerado um game de sobrevivência, com atributos de construção de cidades. Os dois fatores caminham lado a lado, como já encontramos em muitos outros títulos, e o seu pano de fundo é a era Mesolítica.

O período é compreendido pelos historiadores entre 10 mil a.C. e 5 mil a.C., quando a Terra passou pelas últimas eras glaciais, fazendo a temperatura ficar mais amena, permitindo um novo normal. Naquele tempo, era comum os seres humanos procurarem uma caverna e alimentos para sobreviver, em um ciclo contínuo e infinito. Com a grande mudança no ecossistema, foi possível migrar das cavernas para os terrenos e dar início a uma verdadeira civilização.

O jogo inicia exatamente dessa forma, com o jogador comandando um pequeno grupo de nômades. Ele poderá escolher o local onde sua aventura começa, sendo no meio no mato, próximo à praia ou até mesmo nas margens de um rio. A sua pequena tribo tem crianças, mulheres e homens, e lá o trabalho infantil acontece. O gamer inicia a sua caminhada sem muitas dicas e tentando entender tudo como funciona, meio que na tentativa e erro, já que ainda não existe tutorial. Foram diversos inícios de jornada para conseguir desenvolver de forma primária o meu assentamento.

Os menus, parte fundamental da interatividade de um jogo de construção, ainda precisam ser melhorados para o entendimento e a usabilidade ficarem mais eficazes. Percebe-se claramente que o quarteto tem uma grande facilidade em desenvolver a parte gráfica e os algoritmos para o desenvolvimento e o gerenciamento da aldeia.

Um dos grandes diferenciais de Ancient Cities, que foi pouco explorado em outros títulos, refere-se à astronomia. Considerada uma das mais antigas ciências, ela foi fundamental para direcionar as civilizações antigas. No título espanhol, ela tem um espaço jamais visto entre outros jogos e pode ser fundamental para o sucesso na aventura.

Comparar é um dever

Em 2020, cheguei a jogar dois títulos de construção de cidades baseados no passado. No primeiro deles, chamado Ostriv, o gamer desenvolve uma aldeia ucraniana do século 18; o jogo é excelente, mesmo estando em acesso antecipado. Outro jogo é Dawn of Man, o qual tem relação direta com Ancient Cities, pois também apresenta homens pré-históricos no contexto. É praticamente impossível não criar analogias entre os dois games.

Dawn of Man já está bem desenvolvido, podendo ser jogado de forma tranquila. Já Ancient Cities ainda é um "bebê aprendendo a caminhar", mas que pode se tornar um monstro muito maior do que o seu principal concorrente. Digo isso, pois o título espanhol tem mais complexidade do que Dawn of Man. Os gráficos são mais parrudos, mesmo em se tratando de um jogo que foca outros quesitos.

O carro-chefe de Ancient Cities está na possibilidade de estratégias e de gerenciamento de matérias-primas e alimentos, além do fator "sobrevivência". As possibilidades são infinitas, desde a criação de grupos específicos para a colheita até as áreas desejadas de trabalho e de construção. Ainda é possível cuidar da estrutura familiar, modificar políticas e até mesmo a religião.

Tudo acontece de forma lenta e minuciosamente controlada. Não poderia ser diferente, pois na época era assim mesmo que tudo ocorria. Ainda será possível descobrir itens, aprimorar tecnologias, gerenciar recursos e a população. Essa última tarefa pode parecer um pouco complexa de início, já que o jogador pode dividir todos os seres humanos em grupos ou até dar tarefas individuais para eles.

Não pense que parou por aí. Para construir sua grande cidade, será necessário enfrentar invasores e até a fúria do ecossistema, e não é só isso que assusta. O fato do jogo custar quase R$100,00 pode ter sido um tiro no pé da desenvolvedora. Creio que eles ficaram felizes com a repercussão até o período anterior ao lançamento, com novidades praticamente diárias que aguçaram os jogadores. Porém, colocar esse preço pode afastar muitos gamers

A grande questão é saber se a empresa vai manter o sarrafo alto e fazer o possível para agradar os fãs que investiram dinheiro na campanha coletiva e principalmente naqueles que tiveram coragem de comprá-lo por esse preço.

Fica bem claro que o jogo é promissor, mas que vai depender muito do apoio dos jogadores. AC ainda apresenta um estágio inicial, praticamente Alpha, mas tem potencial para tornar-se gigantesco no decorrer dos próximos meses. Será fundamental um bom gerenciamento fora da telinha para que o projeto se torne um grande título.

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