Atualmente, não dá para brincar com a segurança no ambiente digital, já que não são poucos os casos de vazamento de senhas, roubo de dados e cartões clonados em compras online. Mesmo o melhor antivírus ou a proteção mais poderosa acabam não dando conta de deter um ataque certeiro de alguém mal intencionado – principalmente se você clicou naquele email suspeito ou link polêmico no Facebook. Porém, quando surgiram os primeiros vírus de computador, tudo era um pouco mais ingênuo e menos perigoso no mundo da informática.
Chame os softwares maliciosos dessa época de “vírus raiz”, “vírus moleque” – sim, como o samba e o futebol – ou o que quiser, porque eles não passavam de passatempos de jovens programadores em um período inicial da sua criação. O site Priceonomics tentou resgatar essa época relativamente inofensiva ao explorar dois dos primeiros programas do tipo, o Elk Cloner e o Brain. Ambos conseguiram se espalhar com uma velocidade espantosa, principalmente se considerarmos que sua transmissão não era feita através da internet.
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Richard Skrenta, criador do Elk Cloner.
Enquanto o sistema da Apple é considerado bastante seguro quando comparado aos PCs hoje em dia, há algumas décadas a realidade era um pouco diferente. Implementado em 1981, o Elk Cloner foi o primeiro vírus desenvolvido para produtos da empresa da Maçã, criação de Richard Skrenta – estudante do último ano do ginásio. A obra do rapaz era o terror dos colegas que pirateavam jogos, já que o software colocado nos Apple II da escola infectava os disquetes inseridos, fazendo com que eles replicassem o código para outras máquinas.
Os dispositivos infectados apresentavam alguns pequenos erros durante o uso rotineiro, mas o vírus só apresentava sua versão final na 50ª vez que era colocado em um computador, agraciando o portador com um poema que era exibido na tela. “Elk Cloner: O programa com uma personalidade. Ele vai entrar em todos os seus discos. Vai se infiltrar nos seus chips. Sim, é o Cloner! Vai grudar em você como cola. Vai modificar sua RAM também. Manda ver no Cloner!”, dizia a mensagem, para desgosto do portador.
Ok, o PC não foi esquecido
Anos depois, em 1986, os irmãos paquistaneses Basit e Amjad Farooq Alvi resolveram criar o Brain como uma forma de avaliar o comportamento dos “pirateiros”. Isso porque a empresa deles havia desenvolvido um software voltado para medicina que estava sofrendo com as cópias ilegais nos antigos IBM PCs. Assim, o vírus da dupla punia quem havia feito uma cópia do disquete original do programa, atingindo seu setor de inicialização e tornando as operações no disco cada vez mais complicadas de serem realizadas.
Pedaço de código que oferecia vacina para o Brain.
Além de tornar mais difícil a vida do cidadão, o hardware infectado também recebia um pedaço de código no qual se podia ler uma mensagem simples oferecendo “vacinação” para o tal vírus, oferecendo dados de contato reais do escritório dos irmãos Alvi. O mais impressionante é que, depois de algum tempo, as ligações começaram a chegar e, desse modo, eles puderam verificar até onde sua criação tinha chegado. O Brain chegou a infectar diversos pontos dos EUA, criando uma epidemia em PCs de universidades e até de jornais norte-americanos.
Eventualmente eles removeram seu endereço e telefone do Brain e, tempos depois, acabaram parando de vender seu produto com o malware embutido de vez. A empresa dele se embrenhou no ramo das telecomunicações e hoje é um dos principais provedores de internet do Paquistão. O criador do Elk Cloner, Skrenta, por sua vez, é agora o CEO de uma companhia de buscas chamada Blekko, que já recebeu mais de US$ 60 milhões em investimentos. Nada mal para quem começou a vida como um “delinquente digital”, não é?
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