Renúncia do presidente, dívidas e crise na Oi preocupam Governo e clientes

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Na última sexta-feira, 10 de junho de 2016, Bayard Gontijo pediu renúncia do cargo de presidente da Oi. O período de comando do executivo havia se iniciado em outubro de 2014, com a renúncia de Zeinal Bava, que enfrentava conflitos com a Portugal Telecom. A posse de Gontijo representaria o "fim" do casamento entre as operadoras e a possibilidade de uma empresa brasileira possuir forte presença no exterior.

À frente da Oi, Bayard Gontijo tentou frear o aumento do endividamento que já se mostrava gigantesco quando assumiu o cargo. Os número de 2015 provam como a situação estava delicada para a operadora: as dívidas bateram a casa dos R$ 54 bilhões ao fim de um ano em que as receitas caíram. O prejuízo, que foi de R$ 4,5 bilhões em 2014, subiu para R$ 5,3 bilhões no ano seguinte. Esse é apenas um retrato básico da atual situação crítica pela qual a Oi está passando.

Governo preocupado

Diante da situação, e considerando a quantidade gigantesca de clientes que a Oi possui no Brasil, o Governo resolveu se pronunciar e destacar que está acompanhando de perto a situação. O ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, analisa relatórios emitidos semanalmente sobre a crise na companhia, que já foi considerada a "supertele nacional".

O Governo resolveu se pronunciar e destacar que está acompanhando de perto a situação

“Estamos atentos. É um dever da Anatel acompanhar e se posicionar, e o Ministério, nas suas responsabilidades, está acompanhando. O secretário de telecomunicações André Borges foi incumbido de fazer semanalmente um relatório para que possamos nos posicionar”, disse Kassab na quarta-feira (15) depois de participar de audiência pública na Câmara dos Deputados.

Porém, o ministro destaca que a situação, apesar de preocupante, não é tão crítica. Embora juridicamente viável, uma intervenção não é algo previsto pelo Governo, além de ser uma medida considerada inapropriada para o cenário atual.

O ministro destaca que a situação, apesar de preocupante, não é tão crítica

“A intervenção sempre que puder ser descartada é melhor. No caso específico, estaria mais vinculada a uma ação da Anatel, mas tenho certeza que também a Anatel, naquilo que puder fugir da intervenção, é mais saudável para nossa economia. A intervenção é juridicamente possível, mas vamos trabalhar, ou melhor até, vamos torcer para que não seja necessário”, disse o ministro.

Oi tentando não dar "tchau"

Através de um comunicado ao mercado – em resposta a uma cobrança da Comissão de Valores Mobiliários –, a Oi evita discutir a possibilidade de reestruturação judicial e defende que está buscando "uma renegociação da dívida de forma consensual com os seus credores". O pedido de renúncia do presidente no final da semana passada apenas aumentou os rumores sobre a situação caótica pela qual a empresa está passando.

Ainda no comunicado, a Oi nega que o bilionário egípcio Naguib Sawiris, dono da Global Telecom (ex-Orascom), tenha demonstrado interesse em fazer a aquisição da companhia. Flavio Nicolay Guimarães, diretor financeiro da operadora, também sustenta que a empresa vem realmente conversando com um grupo de credores com o objetivo de fazer a renegociação das dívidas financeiras.

O pedido de renúncia do presidente no final da semana passada apenas aumentou os rumores sobre a situação caótica pela qual a empresa está passando

"Ao longo destas conversas, as partes têm discutido e trocado propostas relativas aos eventuais termos de uma reestruturação de dívida, nas quais determinadas das condições referidas na notícia podem ter sido discutidas. Todavia, a Oi esclarece que não há, até o momento, qualquer formalização ou definição de nenhuma das partes sobre um acordo com relação aos termos de uma eventual reestruturação da dívida, a qual, além disso, estaria sujeita à concordância de outros credores com que a Oi também vem conversando", pontua o diretor financeiro da Oi.

E os clientes?

De acordo com o Governo, o fato de a Oi possuir tantos consumidores é o que motivou a pasta a ficar tão atenta à situação. Caso o cenário se mostre ainda mais nebuloso, é difícil dizer o que poderia acontecer com os milhares de clientes que atualmente dependem do funcionamento da companhia. Entretanto, Gilberto Kassab tentou fugir ao máximo da ideia de que haverá qualquer tipo de favorecimento à empresa nessa negociação.

“Apesar de defender esse modelo e todo o apoio que as empresas precisam para ter segurança de investir, quando a gente fala de BNDES são recursos públicos, portanto não posso defender que haja benefício, que haja favorecimento. Temos que encontrar o ponto de equilíbrio em que possa haver apoio, mas sem risco de beneficiar ninguém".

É difícil dizer o que poderia acontecer com os milhares de clientes que atualmente dependem do funcionamento da companhia

E destaca que “o nosso foco não são as empresas, mas os milhões de consumidores desse serviço. Estamos servido o país para atender os consumidores”. Porém, o ministro preferiu não comentar sobre a possibilidade de atuação da Telebras. A estatal poderia ser acionada caso necessário para "proteger" os quase 70 milhões de acessos de clientes da Oi. “Sou ministro de Estado e qualquer manifestação minha nesse sentido pode ser indicativo de que o Governo trabalha com essa hipótese ou não. Portanto seria totalmente inadequada uma manifestação minha nesse momento”.

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