A banda The Beatles se separou oficialmente em 1970, mas o quarteto britânico ainda assim ganhou um Grammy no último domingo (02). Além da questão das datas, a premiação tem uma curiosidade tecnológica adicional: foi a primeira faixa indicada e ganhadora a ser produzida com ajuda da inteligência artificial (IA).
Feita a partir de gravações antigas e modernas, a música Now and Then, lançada no final de 2023, foi a vencedora na categoria Melhor Performance de Rock. Os Beatles venceram artistas atuantes e populares, incluindo bandas como The Black Keys, Pearl Jam e Green Day.
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Esse é o oitavo prêmio Grammy vencido pela banda britânica, que na formação histórica teve Paul McCartney, John Lennon, George Harrison e Ringo Starr como integrantes. Destes, três deles também foram concedidos após o fim da banda — por uma antologia lançada em 1997 e o lançamento também remasterizado de "Free as a Bird" no mesmo ano.
Como a IA ajudou a criar uma música dos Beatles
Como o próprio baixista Paul McCartney explicou ao divulgar a faixa, a IA não foi usada para gerar artificialmente novos trechos ou criar conteúdos inexistentes e totalmente artificiais. Ele e Ringo são atualmente os únicos membros vivos da banda e participaram de todas as etapas de finalização e lançamento.
Neste caso, a tecnologia foi adotada em processos de recuperação de gravações: “Now and Then” foi escrita e gravada em forma de demo por John Lennon na década de 1970, mas não foi aproveitada na carreira solo do cantor. Paul, Ringo e George receberam a fita original e decidiram transformar a ideia em uma música quase vinte anos depois, gravando novos vocais e toda a parte instrumental.
O projeto foi paralisado e retomado apenas há alguns anos, quando uma tecnologia contemporânea virou aliada da banda. O mesmo processo usado pelo cineasta Peter Jackson (de O Senhor dos Aneis) para destacar as vozes dos músicos no documentário Get Back foi reaproveitado para isolar e "limpar" a gravação original de Lennon, com baixa qualidade e feita junto de uma melodia ao piano.
O recurso usa algoritmos próprios que extraem componentes de uma faixa de áudio, auxiliando no processo de remasterização de gravações antigas ou danificadas. Esse material foi então combinado com as contribuições dos demais membros, resultando em uma faixa “inédita” dos Beatles. O vídeo abaixo, que é uma espécie de making-of de todo o projeto, mostra na prática como o recurso funciona.
Apesar da vitória, o responsável pela própria entidade que cuida do Grammy já demonstrou preocupação com o uso de IA na música, em especial sem regulamentação, preocupações com direitos autorais ou criação de algo totalmente artificial — o que não se aplica ao caso de “Now and Then”, elogiado pelo próprio organizador.
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