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Grindr vai remover filtro que separa usuários pela etnia

Empresa confirmou que recurso será desativado na próxima atualização, como parte da campanha de solidariedade ao #BlackLivesMatter

Avatar do(a) autor(a): Nilton Cesar Monastier Kleina

02/06/2020, às 08:00

Grindr vai remover filtro que separa usuários pela etnia

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Imagem de Grindr vai remover filtro que separa usuários pela etnia no tecmundo

A plataforma de relacionamentos Grindr anunciou nesta segunda-feira (01) que vai remover uma das funções mais polêmicas do aplicativo. Na próxima atualização, o serviço não terá mais a opção de filtrar possíveis interesses pela etnia.

A decisão foi tomada em solidariedade aos protestos que ocorrem nos Estados Unidos em resposta ao assassinato de George Floyd, negro norte-americano morto no fim de maio durante uma abordagem policial. O caso gerou manifestações por todo o país e a reativação da campanha #BlackLivesMatter.

O filtro de etnia permitia que usuários indicassem que tipo de perfil mais os interessava. O recurso é alvo de críticas há anos, e a empresa chegou a cogitar a remoção, mas alegou que precisava conversar primeiro com a comunidade. Critérios de idade, peso e altura continuarão no ar.

"Nós nos posicionamos em solidariedade ao movimento #BlackLivesMatter e às centenas de milhares de pessoas queer e negras que logam em nosso aplicativo todos os dias. Nós não ficaremos em silêncio nem seremos inativos. Hoje, estamos realizando doações para o Instituto Marsha P. Johnson e para Black Lives Matter, insistindo que vocês façam o mesmo. Continuaremos nossa luta contra o racismo no Grindr tanto por diálogo com nossa comunidade quanto com uma política de tolerância zero com racismo e discurso de ódio na plataforma."

Segundo o site The Verge, a medida tem uma utilidade contestável. Remover o filtro não significa que as pessoas passarão a dar mais atenção para minorias antes ignoradas, já que elas ainda podem ser rejeitadas manualmente no aplicativo ou até pelo condicionamento do algoritmo da rede.

A plataforma já foi alvo de críticas por compartilhar dados sensíveis de usuários, incluindo status de HIV, além de apresentar algumas brechas de segurança.

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O TecMundo reprova qualquer ato de racismo e simpatiza com as causas que lutam pela igualdade de direitos para cidadãos negros, LGBTQ+, mulheres e outras minorias. Como veículo de comunicação, entendemos que é nosso dever dar visibilidade, dentro do nosso escopo editorial, a parcelas da população que, mesmo em 2020, precisam se expor e se posicionar pelo simples direito à sobrevivência. Na NZN, nossa empresa-mãe, diversidade é um dos valores institucionais, e acreditamos que é através disso que conseguimos cultivar a criatividade. A diferença deve nos unir, jamais nos separar.


Jornalista especializado em tecnologia, doutor em Comunicação (UFPR), pesquisador, roteirista e apresentador.