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Segurança

Homem que coagia meninas a se automutilarem no Discord é preso

Luiz Fernando Souza seduzia e ameaçava crianças de 12 anos em fóruns na internet e usava vítimas para zombar de policiais.

Avatar do(a) autor(a): Cecilia Ferraz

schedule16/12/2025, às 17:45

updateAtualizado em 16/12/2025, às 17:54

Um homem de 18 anos foi preso nesta semana após ser acusado de coagir meninas a praticarem automutilação. O pedido de prisão veio da Justiça de São Paulo, mas Luiz Fernando Souza foi detido em Agrolândia, no interior de Santa Catarina, onde os policiais apreenderam um computador e um celular que o rapaz usava para ameaçar meninas de 12 anos no Discord.

Os vídeos encontrados nos dispositivos do homem mostravam que as vítimas eram obrigadas a reproduzir símbolos como a suástica na própria pele. Além disso, havia imagens das crianças em posições de cunho sexual e até mesmo com o nome do delegado-geral de São Paulo, Artur Dian, e da delegada Lisandrea Salvariego, chefe do Núcleo de Observação e Análise Digital, marcados no corpo com navalhas. As jovens eram usadas para ameaçar e zombar dos oficiais.

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De acordo com a investigação, o criminoso não atua sozinho e a polícia suspeita que ele faça parte de um grupo maior. As autoridades afirmam que o acusado iniciava contato com as vítimas por meio de plataformas de namoro virtual e jogos online. Ele então conquistava a confiança das meninas, pedia que elas enviassem fotos íntimas e as ameaçava, as coagindo a se automutilar para que ele não publicasse as imagens.

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Luiz Fernando Souza. (Fonte: Metrópoles / Reprodução)

No celular de Luiz foram encontrados dezenas de contatos de meninas e seu computador tinha vídeos de menores de idade se cortando. A polícia estima que pelo menos 30 crianças foram vítimas desses crimes.

Discord já havia sido usado por outros pedófilos

Apesar da gravidade, casos como esse não são novidade no Brasil. Em junho de 2024, Pedro Ricardo Conceição da Rocha, conhecido como “King”, foi condenado pela Justiça do Rio de Janeiro por crimes de associação criminosa, estupro qualificado e coletivo, estupro de vulnerável e corrupção de menores. Assim como Luiz Fernando Souza, King também usava o Discord para incentivar crianças e adolescentes a cometer crimes.

King foi o criador e administrador do principal servidor do Discord investigado pela polícia. Ele chantageava e constrangia meninas a se tornarem escravas sexuais dos chefes dos grupos, que cometiam e transmitiam ao vivo estupros virtuais.

De acordo com a investigação da Polícia Civil do Rio, entre agosto de 2021 e março de 2023, King vendia ingressos para as transmissões dos estupros. Em uma das chamadas ao vivo, o criminoso obrigou um menor de idade a fazer cortes no próprio braço.

O servidor, controlado por Pedro, continha um temporizador de mensagens, que excluía os conteúdos após três ou quatro horas. Além disso, ele permitia piadas racistas, pornografia e cyberbullying, mas bania apologia ao nazismo por medo de “derrubar o servidor”. Ele foi condenado a 24 anos e sete meses de prisão.

Discord afirma colaborar com a polícia, mas sofre investigação

O Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad) apura informações sobre os crimes e monitora o Discord. Transmissões ligadas à King haviam sido denunciadas pela polícia à plataforma, que não atendeu a solicitação das autoridades de remover o servidor. Na época, o Discord afirmou que o pedido não era emergencial.

Após o descumprimento do pedido, as equipes do Noad elaboraram um relatório de inteligência que comprovava os crimes cometidos na plataforma.

"Sobre o incidente relatado pela Secretaria de Segurança Pública, o Discord conduziu uma investigação interna aprofundada e continua firmemente comprometido em aprimorar seus processos internos", afirmou a plataforma.

"O Discord reportou proativamente às autoridades, grupos e indivíduos envolvidos nesses tipos de conduta, assim como outros comportamentos que representavam risco à segurança de terceiros", concluiu em declaração.

Realidade Violada 3 expõe cibercrimes contra crianças

O terceiro episódio da série documental Realidade Violada do TecMundo tratou do modus operandi de criminosos que vendem, armazenam e produzem fotos e vídeos sexuais de crianças. 

Realidade Violada 3: Predadores Sexuais conta com depoimentos de vítimas, agentes de segurança e hackers que ajudam a combater crimes como esses. Confira, abaixo, o documentário que está disponível gratuitamente no YouTube.

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