Por onde anda o Kazaa?

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Quando você vai baixar músicas, imagens ou vídeos na internet, são inúmeras as opções de aplicativos P2P disponíveis no mercado – e só dar uma olhada na seção do Baixaki, sem levar em conta os que utilizam o sistema por torrent.

Mas no começo da década de 2000 as coisas não eram assim. O sonho de muito internauta era ter um programa que fosse capaz de intermediar o download desses arquivos, que concentrasse um potente sistema de buscas e, claro, um vasto acervo de artistas. Assim era o Kazaa, um nostálgico software que ajudou a construir a discografia de muita gente até sua decadência, há poucos anos.

Mas onde ele está hoje? E quais são as origens dessa ideia tão genial? O Tecmundo relembra abaixo o bom e velho Kazaa, um dos aplicativos mais famosos que já passaram por essa rede chamada internet.

Mas quem é esse mesmo?

(Fonte da imagem: Divulgação / Kazaa)

O ano era 2001. A Bluemoon Interactive, uma pequena empresa de software localizada na Estônia, não tinha nenhuma grande ambição, muito menos produtos de sucesso no mercado. Mas é desses lugares que surgem algumas das ideias mais geniais. O que a companhia criou foi um software que utilizava a ainda recente tecnologia P2P – o sistema de compartilhamento de arquivos em que o usuário é, ao mesmo tempo, servidor e cliente de conteúdo.

Nesse tipo de programa, enquanto uma pessoa disponibiliza uma discografia inteira de um artista para os demais, por exemplo, ela também pode baixar videoclipes fornecidos por outro membro da rede.  O nome da criação? KaZaA.

Logo após a finalização do programa, a Bluemoon o vendeu aos mesmos desenvolvedores que futuramente tornariam populares o Skype e o Joost, Niklas Zennström e Janus Friis – e eles acertaram neste caso também. Foi criada então a Sherman Networks, uma companhia para manter os direitos de uso do software.

Você se lembra dessa janela? (Fonte da imagem: Reprodução / Kazaa)

O momento era perfeito: no mesmo ano de 2001, o Napster, precursor na área de softwares P2P, perderia o direito de compartilhar músicas em MP3 sem o pagamento de direitos autorais. Alguém precisava ocupar seu lugar e havia um candidato perfeito.

A era de ouro

O domínio começou sem querer: alguns futuros usuários do Kazaa eram adeptos do Morpheus, outro popular software P2P que dividia o mesmo protocolo de compartilhamento, o FastTrack. Como a outra empresa não pagou as taxas de licença, bastou à Sherman tomar para si toda a rede – obrigando os usuários do Morpheus a migrarem para a concorrência. O caminho estava praticamente livre para um monopólio na área.

E o programa era um sucesso: mesmo em uma época de domínio da conexão discada, ao menos no Brasil, o Kazaa foi uma unanimidade durante anos. Muita gente deve se lembrar da demora em baixar coisas que eram consideradas “pesadas”, como músicas de mais de 5 MB ou até tarefas mais ambiciosas, como fazer o download de um vídeo. Ainda assim, os usuários insistiam no download, resultando em várias horas diárias conectados ao Kazaa.

Pedras no caminho

Assim como o Napster, o Kazaa nunca teve em sua história um período de paz judicial. Desde 2001, a indústria fonográfica pega no pé do software, alegando violação de direitos autorais ao disponibilizar conteúdo multimídia. Vários órgãos e gravadoras entraram na Justiça pelo mesmo motivo, mas nem todas receberam uma indenização. Os pagamentos quase quebraram a Sherman Networks, que não tinha mais condições de manter o programa funcionando fora da lei.

Em 2003, a RIAA (Recording Industry Association of America,a instituição que cuida dos direitos das gravadoras nos EUA) também entrou na briga, processando usuários que adquiriram um pacote considerado grande demais de produtos pirateados. Alguns deles foram condenados – e obrigados a pagar uma multa multiplicada pelo número de músicas baixadas.

Outro problema encontrado pelo Kazaa era o alto número de malwares contidos no programa. Na própria instalação, ao marcar uma caixa obrigatória para o prosseguimento do processo, o usuário aprovava também uma toolbar e outro programa intruso. Ao longo do tempo, vários outros adwares e spywares foram detectados. O alto número de conteúdos pornográficos e defeituosos começava a afastar os usuários.

Se você aceitar, prepare-se para os malwares. (Fonte da imagem: Wikipédia)

As famosas versões Lite do programa – que consistiam no mesmo software e acessavam a mesma rede de compartilhamento – não continham os malwares, mas não eram reconhecidas pela Sherman Networks.

Além disso, o mercado já não era exclusivo. Quando ficou óbvio que aquele ramo de atividades era altamente rentável, apesar de perigoso, uma enxurrada de softwares similares começou a pipocar na internet. Muitos deles, como o eMule e o Ares, eram mais leves, seguros e simplificados, além de contar com um banco de arquivos compartilhados muito maior. O reinado do Kazaa estava acabando, mas ainda viria um golpe final: a emergência do download via torrent. Não tinha como competir.

Que fim levou?

Se você acessar hoje o www.kazaa.com, vai tomar um susto: o domínio ainda oferece download de músicas. A diferença é que agora ele é um serviço legalizado e pago, oferecendo faixas dentro das leis da RIAA – a partir de US$ 9,99 mensais, você pode ouvir o volumoso acervo do site a qualquer hora. Vale registrar ainda que, com o tempo, a nomenclatura mudou do extravagante KaZaA para Kazaa, termo que usamos ao longo do artigo.

O Kazaa pago e dentro da lei. (Fonte da imagem: Reprodução / Kazaa)

A outra novidade é mais recente: buscando expandir a experiência musical de seus mensalistas, o Kazaa conta desde agosto deste ano com um aplicativo para iOS. O preço é o mesmo que o oferecido no site e é possível sincronizar as músicas obtidas no PC com o aparelho.

Já o Kazaa Lite continua funcionando normalmente, mas a rede de compartilhamento FastTrack está em seus últimos momentos de vida. Com uma base bastante minguada de conteúdo disponível, ele está muito longe de seus tempos de glória na internet.

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Apesar da decadência, não dá para negar: o Kazaa deixou um legado e originou uma série de programas similares – fora o fato de que, por vários anos, ele reinou como um dos melhores e mais famosos aplicativos na área de compartilhamento.

E aí, você era usuário do Kazaa? O que achava do programa? Ficou surpreso com o fim que ele tomou? Deixe seu comentário!

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