O público cansou de filmes de super-heróis?

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Imagem: Marvel Studios/reprodução

O ano de 2023 não tem sido gentil com os filmes de super-herói. Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania e Shazam: Fúria dos Deuses são considerados flops de bilheteria, e tiveram uma recepção mista por parte do público. Mas seria esse o início do fim da Era dos Heróis em Hollywood? Provavelmente não.

A verdade é que o público não está saturado de filmes de heróis. O público está saturado de filmes de heróis ruins e medíocres, e histórias que já foram contadas da mesma maneira há décadas, mas com uma nova roupagem.

Marvel e DC são mais do mesmo

É difícil culpar apenas Quantumania e Shazam 2. Verdade seja dita, Shazam: Fúria dos Deuses não é um filme ruim. Porém, é o típico filme com uma família cheia de poderes, que tenta se ajustar e se entender enquanto heróis, ao tempo que uma ameaça mitológica surge para acabar com o mundo, e o poder da amizade é capaz frear esse vilão.

Já Quantumania, embora mantenha esse arco de família, insiste em seguir mais uma receita de bolo que leva seus personagens para um novo e desconhecido mundo, onde os habitantes precisam se unir contra um tirano vilão, e cabe aos heróis recém chegados impedir que um plano maléfico seja realizado.

Quantumania e Fúria dos Deuses não são ruins, e até podem divertir o público, mas são produções tão genéricas que simplesmente não fazem sentido hoje. Se esses filmes fossem lançados em 2015, não somente a recepção geral quanto à qualidade seria melhor, como a bilheteria poderia alcançar números mais expressivos. O filme da Marvel não deve chegar nem perto dos US$ 500 milhões, e há dúvidas se o novo lançamento da DC chegará a US$ 300 milhões.

g  Warner Bros./divulgação 

Quando colocamos o orçamento base em jogo, o primeiro custou cerca de US$ 200 milhões, e o segundo, algo em torno de US$ 100 milhões. Assim, fica claro que tanto a Warner quanto a Disney vão ter um prejuízo dentro do seu ano fiscal.

Até mesmo produções de 2022, como Thor: Amor e Trovão e Adão Negro ficaram em uma saia justa. Por outro lado, Pantera Negra: Wakanda Forever (US$ 858 milhões) e Doutor Estranho: No Multiverso da Loucura (US$ 955 milhões) conseguiram bons números, embora o último tenha tido críticas mais fortes sobre o formato de filmes da Marvel.

É preciso mudar

Seja como for, o público não quer mais saber de histórias bobas, que seguem a mesma fórmula desde os anos 2000. O público quer histórias em que possam se relacionar, se emocionar, e que façam sentido dentro do nosso mundo. Por mais que filmes de heróis sejam completamente ficcionais, grandes obras se abraçam em aspectos sociais da vida real para criar um enrendo envolvente para o espectador.

The Batman foi extremamente bem elogiado por crítica e público, não somente por ser uma adaptação "pé no chão" do Cavaleiro das Trevas, mas por fazer com que haja um vínculo entre personagem e espectador. Por fazer com que haja uma construção palpável de uma história baseada em aspectos morais do ser humano.

Isso não significa que todos os próximos filmes precisem ser sérios e sombrios como The Batman. O próprio Batman v Superman (2016), de Zack Synder, prova que ser escuro e moralista não torna uma obra isenta de críticas, muito pelo contrário.

s  Marvel Studios/divulgação 

Vingadores: Guerra Infinita conseguiu aliar uma trama comovente com personagens caricatos e um roteiro engraçado. E ainda teve o mérito de construir um vilão com propósitos reais e muito palatável para o público. Claro, Guerra Infinita é a Parte 1 de uma construção de 10 anos da Marvel Studios, e é injusto realizar esse comparativo. Mas se Thanos fosse apenas um simples vilão comum com a intenção de "apenas" destruir o universo sem motivos maiores, esse filme seria tão bom?

Até mesmo The Boys, do Prime Video, conseguiu uma audiência gigantesca e se tornou um hit que nem a própria Amazon devia imaginar. Pesada, violenta, e super caricata, a série é um fenômeno que abriu mão de historinhas felizes e abraçou a bizarrice.

Multiverso da Fadiga

O que vem para os próximos anos não é tão animador. Desde 2018 a temática do Multiverso vem sendo explorada com filmes de heróis, como Homem-Aranha no Aranhaverso. Em 2021, foi a vez de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa. Em 2022, Doutor Estranho: No Multiverso da Locura. 2023 já teve Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania - que tecnicamente se enquadra nesse quesito - e ainda vai ter Loki e The Flash.

f  Warner.Bros/divulgação 

A Marvel está no início da chamada Saga do Multiverso, que deve continuar até Vingadores: Guerras Secretas em 2026 ou 2028, de acordos com rumores recentes, já que parecem haver planos para adiar o filme. Mais cinco anos de filmes praticamente iguais, e com a mesma proposta sobre realidade e universos paralelos.

No entanto, uma luz também começa a surgir. A Marvel vem adiando algumas produções internamente, e deve começar a lançar menos filmes e séries por anos. Nos últimos dias, inclusive, a Disney demitiu Victoria Alonso, produtora e presidente de pós-produção e efeitos visuais da Marvel Studios. A companhia vinha sendo duramente criticada por falhas em efeitos especiais em inúmeras produções, como Viúva-Negra, She Hulk, Ms. Marvel, etc.

a DC pode se renovar sob a chefia de James Gunn e Peter Safran. Gunn, responsável por Guardiões da Galáxia 1,2 e o vindouro terceiro filme, também já comandou o reboot de Esquadrão Suicida (2021).  Safran foi responsável por produzir o universo de Invocação do Mal com Jamesa Wan. A dupla, que agora será a cabeça do estúdio, tem um longo caminho a trilhar, mas há a expectativa de que finalmente adaptações melhores serão lançadas.

O mercado de filmes de herói não vai acabar. Pelo menos, não em um futuro próximo. No entanto, se a tendência de produções medíocres continuar, a próxima década deve ser decisiva para isso. Em Hollywood nada é hegemônico. Eras começam. Eras terminam.

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