Oscar: por que a premiação costuma ignorar filmes de terror?

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Imagem: Nope/Universal

Se você é fã de filmes de terror, já deve ter percebido algo: obras do gênero não costumam aparecer no Oscar. Conhecido por celebrar e premiar os melhores filmes de cada ano, o evento, considerado o mais importante e prestigiado do mundo quando o assunto é cinema, segue uma certa tradição de esnobar determinados tipos de produções. E isso não é algo recente, como prova a história.

Desde a criação do Oscar, em 1929, apenas 18 filmes de terror receberam indicações às categorias da maior cerimônia cinematográfica do mundo. Para a categoria de Melhor Filme, especificamente, que é a mais importante da ocasião, apenas 6 títulos de horror foram nomeados ao longo dos anos. Desses 6, apenas um venceu, que foi O Silêncio dos Inocentes (1991).

E, como eu sei que você está curioso para saber quais são os outros filmes de terror que chegaram pertinho de conquistar a alcunha de melhor filme do ano, aqui estão eles: O Exorcista (1973), Tubarão (1975), O Sexto Sentido (1999), Cisne Negro (2010) e Corra! (2017).

Dirigido por Ari Aster, Hereditário é considerado um dos melhores filmes de terror dos últimos anos, mas passou em branco no Oscar.Dirigido por Ari Aster, Hereditário é considerado um dos melhores filmes de terror dos últimos anos, mas passou em branco no Oscar.Fonte:  A24 

Mas por quais motivos, afinal de contas, o Oscar costuma esnobar filmes de terror? Será que há razões claras para isso? Tentamos entender o fenômeno e, agora, compartilharemos com você nossas conclusões neste artigo do Minha Série!

Oscar e filmes de terror não combinam?

Primeiramente, que fique claro que não há nada no regulamento do Oscar que fale, especificamente, sobre filmes de terror. Não há restrições ou distinções. Zero. O que nos leva a crer que as esnobadas às quais nos referimos neste texto teriam a ver com algo comportamental e, talvez, até cultural por parte da Academia.

Não é loucura dizer que, apesar de despertar muita curiosidade da audiência, produções de horror não são tão populares quando comparadas, por exemplo, a dramas, comédias ou filmes de ação. Nesse sentido, o Oscar estaria muito mais disposto a "privilegiar" gêneros de maior alcance e aceitação.  E há grandes nomes da indústria do entretenimento que partilham essa ideia.

Quem se pronunciou sobre o tema, por exemplo, foi o mestre literário do horror Stephen King, que teve vários de seus livros adaptados para as telonas. Em um tuíte de 2019, no qual o autor responde uma crítica sobre o fato de Florence Pugh não ter recebido uma indicação ao Oscar por sua atuação em Midsommar (2019), King fez questão de dizer, com todas as palavras, que o terror ainda é considerado um gênero periférico pelo evento. 

"É verdade. O horror é, normalmente, considerado um gênero periférico", afirmou.

Nesse sentido, se pararmos para analisar, já fazem 6 anos desde que um filme de terror apareceu na festa. Afinal, Corra! foi lembrado pela academia em 2017 e, desde então, nenhum outro longa deu as caras na premiação, que segue dando preferência para gêneros mais abrangentes (filmes de guerra e biografias também agradam bastante a celebração).

Nessa mesma linha de raciocínio, há ainda a teoria de que o Oscar preza pelo "prestígio". Ou seja, por narrativas grandiosas e emocionantes, como as que vemos em filmes de drama, por exemplo. E isso não estaria presente (pensando com as cabeças dos membros da Academia) em longas de terror, que teriam muito mais a ver com o chocante e o assustador.

Nós, de Jordan Peele, foi outro filme de terror celebrado por fãs, mas que foi esquecido pelo Oscar.Nós, de Jordan Peele, foi outro filme de terror celebrado por fãs, mas que foi esquecido pelo Oscar.Fonte:  Universal 

Indicar filmes tão disruptivos à cerimônia cinematográfica, portanto, não seria uma prática condizente com a cultura que a premiação cultiva desde sua fundação, que é a de celebrar obras de um determinado "calibre". Uma visão um tanto quanto antiquada, especialmente quando analisamos o quanto narrativas de horror evoluíram ao longo do tempo. Hereditário e Midsommar seriam belos exemplos disso, uma vez que não se apoiam apenas em sustos e cenas sangrentas. Muito pelo contrário, as utilizam como maneira de expressar determinados sentimentos e comentários pertinentes.

Problema interno da Academia?

Por fim, precisamos citar também a maneira como a Academia é composta e seleciona o que entra e o que não entra no Oscar. Como revela uma matéria da Variety, o processo não é altamente complexo, mas denuncia como falta diversidade de ideias.

Resumindo: existe um grupo seleto de vários profissionais da indústria cinematográfica que compõem a academia. Essas pessoas escolhem os indicados e, posteriormente, os vencedores do Oscar.

Para fazer parte da Academia, cada um de seus 9.300 membros precisou ser recomendado por outros dois membros, ou nomeado para um Oscar em algum momento. Até 2016, a associação à academia era vitalícia, bem como os direitos de voto. Por fim, todos os possíveis novos membros precisam ser aprovados por uma outra mesa de executivos.

Tudo isso indica, portanto, que, ao precisarem de apoio e aprovação de outros membros, novos integrantes da Academia apresentariam uma grande probabilidade de pensar igual, ou de forma similar, a quem já está lá. Afinal, quais seriam as chances de membros antigos procurarem por pessoas que não dividem suas visões sobe cinema? Pequenas, eu diria.

Assim, a academia manteria, ciclo após ciclo, um mesmo jeito de pensar e analisar cinema. Não haveria, em teoria, espaço para opiniões muito diferentes, que pudessem privilegiar obras e narrativas periféricas, como as de terror. E, mesmo que houvesse, a maioria, que gosta de indicar e premiar determinados gêneros, ainda prevaleceria. Lembrando, mais uma vez: em 94 anos de Oscar, apenas 18 obras de horror foram lembradas. 

Vale ressaltar, todavia, que tudo o que foi citado até aqui são apenas teorias. A verdade é que não há explicações claras para o terror ser esnobado pelo Oscar por tanto tempo. Esperamos, contudo, que isso possa mudar com o passar dos anos. Até lá, continuaremos mergulhando em narrativas assustadoras e intrigantes que, podem não ter estatuetas douradas, mas têm nossos corações!

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