Hellraiser (2022): filme de terror é bom? Uma grata surpresa! (Crítica)

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Imagem: 20th Century Studios

Vou começar este texto deixando um alerta bem importante aqui: se você encontrar um cubo misterioso por aí, por favor, não mexa nele. Porque, sem querer, você pode acabar abrindo um portal para uma nova dimensão, recheada de “prazeres” e “visões incríveis”.

Tudo bem, tudo bem, eu sei que, falando desse jeito, meu aviso não faz muito sentido. Afinal, quem é que não gostaria de abrir uma passagem para um lugar cheio de “coisas boas”, não é mesmo? Só que há uma pegadinha nessa história e, se você assistir o filme Hellraiser (2022), lançado em setembro, você vai entender exatamente meu alerta.

Aliás, esse reboot da franquia de terror Hellraiser, que teve início em 1987, tenta renovar um pouco das ideias trabalhadas no primeiro filme e ao longo da série. Mas as perguntas que ficam são: será que deu certo? Será que realmente vale a pena assistir Hellraiser (2022)?

Bem, fiz uma análise narrativa e crítica completa do novo filme de Hellraiser e vou te contar tudo o que eu achei. Vamos nessa?

O que é Hellraiser? (SEM SPOILERS)

Pois bem, Hellraiser (2022) tem a seguinte trama: uma jovem em recuperação do seu vício em drogas e álcool chamada Riley vive com seu irmão Matt, e o namorado dele, Colin. Até aí, tudo certo. Sem problemas ou capetagens aparentes. Contudo, por influência de Trevor, que é o namorado/ficante problemático da protagonista, Riley toma mais uma decisão errada em sua trajetória.

Juntos, eles resolvem roubar um galpão no qual são armazenados alguns itens valiosos de milionários. Lá, os dois se deparam com o famoso cubo mágico e amaldiçoado, mais conhecido como Configuração do Lamento.

Aquele mesmo que, quando resolvido, abre uma dimensão paralela no qual habitam os cenobitas, seres bizarros, deformados e assustadores, que são liderados pelo icônico vilão Pinhead.

Aliás, nessa nova obra, Pinhead é apresentado em uma versão feminina pela primeira vez na história, interpretada pela atriz Jamie Clayton (que fez um ótimo trabalho, diga-se de passagem).

Não preciso nem dizer que Riley resolve o enigma do cubo e desencadeia uma espiral de medo, violência e sangue, não é? Pois é. Agora, vemos o retorno dos temidos cenobitas e de todo o caos infernal que eles proporcionam.

Só lembrando que o longa, que é dirigido por David Bruckner, é um reboot, uma reimaginação do filme clássico de 1987, que abriu a franquia de terror, que, ao todo, já conta com 10 filmes

ATENÇÃO: A PARTIR DE AGORA, ESTE TEXTO TERÁ SPOILERS DO HELLRAISER (2022). NÃO CONTINUE SE VOCÊ AINDA NÃO ASSISTIU.

Riley, protagonista de Hellraiser, tenta desvendar os mistérios da Configuração do Lamento.Riley, protagonista de Hellraiser, tenta desvendar os mistérios da Configuração do Lamento.Fonte:  20th Century Studios 

Análise e crítica de Hellraiser (COM SPOILERS)

Pois bem, já começo afirmando que, sim, esse é um dos melhores filmes da franquia, desde o original, de 1987. E não porque o longa reinventa a roda, traz uma trama nunca vista antes no gênero de terror ou coisa do tipo. É justamente pelo contrário.

Hellraiser acerta porque mantém os elementos e parte das ideias da obra original, apostando na fórmula que já se provou eficiente e que conquistou os fãs da franquia. O que não significa que Hellraiser não tenha algumas novidades aqui e ali.

O fato de Pinhead ser, pela primeira vez na história, uma mulher, é um exemplo claro disso. Mas, no cerne, na espinha dorsal do filme, estão os componentes que fizeram os filmes originais serem tão celebrados.

E isso foi essencial para que esse reboot, que tinha tudo para ser um desastre, desse certo e recuperasse um pouco da reputação da franquia, que estava bem manchada. Dito isso, a estrutura da narrativa de Hellraiser é bem simples, com os três atos claramente definidos.

No primeiro ato, temos a famosa apresentação dos personagens, de suas relações e do universo, mas também já acompanhamos a primeira cena cabreira do filme, que já impõe o tom sombrio que a obra vai seguir. Estou falando da cena em que um jovem é atraído para a sala macabra de Roland (o verdadeiro vilão da trama), que, através da resolução do cubo, permite que o jovem sirva de “refeição” para os cenobitas.

Talvez esse início seja um pouco confuso para quem nunca assistiu Hellraiser e não conhece muito bem a franquia, o que poderia ser um erro narrativo, já que esse filme é um reboot e visa reapresentar a franquia.

Mas não foi o caso, já que tudo é bem amarrado ao longo da narrativa, sem deixar pontas soltas ou dúvidas para quem ainda não conhecia Hellraiser. Então, temos o ponto de virada para o segundo ato, que consiste na morte do irmão de Riley. A partir desse ponto, a protagonista começa a investigar o que aconteceu, qual é a relação do desaparecimento do irmão com o cubo e por aí vai.

E é nesse segundo ato que o reboot se reaproxima ainda mais dos primeiros filmes, já que a narrativa coloca de vez um pezinho nos gêneros investigativo e de suspense, que também são características importantes da franquia. Afinal, nem só de terror, violência e mortes vive Hellraiser.

Nessa investigação, vamos descobrindo, junto com os personagens, quem são os cenobitas, quais são as funções do cubo e os porquês de tudo aquilo estar acontecendo.

Até que, finalmente, surge um plot twist que configura o ponto de virada para o terceiro ato do filme, que é a revelação de que o namorado de Riley, Trevor, na verdade, estava trabalhando com Roland e induziu Riley a encontrar o cubo.

Ou seja, nada daquilo está acontecendo por acaso.

Pela primeira vez na história, Pinhead ganhou uma versão feminina.Pela primeira vez na história, Pinhead ganhou uma versão feminina.Fonte:  20th Century Studios 

Nesse último terço do filme, assistimos os desfechos dos personagens e temos o entendimento completo da obra, que amarra bem todos os seus nós. O que se deve, como ressaltei, à trama simples e à manutenção dos elementos essenciais da franquia.

Também me chamou a atenção como o filme desenha um contraste interessante em seu final, com Roland escolhendo “poder” como recompensa pela resolução final do cubo. O que faz pensar: bem, com poder, ele pode escapar dos cenobitas e se livrar daquele inferno todo.

Entretanto, como essas tais “recompensas” têm conotações completamente deturpadas, Roland é levado para o mundo dos cenobitas, onde ele mesmo se tornará uma dessas criaturas e passará a ter o tal “poder” que ele tanto deseja. Isso, inclusive, abre brecha para um segundo filme, já que Roland pode voltar numa sequência como um dos cenobitas. Quem sabe até o líder deles, não é mesmo?

Por outro lado, Riley não escolhe uma recompensa, já que ela percebe que esses “presentes” não passam de truques malignos. E, ao ganhar nada, depois de tudo o que ela passou, Pinhead explica para a garota que, na verdade, ela escolheu viver uma vida repleta de culpa.

Sim, ela fica livre dos cenobitas e do cubo daquele ponto em diante, mas não de si mesma, já que ela jamais esquecerá todas as pessoas que morreram e tudo o que ela passou para chegar até ali.

Gostei bastante dessa provocação, inclusive, que dá a entender que não só os cenobitas podem se tornar criaturas monstruosas, mas nós também, dependendo das escolhas que fazemos.

Por fim, destaco aqui as figuras dos cenobitas, que ficaram incríveis com seus efeitos práticos. São fantasias e maquiagens bem convincentes criadas pelo time de produção, e que nos trazem uma proximidade ainda maior com a obra e com a ideia de como esses seres seriam se existissem, de fato.

Sobre Jamie Taylor como Pinhead: sua atuação foi irretocável. Honestamente, não tenho nenhuma crítica ou ressalva. Seu semblante vazio, sua postura e voz assustadora não devem nada para o Pinhead original.

Conclusão

Então, resumindo esse novo filme da franquia Hellraiser para vocês:

É um reboot muito bem feito, que segue aquilo que o filme original tem de melhor, e representa um respiro muito bem-vindo para quem é fã da franquia e já tinha desistido dela depois de várias bombas lançadas ao longo dos anos.

É o melhor filme da franquia? Não. É melhor do que o original de 1987? Não. Tem alguns clichês? Sim. Mas é uma obra que consegue modernizar a franquia e reintroduzi-la ao público de uma maneira bem competente. O que abre espaço para novos filmes e, claro, novos fãs que ainda não conheciam essa história obscura e sensacional criada pelo lendário Clive Barker.

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Fontes

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