Trem-Bala é um clássico moderno da Sessão da Tarde (crítica)

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Imagem: Sony Pictures/Reprodução

Os filmes de ação nunca saíram e provavelmente nunca sairão de moda, provavelmente por serem as produções mais “fáceis” de se encaixar no estilo blockbuster de que temos notícia. Contudo, assim como acontece com filmes de super-heróis, por exemplo, o gênero acabou ficando saturado.

O público estava aparentemente cansado de longas-metragens genéricos de perseguições, explosões e tiros (exceto Velozes e Furiosos talvez), até que John Wick apareceu para refrescar um pouco as ideias. Dirigido por David Leitch, que inclusive foi produtor das obras de ação protagonizadas por Keanu Reeves, Trem-Bala surge para mostrar justamente que ainda é possível divertir o público com boas porradarias e muito humor.

E além de cenas de luta bastante empolgantes, Trem-Bala também traz histórias cativantes e personagens bons o suficiente para que o público se importe com o desfecho deles.

Treta no trem

Trem-Bala coloca um elenco estrelado de atores para brigar dentro do modal ferroviário super-rápido do Japão, que ultrapassa velocidades de 400 km/h. As brigas comem solta entre personagens como Joaninha (Brad Pitt), Príncipe (Joey King), Limão (Brian Tyree Henry), Tangerina (Aaron Taylor-Johnson), Kimura (Andrew Koji), Morte Branca (Michael Shannon) e Lobo (Bad Bunny).

No enredo, cada um deles tem uma missão diferente envolvendo uma maleta que está dentro dos vagões do veículo. Joaninha é o protagonista e está comprometido a realizar a missão de maneira pacífica, já que está trabalhando no autocontrole e quer deixar de ser azarado. Pórem, para que o filme existisse, as coisas não saem como esperado e ele acaba se deparando com vários outros assassinos profissionais.

A trama se desenrola de forma a unir as histórias de quase todos os personagens de uma forma bastante orgânica. Mesmo personagens que parecem mais descartáveis, aparecendo mais para o final do segundo ato, recebem um pouco de desenvolvimento e conexão com acontecimentos já narrados.

A construção dessa grande teia vai se desenrolando de maneira a ajudar o público a compreender os pontos de intersecção entre as narrativas. De certo ponto de vista, esse pode até ser um problema, já que o roteiro às vezes abusa dos flashbacks e dos momentos exageradamente explicativos para deixar o telespectador ciente do que está acontecendo.

Por causa do excesso de personagens na tela, a direção provavelmente optou por praticamente desenhar a trama para quem está vendo as correlações entre as histórias e as motivações de cada indivíduo, e esse pode ser considerado um ponto fraco para quem prefere que nem tudo seja entregue de bandeja.

Laranjinha e acerola?

Mesmo contando com um astro do quilate de Brad Pitt no elenco, que entrega bastante como um assassino profissional zen, a dupla de alívio cômico Tangerina e Limão rouba a cena. Como o nome dos dois pode sugerir, há dezenas de piadas envolvendo o conceito de frutas e a troca entre eles gera vários dos melhores momentos do filme.

A história de Tangerina e Limão tem um mistério relativo sobre a ligação entre eles e, mais para o final, o desfecho do assunto aparece em uma revelação bastante emocional. Tyree Henry e Aaron Taylor-Johnson entregam uma atuação bastante entrosada e mostram uma boa veia cômica, que consegue carregar o filme.

De comentários jocosos sobre o chefe que os contrataram para a missão até sequências de analogias com a animação Thomas e Seus Amigos (para quem não conhece, Thomas é um trem e fica aí a piada), a relação entre ambos evolui a ponto do telespectador se importar com o que acontecerá com eles.

Do outro lado, nós temos a personagem Príncipe. Com uma trama mais dramática, a personagem acaba ficando extremamente desinteressante, já que é uma das poucas que se leva a sério no meio da loucura dentro do trem-bala. Ligada ao principal antagonista da história, ela acaba despertando pouca ou nenhuma empatia, mesmo estando em cena até os momentos finais do longa-metragem.

O mesmo descompasso acontece com o personagem Kimura e seu pai, interpretado pelo excelente Hiroyuki Sanada. Tentando trazer um pouco da mesma profundidade de Príncipe, que também tem problemas paternos, o roteiro acaba deslizando, já que precisa se equilibrar entre as tiradas de Joaninha, Limão e Tangerina e os momentos que deveriam ser mais reflexivos.

Clássico da Sessão da Tarde

Trem-Bala é lotado de clichês e elementos mais básicos que compõem um filme. Estão lá as coincidências, o MacGuffin (objetos que movem a trama), vilões que adoram um discursinho e que gostam de explicar seus planos e até mesmo piadas estereotipadas. Contudo, tudo isso nem de longe faz com o que filme fique menos interessante.

Com o DNA e a influência de John Wick nas veias, incluindo a fotografia cheia de neon (já que a história se passa no Japão), o filme consegue divertir e impressionar pelas boas cenas de ação. No final das contas, o longa cumpre justamente o que promete: entregar um pouco mais de 2 horas de entretenimento com uma história divertida e takes de tirar o fôlego.

Apesar dos palavrões, que certamente serão cortados na versão para a TV aberta, o filme é um clássico moderno da Sessão da Tarde.

Aqui, cabe também um destaque importante para a versão brasileira. Reconhecidamente como uma das melhores do mundo, a dublagem do Brasil tem tudo para agradar até mesmo os fãs mais puristas de filmes legendados. O trabalho com as vozes é muito bom e a adaptação melhor ainda, com direito a referências até mesmo ao infame meme “Acorda, Pedrinho”.

O Minha Série assistiu à pré-estreia de Trem-Bala a convite da assessoria da PlayStation Brasil. O filme estreia hoje (04) exclusivamente nos cinemas.

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