Ultimamente venho insistindo em um ponto que considero fundamental: o hype da inovação acabou — e isso é ótimo. Nos últimos textos, tenho falado sobre como o discurso da inovação muitas vezes se distancia da prática e da importância de medir impacto real, não apenas iniciativas.
Recentemente, abordei também por que tantas empresas ainda tratam inovação como adereço, e não como ferramenta estratégica para gerar resultado. Agora, sigo no mesmo caminho: separar moda passageira de impacto real. E talvez esse seja o maior sinal de maturidade que o mercado precisa adotar daqui para frente.
Falar de inovação nos últimos anos virou quase um gesto automático no mundo corporativo. Todo ano surge uma tendência nova que promete transformar tudo. Muitas delas desaparecem rápido e deixam para trás aquela sensação de que se investiu tempo e dinheiro em algo que brilhou por pouco tempo.
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Não é à toa que vários labs e hubs ao redor do mundo têm sido fechados ou reduzidos, e que os investimentos para o setor são cada vez mais incertos. Um estudo deste ano da ThoughtLab para a SoftwareOne, com participação de 600 empresas ao redor do mundo, indica que 48% dos executivos não têm ou não sabem ainda se terão orçamento para sustentar o próximo ciclo de inovação.
Mas o problema aqui não é, nem nunca foi, a inovação. A dificuldade do mercado está em separar o que é moda do que realmente faz diferença para a empresa.
Impacto nenhum acontece no discurso e sim na prática, ou, mais especificamente, no caixa. Quando uma iniciativa não consegue mostrar onde cria valor, ela vira ornamento. O entusiasmo inicial se perde e o projeto some sem dar retorno. Vira um ciclo curto de interesse, sempre em busca do próximo anúncio que pareça moderno. É claro que isso acaba se tornando uma máquina de engolir dinheiro.
O primeiro passo para não cair nesse erro está na forma como o problema é definido. Organizações maduras não começam pela tecnologia e sim pela dor. Mapear ineficiências, perdas e gargalos evita que soluções bonitas ocupem espaço onde não há necessidade real.
Quando o foco está no benefício tangível, a escolha da ferramenta deixa de ser um espetáculo e vira simplesmente um meio para chegar ao resultado.
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Outro sinal de maturidade é a capacidade de medir. Ideias que prometem transformação precisam caber em números. Receita nova, redução de custo, aumento de produtividade ou mitigação de risco. Se nada disso muda, não houve impacto. Métricas claras funcionam como um filtro que impede que modismos ganhem espaço por brilho e não por entrega.
As empresas que mais crescem tratam inovação como parte do negócio, não um laboratório isolado ou algo a ser plugado de vez em quando em um ou outro departamento. Está junto das operações, das finanças e da estratégia. Precisa ser de forma integrada e buscar ganhos frequentes. Isso cria um ambiente em que testar é natural, mas validar é obrigatório. Só continua o que funciona.
O que separa moda de impacto é simples: você consegue defender com confiança, na frente do conselho da empresa, o que a inovação entregou? Se a resposta ainda depende de esperança, de “uma hora vai”, está na hora de ajustar o rumo. Quando a inovação vira resultado de verdade, ela deixa de ser tendência temporária e se torna motor de competitividade.
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