O CEO da Nvidia, Jensen Huang, foi bastante sincero ao comentar a atual disputa tarifária entre China e Estados Unidos. Durante um painel de uma conferência do Citadel Securities, o executivo reconheceu os pontos negativos das sanções comerciais envolvendo os países.
Segundo ele, a empresa passou de cerca de 95% da fatia do mercado local para uma ausência total de negociações com parceiros da região. "Em todas as nossas previsões, nós presumimos faturamento zero na China. Se alguma coisa acontecer lá, o que eu espero que aconteça, esse será um bônus", explica.
O descontentamento de Huang marca o novo capítulo da guerra comercial entre os dois países. Após sinais de que uma trégua se encaminhava em termos comerciais, o presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a ameaçar a China com novas tarifas e restrições e praticamente fez a situação voltar à estaca zero.
O executivo criticou a imprevisibilidade e possíveis prejuízos que empresas dos EUA — como a própria Nvidia — têm ao perder contratos importantes em áreas como chips para inteligência artificial (IA). "Não consigo imaginar nenhum legislador pensando que isso é uma boa ideia, que qualquer política que implementamos fez com que os EUA perdessem um dos maiores mercados do mundo”, afirma Huang.
- Leia também: Home office: 114 vagas para trabalho remoto [26/10]
Ainda sem mencionar nomes, ele reclamou de políticos que fecharam as portas para a China, o "segundo maior mercado de computação do mundo" e um "ecossistema vibrante" que está repleto de grandes cientistas do setor.
"Antes de adotarmos políticas que são danosas para outras pessoas, vamos dar um passo para trás e talvez refletir sobre quais políticas são úteis para a América (...) Eu acho que é um erro não ter esses pesquisadores [chineses] construindo IA com tecnologia norte-americana", disse o executivo.
O vai e vem dos chips de IA entre EUA e China
A guerra comercial e ideológica entre os dois países nos últimos anos trouxe consequências diretas para a Nvidia. Embora ela ainda seja a empresa mais valiosa do mundo pela participação como fabricante de GPUs para servidores de IA, o faturamento poderia ser ainda mais alto caso ela ainda estivesse presente no país asiático.
- Durante a administração de Joe Biden, as sanções comerciais contra a China já existentes durante o primeiro mandato Trump se intensificaram. A Nvidia teve a presença reduzida por lá após proibições do envio de chips avançados de IA para o país;
- No atual governo Trump, a Nvidia começou vista com desconfiança pelo presidente, mas aos poucos ele foi se aproximando de Huang ao perceber a força da companhia;
- Em abril de 2025, porém, a crise tarifária atingiu o auge com promessas de tarifas de mais de 100% para exportações e tributos adicionais para chips trocados entre os dois países — o que novamente prejudicaria a Nvidia;
- Como resultado do bloqueio, que tem como objetivo impedir que a China cresça em uma indústria tão aquecida, fabricantes locais intensificaram o desenvolvimento de semicondutores próprios para reduzir a dependência de marcas dos EUA;
- Para abrir uma exceção e permitir a exportação dos chips para a China, Trump impôs para Nvidia e AMD um imposto de 15% sobre toda a receita de vendas para o país asiático, em um termo aceito por ambas as marcas;
- As tarifas foram criticadas por Huang anteriormente, mas o CEO se aproximou do presidente e também elogiou o trabalho do político no geral. A Nvidia ainda se comprometeu a pagar pelos vistos de trabalho para funcionários estrangeiros, seguindo outra restrição protecionista dos EUA.
)
Será que estamos nos aproximando do estouro da bolha da IA? Saiba mais sobre o tema neste artigo do TecMundo!
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)