Startup brasileira que faria o 'maior drone agrícola do mundo' suspende projeto e demite 130 pessoas
Além de paralisar a iniciativa, a Psyche Aerospace demitiu 130 funcionários envolvidos na construção do drone Harpia P-71.

02/06/2025, às 11:00

Fonte: Psyche Aerospace/Divulgação
Desenvolvedora do “maior drone agrícola do mundo”, a Psyche Aerospace decidiu suspender o projeto, dispensando 130 funcionários que estavam envolvidos na construção do equipamento. A paralisação das atividades foi anunciada pela startup brasileira na última semana.
A empresa ganhou destaque com a promessa de criar uma aeronave não tripulada para aprimorar a eficiência das operações agrícolas. Batizado de Harpia P-71, o drone chegou a ser apresentado em feiras e eventos do ramo, resultando na captação de US$ 2,9 milhões em investimentos, ou R$ 16,5 milhões pela cotação do dia.
Quais são as características do maior drone agrícola do mundo?
Segundo a Psyche Aerospace, a ideia por trás do projeto é revolucionar a agricultura, usando tecnologias de ponta para aumentar a produtividade e a sustentabilidade no campo. Para tanto, ela desenvolveu o “maior drone agrícola autônomo do mundo”, com capacidade de pulverizar até 5.000 hectares em 24 horas.
- A aeronave tem um sistema de pulverização eletrostática que melhora a aplicação de defensivos e minimiza desperdícios, potencializando o controle de pragas;
- O Harpia P-71 possui motor híbrido, alimentado por etanol e eletricidade, com autonomia de 10 horas de voo;
- A capacidade de carga é de 400 litros de produtos para a pulverização de lavouras, de acordo com a startup;
- O modelo realiza voos autônomos, contando com tecnologias de IA e internet das coisas;
- Com design inspirado no avião militar Black Bird, o drone agrícola é construído com fibra de vidro e fibra de carbono;
- Ele tem 4,5 m de comprimento, 8 m de largura e pesa cerca de 280 kg.
Protótipos da aeronave realizaram testes de voo nas cidades de Caçapava e São José dos Campos, em São Paulo, e em Campo Verde, no Mato Grosso. A startup disse que os resultados foram considerados promissores, embora houvesse a necessidade de ajustes e experimentos mais extensos.
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A previsão era de que as primeiras unidades fossem entregues no segundo semestre de 2024, com a produção em larga escala começando a partir de abril deste ano. No entanto, nenhuma das etapas do cronograma foi cumprida e o projeto acabou paralisado.

O que deu errado?
Em postagem no LinkedIn, o CEO da Psyche Aerospace, Gabriel Leal, citou dificuldades relacionadas ao hardware da aeronave e a necessidade de novos aportes entre as justificativas para a suspensão da iniciativa. A empresa tentou abrir uma nova rodada de investimento no ano passado.
Como comentou o executivo, o desenvolvimento do drone Harpia P-71 exigiria um “investimento de tempo e recursos consideráveis, além de novos aportes de capital que levariam tempo para serem concretizados”. Dessa forma, a empresa optou por paralisar o projeto, neste momento.
Ao g1, Leal disse que os funcionários demitidos trabalhavam na divisão de hardware, atuando no desenvolvimento e fabricação de motores e componentes eletrônicos. Ele também garantiu que a aeronave não foi descartada, com o projeto se apresentando em estágio de “congelamento”.
Porém, não há uma data definida para a retomada da construção do drone agrícola autônomo, com a empresa aguardando o momento adequado para divulgar as atualizações sobre o caso. Ainda conforme o CEO, 30 funcionários seguem trabalhando na divisão de software e IA.
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Especialista em Redator
Jornalista formado pela PUC Minas, escreve para o TecMundo e o Mega Curioso desde 2019.