Terremoto em Taiwan poderia afetar o mercado mundial de chips?

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O maior terremoto dos últimos 25 anos atingiu a ilha de Taiwan na manhã de quarta-feira (3), no horário local, ou na noite de terça (2), do lado de cá do mundo. O tremor de magnitude 7,4 na escala Richter causou a morte de cerca de 10 pessoas e vários feridos, além de prejuízos financeiros, já que a ilha chinesa é o local de produção de quase 90% dos chips de última geração do mundo.

A Taiwan Semiconductor Manufacturing (TSMC) é a maior fabricante de semicondutores do mundo: produz chips para Apple, Nvidia e outras empresas. Com o terremoto, precisou interromper as atividades e evacuar fábricas, o que levantou preocupações na cadeia global de fornecimento e reascendeu o debate sobre a dependência de tecnologia chinesa.

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Taiwan também é a casa de outras empresas, como a United Microelectronics e a ASE. Todo esse poderio concentra fabricação de chips para celulares e automóveis. Lotes inteiros de semicondutores podem ser destruídos em um terremoto, por isso as fábricas contam com sistemas reforçados e encerra suas atividades automaticamente quando algo similar ocorre.

O terremoto de 7,4 graus na escala Richter fez com que fábricas da TSMC fossem momentaneamente paralisadas em Taiwan.O terremoto de 7,4 graus na escala Richter fez com que fábricas da TSMC fossem momentaneamente paralisadas em Taiwan.Fonte:  GettyImages 

Mesmo assim, um efeito cascata tem a capacidade de prejudicar tudo, como aconteceu durante a pandemia da covid-19. Com a China sendo o primeiro e principal atingido pela pandemia, o mundo passou por uma crise fortíssima, carente de semicondutores durante anos a fio, com a normalização chegando apenas em 2023. Assim, executivos da indústria buscam uma descentralização da produção.

Outros países querem descentralizar o mercado de chips

Tanto catástrofes naturais quanto conflitos militares - Taiwan luta por sua independência da China, o que pode descambar para problemas políticos - deixam integrantes da indústria e de governos preocupados. Com o acontecimento desta semana, já teve quem apontasse tal incômodo na cadeia de suprimentos, mesmo que com menos de dois dias de paralisação.

"Quando você olha para o lado comercial - isso afetará as receitas trimestrais? - é provável que não. Mas será uma verdadeira dor de cabeça para todos os envolvidos colocar essas coisas em funcionamento novamente", disse Dan Hutcheson, vice-presidente da empresa de pesquisa canadense TechInsights, à agência internacional de notícias Reuters.

Autoridades americanas querem que empresas do país e também de outros abram fábricas em diversos países, para evitar transtornos, como o terremoto que atingiu Taiwan ou conflitos políticos.Autoridades americanas querem que empresas de dentro e de fora do país abram fábricas em busca de mais soberiania no setor.Fonte:  GettyImages 

Mesmo que a TSMC esteja voltando ao normal, com inspeções avaliando os impactos do terremoto, a pressão por fábricas em outros locais segue firme e forte. Os EUA, por exemplo, querem que tanto empresas americanas quanto taiwanesas abram novas instalações em outros países.

A maior fábrica de semicondutores do mundo tem um projeto de expansão em andamento no Japão e nos EUA, mas isso leva tempo para atingir uma boa velocidade de produção. A Coreia do Sul, segunda maior região na produção de semicondutores e chips de alta performance, ainda está muito atrás dos da capacidade da TSMC - corresponde a quase 60% do market share global.

EUA e Europa esbarram em demora

Como construir fábricas é um processo lento, podendo tornar até os itens produzidos obsoletos, os norte-americanos buscam a solução mais prática: aumentar os investimentos. O presidente Joe Biden assinou, em 2022, o CHIPS and Science Act, para dar incentivos fiscais aos fabricantes, além de dar US$ 54,7 bilhões para programas de pesquisa e produção na Terra do Tio Sam.

Os Estados Unidos estão investindo pesado na produção local de chips para reduzir a dependência na tecnologia chinesa.Os Estados Unidos estão investindo pesado na produção local de chips para reduzir a dependência na tecnologia chinesa.Fonte:  GettyImages 

Quem também faz sua parte, mas com menos dinheiro para gastar, é a União Europeia, com The European Chips Act (ECA), sua própria versão da lei do chip. No Velho Continente, são US$ 45 bilhões para que pesquisadores façam seu trabalho e fabricantes coloquem os planos em ação. Isso vai para órgãos governamentais e empresas localizadas em países do bloco.

O Japão também quer estimular a produção local e, assim, injetou US$ 68 bilhões para desenvolver seus próprios semicondutores. Resumindo: até que todos esses investimentos se tornem algo concreto, Taiwain (e, em especial, a TSMC) tende a continuar como principal fornecedora.

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