99Food encerra delivery e restaurantes temem dependência do iFood

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Imagem: 99/Reprodução

A 99Food decidiu sair do mercado de delivery de comidas do Brasil. A empresa já começou a notificar restaurantes e entregadores parceiros que a partir de 28 de fevereiro irá encerrar os serviços.

Em comunicado, a empresa afirma que “irá encerrar a operação de intermediação de entregas com entregadores parceiros (modelo Fullservice), e portanto, a entrega será de responsabilidade do próprio estabelecimento".

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A plataforma operava em cidades como Belo Horizonte (MG), Curitiba, (PR), São Paulo (SP), Santos (SP), Goiânia (GO), Manaus (AM), Salvador (BA), Niterói (RJ), Fortaleza (CE) e Jaboatão dos Guararapes (PE).

99Food

A 99Food é um dos produtos da 99, que é mais conhecida pelo serviço de transporte particular. Disponível em centenas de cidades, a 99 é a principal concorrente da Uber no país.

Preocupação dos restaurantes

O anúncio da 99Food se soma a pelo menos outras três decisões de empresas de abdicarem de realizar serviços de delivery de comidas no Brasil. Em 2019, a espanhola Glovo se retirou do mercado justificando que “para obter sucesso [...] precisaríamos de mais investimento e tempo para penetrar, liderar e alcançar rentabilidade”.

No ano passado, um caso gerou grande repercussão. O Uber Eats parou de entregar refeições por aqui alegando que focaria nas entregas de supermercados e lojas especializadas — pet shops e comércios de bebidas, por exemplo. Antes mesmo do Uber Eats a plataforma Delivery Center já tinha desistido de operar.

E estas saídas causam “apreensão” no setor de restaurantes. Paulo Solmucci, presidente-executivo da Abrasel, pontuou que os empreendimentos estão desistindo por causa da impossibilidade de manter o negócio com a dominância do iFood.

Delivery

"Este mercado está cada vez mais concentrado e é urgente que o Cade [Administrativo de Defesa Econômica] decida sobre os processos envolvendo o iFood, sob pena de não termos concorrência, trazendo prejuízo aos que estão em posição mais frágil para negociar - os bares e restaurantes, cada vez mais dependentes de um único app de entregas”, alertou.

Solmucci se refere às reclamações abertas pelo Rappi e pela própria Abrasel no Cade contra o iFood. Em uma destas ações, as entidades reclamaram da dominância do iFood no país e de supostas práticas anticompetitivas que a marca adota.

O presidente da associação representativa sustentou que agora com a saída da 99Food do setor de entregas, o mercado brasileiro se encaminha para um monopólio que pode trazer “custos elevados tanto para o setor quanto para os consumidores”.

O que diz o iFood

O TecMundo entrou em contato com o iFood para verificar se a empresa se posicionaria sobre o assunto. Porém, a companhia não havia retornado o contato até o fechamento do texto.

[Atualização – 06/01/2023, às 13h22]: Em contato com o TecMundo, a 99Food explicou que não está deixando de atuar no mercado como plataforma de pedidos. Ou seja, os clientes ainda podem verificar restaurantes e pedir comida pelo aplicativo.

A empresa reforçou ainda que após mudança nos negócios, está deixando de fazer delivery com entregadores parceiros. A partir de 28 de fevereiro, serão os restaurantes que terão que buscar entregadores para levar os alimentos para os clientes.

A alteração faz com que a empresa deixe de atuar no modelo Full Service, que são empresas que além de oferecer a intermediação com o restaurante, oferecem motoboys próprios para entregar a comida.

[Atualização – 06/01/2023, às 18h52]: Em nota enviada ao TecMundo, o iFood rebateu as acusações da Abrasel. A empresa negou que os restaurantes possam ficar dependentes da empresa, já que o “WhatsApp e os canais de vendas próprios dos restaurantes representam ao menos metade do faturamento do delivery no país”.

“De acordo com levantamento realizado por instituto de pesquisa contratado pelo iFood, os aplicativos de delivery são responsáveis por apenas por 29,4% dos pedidos de entrega de comida feitos no Brasil”, acrescentou o app.

O iFood ainda acusou o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, de tentar “instrumentalizar a imprensa para disseminar inverdades sobre o setor de entregas de restaurantes e o iFood”.

Confira, abaixo, a íntegra do comunicado emitido pelo iFood:

"Lamentamos que, mais uma vez, Paulo Solmucci tenta instrumentalizar a imprensa para disseminar inverdades sobre o setor de entregas de restaurantes e o iFood.

As afirmações de que os restaurantes seriam dependentes do iFood e de que o setor seria dominado pela empresa estão equivocadas. Conforme já reconhecido pela própria Abrasel, o WhatsApp e os canais de vendas próprios dos restaurantes representam ao menos metade do faturamento do delivery no País. De acordo com levantamento realizado por instituto de pesquisa contratado pelo iFood, os aplicativos de delivery são responsáveis por apenas por 29,4% dos pedidos de entrega de comida feitos no Brasil.

O modelo full-service mencionado pela Abrasel representa apenas 38% dos pedidos recebidos pelo iFood. Ou seja, a grande maioria dos pedidos, assim como aqueles recebidos pelos demais canais de venda dos restaurantes, são entregues por entregadores contratados diretamente pelos estabelecimentos, empresas de entregas ou plataformas dedicadas a serviços de logística. Isso demonstra o dinamismo do mercado de food delivery no Brasil e das diferentes formas de competição nele existentes.

O compromisso do iFood é inovar para levar tecnologia e serviços melhores para os restaurantes que trabalham com a plataforma. E isso faz com que o iFood seja a plataforma mais bem avaliada do setor."

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