Startup de SP é acusada de promover racismo em dinâmica de grupo

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"Na última terça passei pelo pior processo seletivo da MINHA VIDA. Vou deixar registrado aqui tudo que passei e como essa recusa me deixou extremamente feliz de NÃO fazer parte dessa empresa que não deveria sequer existir." Assim começa o relato de Otávio Salles, de São Paulo, que acusa a startup de tecnologia Carupi, especializada na venda de carros usados, de promover racismo durante um processo seletivo por videochamada.

"No fim, nos foi dito que aconteceria uma dinâmica e que seríamos divididos em dois grupos. Um debate foi proposto: um grupo seria a favor e outro seria contra o tema oferecido. O tema? Cota racial. Eu? Time contra. É. Vai vendo...", complementa o profissional, destacando que as discussões se tornaram acaloradas durante a avaliação.

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"Fomos mandados pra uma sala virtual pra firmar nossos pontos por dez minutos e foi dada a largada pro show de horrores (detalhe: um coordenador ficava dentro das salas ouvindo tudo): 'se preto não consegue chegar nem no ensino médio, ele merece estar na faculdade?’; 'Brasil é país miscigenado, todo mundo é preto'; 'branco também sofre racismo, cadê a nossa cota?' e assim seguiu por dez longos minutos."

"Não é sobre eu ter ficado exaltado ou não. É sobre terem apostado num tema que não DEVE ser debatido ou não", defende o, então, candidato. "Debate é você não gostar de batata frita e eu de batata assada, que nos matamos discutindo sobre. Não tem como não levar pro pessoal. Não tem como não se revoltar. Uma garota do RH disse que era pra testar nossa inteligência emocional."

Não tem como não se revoltar. Uma garota do RH disse que era pra testar nossa inteligência emocional

"Pelo amor de Deus, pessoas que trabalham em RH, não precisa pensar mais de dois segundos pra entender como esse tipo de projeto é FALHO. É assim que você mede minha inteligência emocional? Sendo racista por meia hora?", questiona em seu perfil no Twitter.

Resposta do CEO e questionamentos

Em resposta às acusações, Diego Fischer, fundador e CEO da Carupi, declarou que a "intenção do processo é justamente selecionar pessoas que conseguem, apesar do desconforto ou de traumas da vida, considerar perspectivas diferentes das suas ainda que por 10 minutos", atribuindo a origem de diversos conflitos, incluindo guerras, à falta delas.

"Cuidado com comentários implicitamente ofensivos como o seu 'coordenador branco cis-hétero' que reforçam o discurso de ódio e de polarização", aconselhou a Salles. "O processo seletivo, em conclusão, funcionou perfeitamente para te filtrar e desejamos boa sorte na carreira."

Diego Fischer, fundador e CEO da Carupi.Diego Fischer, fundador e CEO da Carupi.Fonte:  Reprodução: Taba Benedicto/Estadão 

"Eu sinceramente não sei se o seu desenvolvimento intelectual é realmente pífio ou você é só desonesto mesmo", disse Otávio a Diego em seu perfil no LinkedIn: "Antes de dizer que não sou uma pessoa selecionável por não conseguir lidar com 10 minutos de racismo escancarado, segue uma parte do meu currículo de quando trabalhei em apenas 4 anos numa das maiores ONGs LGBTs do mundo: a Casa 1", citando uma série de atividades desenvolvidas com públicos vulneráveis.

Por fim, de acordo com o Otávio o caso deve parar na Defensoria Pública de São Paulo.

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