Facebook pode ter permitido à Netflix acessar mensagens privadas de usuários; entenda

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O Facebook permitiu que a Netflix acessasse as mensagens diretas de usuários, alegam demandantes de uma ação antitruste nos Estados Unidos. A rede social e a plataforma de streaming estabeleceram uma parceria que, além de supostamente expor a caixa de entrada dos usuários, também resultou no fim do serviço Facebook Watch.

A carta com as acusações foi apresentada em 14 de abril de 2023, mas só se tornou pública no último sábado (30). Nela, os demandantes acusaram a Meta de uma série de práticas anticompetitivas e solicitam que a corte dos EUA contate o ex-CEO da Netflix, Reed Hastings, para esclarecer fatos sobre documentos considerados relevantes para o caso.

O Facebook teria permitido que a Netflix lesse mensagens privadas de usuários. (Imagem: Getty Images)O Facebook teria permitido que a Netflix lesse mensagens privadas de usuários. (Imagem: Getty Images)Fonte:  GettyImages 

Segundo a ação, tudo começou em 2013, quando a Netflix começou a fechar acordos pelo "Facebook Extended API". A plataforma incluia uma variedade de ferramentas de monitoramento, estatísticas de uso e a "Inbox API", recurso que permitia o "acesso programático" às caixas de entradas de mensagens privadas de usuários do Facebook.

Em troca, a plataforma de streaming fornecia um relatório de audiência, cliques e recomendações ao Facebook a cada duas semanas.

Suspeita antiga

A suspeita de que o Facebook usava mensagens privadas para direcionar anúncios é antiga. Em 2018, a rede social afirmou ao site Vox que não utilizava conversas pessoais para recomendar publicidade, mas meses depois o The New York Times (NYT) descobriu que a plataforma concedeu acesso às caixas de entrada para a Netflix e o Spotify, permitindo que as empresas lessem, escrevessem e até apagassem mensagens de usuários.

Na época, os documentos encontrados pelo NYT apontaram que pelo menos 70 milhões de pessoas tiveram suas conversas expostas para as empresas. Quando questionadas, Netflix e Spotify disseram não saber que tinham acesso tão profundo aos dados dos usuários.

Fim do Facebook Watch

Além das permissões de acesso, a parceria entre a Netflix e o Facebook também teria ocasionado no fim do Facebook Watch, a aposta da Meta no mercado de streaming. O serviço foi inaugurado em 2017 e tinha como objetivo abrigar produções originais e conteúdo gerado pelos usuários.

Porém, com o tempo, a plataforma apresentou sinais de abandono e, em 2022, parou de funcionar de vez. O fim precoce teria acontecido devido a cortes de gastos e mudança de estratégia, mas a carta revelada no último sábado menciona que a decisão foi tomada para manter a relação amigável com a Netflix como anunciante da rede social.

A carta não serve como prova das intenções do Facebook ou da Netflix, mas revive a polêmica de que as companhias agiram nos bastidores para manter a própria relevância.

Meta nega acusações

A Meta negou ter dado acesso para a Netflix às mensagens privadas dos usuários do Facebook. O diretor de Comunicações da holding, Andy Stone, falou que as alegações eram “chocantemente falsas”.

“A Meta não compartilhou mensagens privadas das pessoas com a Netflix. O acordo permitiu que as pessoas enviassem mensagens a seus amigos no Facebook sobre o que estavam assistindo na Netflix, diretamente do aplicativo Netflix. Tais acordos são comuns na indústria”, defendeu Stone.

*Matéria atualizada em 02/04/2024, às 17:58, com o posicionamento da Meta.

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