Metade dos átomos da Terra podem ser de dados digitais em 2245

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Ainda que pareça algo imaterial, a informação virtual ocupa seu espaço. De acordo com a IBM e com outras empresas de pesquisas tecnológicas, cerca de 90% da quantidade de dados no mundo foi produzida na última década. Por isso, de bit em bit, pode ser que, em 2245, os átomos desse tipo de material ultrapassem o montante existente de todos os outros no planeta, respondendo por metade de sua massa.

Quem chegou a essa conclusão foi o físico Melvin Vopson, da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra. Sua análise partiu do princípio de que existem, hoje, aproximadamente 10^21 de bits de informações computacionais, enquanto nosso lar possui 10^50 de átomos. "É tudo o que produzimos coletivamente. Qualquer conteúdo digital gerado e armazenado por qualquer pessoa", explicou o cientista à Live Science.

Depois, Vopson projetou um aumento de 20% anuais, mostrando que a balança de átomos viraria em 350 anos. Entretanto, caso a taxa atinja 50% de crescimento também anuais, bastariam 225 anos para o fato acontecer. Antes desse cenário, a humanidade já teria de usar o equivalente a seu consumo energético atual somente para manter tantos zeros e uns. "A questão é: onde armazenaríamos tanta informação? Como a sustentaríamos?", refletiu o físico.

"Chamo a situação de uma crise invisível, já que, hoje em dia, trata-se realmente disso", ele disse.

Átomos de informações digitais superariam os outros em dois séculos.Átomos de informações digitais superariam os outros em dois séculos.Fonte:  Unsplash 

Malthusianismo digital?

Tais apontamentos consideram as formas de produção e armazenamento de dados atualmente disponíveis, sendo que novas surgem constantemente. A título de comparação, em 1798, Thomas Robert Malthus previu um cenário em que a população cresceria em ritmo acelerado, superando a oferta de alimentos, algo que não ocorreu devido à tecnologia. Mesmo Vopson sugere o desenvolvimento de meios não materiais, como hologramas, para dar conta da tarefa.

O físico não esclarece quais seriam as consequências dessa crise, mas comenta que, mesmo que toda a massa anual de dados produzida atualmente equivalha ao peso de um único exemplar da bactéria E. Coli, existe uma relação entre o apagamento de bits e geração de calor – o que, no futuro, representaria uma "catástrofe da informação".

Por outro lado, Luis Herrera, da Universidade de Salamanca, na Espanha, não parece estar alarmado: "Acho que enfrentamos problemas maiores do que esse."

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