'Pais da internet' se juntam para criar rede permanente e descentralizada

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Imagem: Security Ledger

Vint Cerf, que você vê na imagem acima, é um dos engenheiros mais importantes da história da internet: foi ele que, em 1973, ajudou a criar os protocolos que servidores jurássicos utilizavam para se comunicar de forma automática em rede. Tim Berners-Lee também dispensa apresentações, sendo o inventor do protocolo World Wide Web (WWW). Ambos já possuem décadas de serviços prestados à tecnologia, mas estão longe de pensar em aposentadoria.

Agora, eles têm uma preocupação diferente: que dados não possam mais ser lidos por conta do rápido avanço da tecnologia — e que muita coisa importante se perca no caminho. Você já parou para pensar em quantos arquivos em formatos antigos não podem mais ser visualizados? Ou disquetes que não são compatíveis com quase nenhuma máquina em atividade? Até Cerf diz que possui emails com décadas de vida que são um verdadeiro museu do início da internet, mas que se tornaram só um bando de códigos sem tradução em um cliente atual.

Até mesmo a ONG que mantém o site The Internet Archive, que preserva versões antigas de páginas e arquivos em domínio público, é limitada e pode deixar de existir algum dia, eliminando muita coisa valiosa.

A solução é dividir

Tomando como comparação o papel (escritos milenares sobreviveram preservados à ação do tempo), Cerf e antigos colaboradores estão trabalhando em busca de uma "web permanente" e descentralizada, que não tenha todo o conhecimento concentrado em um único lugar. Eles se reuniram em um evento chamado Decentralized Web Summit para iniciar as conversas e tentar tirar essas ideias do papel.

O Internet Archive ajuda, mas não é o suficiente

Uma das possibilidades já existe de forma embrionária: o Interplanetary File System (IPFS), formato de distribuição de arquivos que envia para cada participante do servidor uma cópia dos dados. Se alguém perder a máquina ou um servidor falhar, há sempre uma cópia de segurança pronta. Caso o objetivo seja buscar versões prévias de sites ou documentos, isso seria tão fácil quanto usar o Google hoje.

Muito trabalho pela frente

Implementar uma web em IPFS é tarefa árdua, a começar pelo fato de que os usuários precisam primeiro ter o software da plataforma instalado por padrão. Uma versão em JavaScript está em desenvolvimento para navegadores e pode ser a solução para esse problema.

Um desafio é fazer o usuário se importar e acreditar que essas informações merecem o registro

Outro problema: a quantidade de dados é absurda, já que não vemos só sites hoje, pois também são utilizados aplicativos, como o Facebook. E, segundo Cerf, temos que guardar determinadas coisas porque simplesmente não sabemos se elas serão importantes no futuro. Aí vem mais um desafio: fazer o usuário aprender a se importar e acreditar que essas informações merecem o registro, já que podem virar até documentos históricos.

Outros projetos, como Ethereum, ZeroNet e SAFE Network também buscam criar formas de construir uma rede que não dependa de um único servidor ou uma companhia gigante para operar. Para que essas empresas colaborem, pode ser necessário negociar com elas para que só certos dados sejam liberados aos usuários para gravação, por exemplo, mas isso já é um começo.

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