Internet.org: Facebook anuncia plataforma que quer democratizar a internet

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O Facebook acaba de lançar uma plataforma que promete levar a internet para as áreas remotas e de baixa renda em mercados emergentes. O Internet.org, iniciativa que teve apoio do governo brasileiro e quer democratizar a grande rede no mundo todo, passou por algumas polêmicas que envolviam acusações de que o projeto violava os conceitos da neutralidade de rede. No Brasil, a ideia também foi criticada por entidades que pediram o fim do acordo entre o país e o Facebook.

O lançamento do Internet.org foi acompanhado de um pronunciamento oficial de Mark Zuckerberg, que deu mais detalhes sobre o projeto e explicou as vantagens que os desenvolvedores e empresas vão ter ao aderirem à campanha. Segundo o criador do Facebook, a iniciativa vai impulsinar os esforços para conectar as pessoas do mundo todo.

A ideia do Internet.org

A iniciativa, lançada em nove países da África, América Latina e Ásia, conectou mais de oito milhões de pessoas à internet, e agora está aberta a todos os desenvolvedores que atenderem certas diretrizes. A ideia é simples: oferecer uma plataforma através da qual as pessoas possam criar sites fáceis de acessar por meio de dispositivos básicos e em situações que contem com bandas de conexão limitadas.

Esses sites, segundo Zuckerberg, deverão ser simples e eficientes quando considerado o consumo de dados, para que as operadoras – em “parcerias não-exclusivas” – possam oferecer esse serviço de forma gratuita e de forma econômica e sustentável. A princípio, as páginas não pagarão para serem incluídas no esquema, tampouco serão cobrados dos desenvolvedores que queiram criar conteúdo nesse formato.

Mark Zuckerberg.

"Tínhamos que começar de algum lugar", afirma Zuckerberg. "Então lançamos [o projeto] com alguns parceiros que queriam trabalhar com a gente nessa missão de conectar o mundo. Mas iremos trabalhar com qualquer um que queira se juntar a nós... Logo iremos compartilhar uma especificação técnica aberta, e qualquer serviço compatível estará disponível por meio do Internet.org em todo o planeta. Isso dará às pessoas ainda mais escolha e serviços grátis”.

No vídeo, o criador do Facebook explica que a escolha inicial de oferecer uma pequena gama de serviços no Internet.org se deu por causa de decisões práticas. Afinal, segundo Zuckerberg, “não é sustentável oferecer a internet toda de graça”, pelo menos por enquanto. Em fevereiro, a rede social havia fechado uma parceria com a empresa Reliance Communications para lançar a plataforma na Índia.

  1. Dois terços da população mundial, quatro bilhões de pessoas, não têm acesso à internet, mesmo que a maioria viva em áreas que contenham cobertura de celular;
  2. Os dois principais obstáculos são o alto custo da conexão e a falta de conhecimento sobre os benefícios que a conectividade pode trazer;
  3. A Internet.org é uma iniciativa liderada pelo Facebook para contribuir para que essas barreiras sejam superadas, permitindo que milhões de pessoas possam descobrir a internet;
  4. Conectividade significa acesso à informação e tem o poder de transformar a vida das pessoas, dando voz e oportunidades ilimitadas a centenas de milhões de pessoas em nossa comunidade global;
  5. Trabalhando ao lado de empresas, governos e operadoras, a Internet.org oferece uma gama de serviços úteis e gratuitos na internet, em áreas de saúde, educação, empregos, notícias e troca de mensagens;
  6. A iniciativa Internet.org já está transformando o mapa global de conectividade. No último ano possibilitou que sete milhões de pessoas se conectassem, a maioria em economias emergentes;
  7. Hoje a Internet.org estão disponível para 800 milhões de pessoas em nove países: Zâmbia, Tanzânia, Quênia, Colômbia, Gana, Índia, Filipinas, Indonésia e Guatemala. A Colômbia foi o primeiro país da América Latina a integrar a Internet.org em janeiro deste ano;
  8. O aplicativo da Internet.org foi desenvolvido para rodar em todos os tipos de celulares, incluindo smartphones e dispositivos com recursos mais limitados. Não há anúncios na versão do Facebook disponível na plataforma Internet.org;
  9. Para que as pessoas possam acessar mais serviços, abrimos as especificações do aplicativo para que desenvolvedores de todo o mundo possa criar conteúdo úteis e relevantes para a Internet.org. Assim, as pessoas poderão ter mais opções do que ver e fazer online. A Internet.org também não é exclusiva a apenas uma operadora de telecomunicações. Queremos trabalhar com o maior número de parceiros para ampliar a conectividade;
  10. A iniciativa Internet.org também pretende chegar aos pontos mais isolados do mundo, utilizando veículos aéreos não tripulados movidos a energia solar e tecnologia laser para levar a internet a locais remotos.

As críticas

Apesar das boas intenções dessa plataforma, empresas do comércio eletrônico e desenvolvedores de conteúdo abandonaram a iniciativa depois que ativistas alegaram que o serviço fere os princípios da neutralidade da rede – conceito que defende que todos os sites sejam tratados da mesma forma na internet.

Nikhil Pahwa, voluntário de um grupo de campanha que apoia a neutralidade da rede, defende que a Internet.org causará uma mudança permanente na maneira como a internet funciona: "Demos ligações gratuitas ilimitadas para as pessoas? Então qual o motivo dessa abordagem quase paternalista com a Internet? Você deixa outras companhias e o uso mais amplo da Web em desvantagem".

"Dois terços da população mundial não está conectada à internet".

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A plataforma acaba de ser oficialmente anunciada e agora conta com o apoio de desenvolvedores e empresas que queiram criar conteúdo para o serviço. Ainda é cedo para termos certeza, mas como será que internet vai reagir diante dessa iniciativa? Seria esse o início da democratização ao acesso à grande rede? Ou o começo de um monopólio irreversível?

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