RoboCop de verdade: os policiais androides em desenvolvimento no mundo real

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"RoboCop", remake de 2014 dirigido pelo brasileiro José Padilha. (Fonte da imagem: Divulgação/Sony Pictures)

Um dos personagens mais clássicos do cinema de ficção científica, o RoboCop voltou à tona em 2014 com a refilmagem comandada pelo diretor brasileiro José Padilha. Tanto no filme original de 1987 quanto no que chegou aos cinemas neste ano, o policial Alex Murphy sofre um grave acidente e sua vida “é salva” graças ao projeto que faz dele o primeiro policial androide do mundo.

Guardadas as devidas diferenças entre as duas produções, o cerne da história acaba sendo o mesmo: a mistura de homem e máquina para criar um ciborgue capaz de combater o crime. Em ambos os filmes, porém, o uso de robôs para a imposição da lei vai além do Policial do Futuro, estando presente também em outras máquinas inteligentes e até mesmo drones (aviões não tripulados).

É bem provável que você não vá ver tão cedo algo com a mesma tecnologia de RoboCop patrulhando uma rua ou perseguindo bandidos em becos escuros, mas atualmente existem alguns projetos visando uma dar uma ajuda robótica no combate ao crime ou mesmo na realização de guerras pelo mundo.

Telebot para policiais deficientes

Um dos projetos do gênero envolve a parceria entre homem e máquina desenvolvido na Universidade Internacional da Flórida, nos Estados Unidos. Um grupo de pesquisadores trabalha no desenvolvimento de (até agora apenas) dois robôs para o Instituto para a Cognição de Humanos e Máquinas (IHMC na sigla em inglês).

A ideia central do projeto é devolver policiais e soldados deficientes à ativa. Oficiais que sofreram acidentes ou se machucaram em combate se ligariam a robôs teleguiados chamados de TeleBots, controlando-os para a realização de patrulhas. O homem por trás da máquina estaria equipado com sensores e até mesmo com um Oculus Rift, como pode ser visto neste vídeo.

(Fonte da imagem: Reprodução/Wired)

“Com TeleBots, um policial deficiente será capaz de realizar muitas — senão a maioria — das funções de um oficial normal: interagir com a comunidade, patrulhar, responder a chamadas telefônicas”, garante Jeremy Robins, tenente-comandante em reserva da Marinha dos Estados Unidos, apoiador do projeto.

A base para a criação do IHMC são dois robôs emprestados do projeto Robô-Guerreiro Urbano (UWR), um programa de US$ 2 milhões da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA). O objetivo final do projeto é criar robôs para policiamento comunitário em espaços públicos de alta densidade, bem como aumentar a vigilância em áreas específicas, como portos ou instalações nucleares.

Vigilante robótico

A startup Knightscope, do estado da Califórnia, Estados Unidos, revelou no último mês de dezembro o primeiro protótipo do seu robô K5 Autonomous Data Machine. O robozinho, que lembra bastante o personagem R2-D2 de “Star Wars”, foi desenvolvido para fazer patrulha em bairros e está equipado com uma série de capacidades sensoriais, como olfato, tato, visão e audição.

Segundo o site oficial da empresa, o K5 será capaz de “prever e prevenir o crime em sua comunidade”, dando a ele o ar sinistro da Divisão Pré-Crime, do filme “Minority Report”. Ainda de acordo com a página da Knightscope, o equipamento usa uma combinação de robôs autônomos e análises preditivas, que coletam dados importantes em tempo real por meio de inúmeros sensores.

(Fonte da imagem: Divulgação/Knightscope)

O robô “imponente, mas amigável”, segundo a companhia, processa tais dados por meio de motores de análise prévias, combinando as informações com dados de empresas, governo e até mesmo oferecidos pelas pessoas, classificando assim um nível de alerta para o evento. Nesse instante, ele notifica as autoridades responsáveis sobre uma possível ameaça.

A partir disso, todos os sensores do K5 são ativados, permitindo que a comunidade a qual ele pertence possa contribuir com informações em tempo real para as autoridades.

Nem tão RoboCop assim

Ciborgue pode ser definido como mecanismo composto de partes orgânicas e mecânicas, ou seja, o RoboCop pode ser considerado um exemplar do gênero. Androide, entretanto, é o termo usado para designar robôs de aparência humana — então, podemos afirmar que os dois exemplares citados neste texto se encaixam nesta definição.

Partindo dessa premissa, a questão que fica é: por que ainda não chegamos a um protótipo semelhante ao do cinema? Apesar do uso ostensivo de drones pelo exército dos EUA em países como Iraque e Afeganistão, há algumas questões que ainda impedem que vejamos ciborgues substituindo policiais de fato.

(Fonte da imagem: Divulgação/Sony Pictures)

O engenheiro eletricista e professor de neurociência da Universidade do Arizona, EUA, afirma que a questão das baterias para um policial-robô é a limitação primordial. “Para criar um RoboCop de verdade como você vê no cinema, você precisa de uma fonte de poder bastante compacta que vai ligar todos aqueles motores o dia todo — não parece que o RoboCop tem que ser plugado a cada hora”, comenta o professor em entrevista à Wired.

E convenhamos que energizar um robô como o do cinema acaba se tornando o menor dos empecilhos. Questões como desenvolvimento de próteses e implantes cerebrais capazes de colocar um cérebro humano no comando de partes mecânicas, como se elas realmente fossem partes orgânicas, parecem ainda mais complexas de serem solucionadas no momento.

O que pode vir por aí?

Recentemente, um estudo desenvolvido por uma equipe científica na Europa mostrou um protótipo de mão biônica capaz de reproduzir a sensação de tocar em objetos. Técnicas neurofisiológicas, como a eletrocorticografia, que adiciona eletrodos na superfície do cérebro para monitoramento, algo semelhante ao que se vê no RoboCop de 2014, também já são vistas na atualidade.

Quem sabe em algum ponto da História a humanidade dê um jeito de misturar tudo, criando um ciborgue como o da ficção. Mas esse tipo de mistura, assim como o desenvolvimento de mecanismos com inteligência artificial, sempre traz consigo uma aura de insegurança, o que não é ruim, visto que pode ajudar a levar em conta questões como privacidade e segurança ou mesmo dilemas morais e éticos ao se usar isso em uma guerra.

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